Fotos: arquivo Carlos Mello
Ou quem nunca ouviu um amigo ou amiga na maior animação "trocando de biquíni sem parar" na dançante Noite do Prazer do Claudio Zoli, quando na verdade a letra diz " Tocando B.B King sem parar" ?
Pois lá pelos idos de 2003 dois amigos criaram um blog chamado Virundum, que trazia pérolas e convidava as pessoas a escreverem as suas confusões musicais.
O blog virou página no Orkut, rede social popular na época e não tinha como não cair na gargalhada com os erros como a famosa : " Ao sair do avião, zum de besouro", do Djavan - " Açaí guardiã, zum de besouro,um ímã".
Alguns mais empolgados juravam que a Blitz, já ousada na sua essência cantava "quero passsar nú e quente com você". O refrão de fato dizia " um WEEKEND com você".
Porém poucos sabem que o Virundum ou Tiocidade tem um significado : trata-se da percepção imprecisa de uma frase ou de um conjunto de palavras que são trocadas por uma homofonia (sons semelhantes).
Virundum foi uma criação de Paulo Francis no tablóide O Pasquim, como uma brincadeira devido aos erros cometidos ao se cantar ( o dificílimo) Hino Nacional Brasileiro " O Virundum Ipiranga".
Fui conversar com a jornalista e cantora Sabrina Pacca que com o marido, músico Ênio Lobo passou alguns apuros na noite de Mogi das Cruzes por conta dos "virunduns" do público.
" Um dia recebemos um bilhete pedindo para que tocássemos Enquanto. Ficamos quase a noite toda tentando saber que música era. Até que ele cantou um pedaço : enquanto você se esforça pra ser...- ou Maluco Beleza de Raul Seixas", se diverte a jornalista.
Outros pedidos inusitados foram Honda ( não era um jingle e sim Ronda de Paulo Vanzolini) e a troca Chão de Liz ou Flor de Giz.
O músico mogiano Carlos Mello também já passou por situações inusitadas e coleciona alguns bilhetes como o pedido de Rita do Raul Seixas ( Gita); Telegrama do Zecabalheiro ou Zecavalheiro (Zeca Baleiro); A Pele de exu ( La Belle de Jour, Alceu Valença) ou É difícil do Zé Ramalho .
" A pessoa mandou o bilhete e eu brinquei não, não é difícil não, Zé Ramalho é fácil de tocar. A pessoa insistiu na música é difícil, então raciocinei uns 10 segundos e lembrei da música - tá vendo aquele edifício moço...", lembra o músico.
Era a belíssima canção Cidadão, do Zé Geraldo, também gravada por Zé Ramalho. Mas as confusões são piores ainda se a música é cantada em inglês como aquela do " Oh Richard Gere" ( Wish you were here, Pink Floyd).
E se o notívago está um pouco além do limite no álcool a situação pode ser pior : ainda mais quando a canção pedida tinha como pano de fundo um amor do passado:
" Um camarada que estava bêbado me mandou um bilhetinho assim : Carlão, toca a História de John. Eu cantei "Comentário a respeito de John" do Belchior, achando que cantava a música certa.", conta Carlos.
O rapaz totalmente alterado começou a cobrar aos gritos:
" Carlão, pô, não tocou minha música!!!- gritei de volta qual seria a música dele, que insistiu na História de John.
Carlos respondeu que já tinha tocado, e ainda lhe perguntou se não era a do Belchior e o moço totalmente embriagado respondeu:
" Não, é a História do John, do Bee Gees, canta aí, Pô!"
Mello pediu a ele para repetir isso, por umas três vezes o título em Português de uma música que na verdade em Inglês era :"I started a Joke ".
"A música tinha para aquele homem um significado romântico. Uma ex-namorada a cantava nas casas de karaokê da cidade."- diverte-se Carlos Mello.
E vocês?
Têm algum virundum pra cantar, ou contar?
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