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As Galvão na Jornada de Letras de 2001 na UMC

 " - Tatiana, me espera que hoje vou te levar em casa e quero conversar com você, me disse com o mesmo sorriso cativante minha Professora de Língua Portuguesa da faculdade Vera Lúcia 

Fiquei imaginando qual seria o tema da conversa, afinal como era de praxe nos dias em que ela dava aula eu tinha minha carona garantida: minha Mestre, morava no final da rua da minha casa e me dizia que era perigoso andar pelo bairro (tranquilo ainda naquele tempo) depois das 22 horas.

Como as conversas sempre eram leves e divertidas, a aguardei ansiosamente na porta da sala dos professores e ela animada tirando as chaves do carro da bolsa me disse : vamos que preciso te pedir algo.

Já estávamos em estado de graça porque depois de anos aconteceria a Semana do Curso de Letras : com peças teatrais, palestras, rodas de leitura, análises, saraus - tudo que quem ama o mundo da nossa língua materna anseia na vida.

"Teremos uma surpresa no encerramento da nossa Semana: As Irmãs Galvão farão uma apresentação no Teatro do Bezerrão!!!", me contou com os olhos brilhando.

Uma outra irmã da dupla, era aluna  alguns semestres antes do meu, teria pedido que as irmãs participassem do evento e elas toparam.

 Eu já estava terminando o Curso, e teria de trabalhar no evento para garantir algumas horas de aula/atividade- coisa  que pra quem gosta de um evento seria muito "difícil".

" Quero te pedir algo: você será responsável por cuidar dos shows de encerramento, em especial pelas irmãs Galvão. Como já conhece o técnico de som do teatro e é comunicativa vai conseguir ajudar no que for preciso," me pediu minha professora.

Feliz da vida aceitei o desafio: no sábado do encerramento lá estava eu, a postos para receber Mary e Marilene Galvão e o Maestro Mario Campanha no estacionamento da Universidade. 

Me apresentei (usava um crachá de identificação) mas assustadas com minha altura carinhosamente me apelidaram de "Grandona". As conduzi até o camarim do "Bezerrão" e junto ao Maestro cuidei de transportar os instrumentos e fazer a "ponte" entre ele e o técnico de som. Elas ainda brincavam :" não vá perder "nosso marido" Grandona, já que Mario, casado com Mary há anos era o músico que as acompanhava.

Dali da coxia agachei e fiquei admirando o Teatro lotado ( porque a notícia do show se espalhou como fogo em pólvora) e pensando em quanta história aquele trio carregava. Enquanto isso cantava com elas canções como Chalana, Beijinho Doce e Cabecinha no Ombro.

Mentalmente agradeci por poder participar daquilo tudo. Me encantei com a  simplicidade de uma dupla que junto com Inezita Barroso, Cascatinha e Inhana, Rolando Boldrin, Pena Branca e Xavantinho e outros nomes abriram as portas para a música caipira, base de outras duplas que surgiram depois.

Dia desses as vi num programa transmitido pela TV Aparecida, e hoje Marilene que tem Alzheimer continua cantando com a irmã, e informando ao público sobre como tratar e conviver com a doença.

Ontem, logo pela manhã, recebi a notícia da passagem de minha Mestre Vera Lúcia Meira Magalhães. A fundadora da Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras ( AMHAL) nos deixou além dos ensinamentos, alegria, amor, carinho e me proporcionou este momento que guardarei para sempre em meu coração.



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