A importância da música no tratamento do Alzheimer

 

Foto: Platea Magazine

Há um mês aproximadamente um vídeo publicado na página Música para Despertar (@musicaparadespertar)  no Instagram causou  grande  comoção nas redes sociais. Uma senhora sentada em uma cadeira de rodas com fones de ouvido começa a reagir à musica colocada por seu terapeuta : Lago dos Cisnes de Tchaikovsky. Ela, até então inerte começa a mover os braços no ritmo da música com  movimentos que como num passe de mágica voltam ao seu corpo.

Ao mesmo tempo, o vídeo editado mostra as imagens de uma bailarina reproduzindo a coreografia do ballet. Na legenda é explicado que a senhora do vídeo é Marta González, primeira bailarina nos anos 60 do Ballet de Nova York e que na época em que a filmagem foi feita tinha Alzheimer. 

O Alzheimer de acordo com a psicóloga clinica e neuropsicóloga Rita Miranda numa metáfora, é como curtos circuitos que fazem oscilar a energia dificultando a iluminação - ora a lâmpada acende, outra apaga.

" O fluxo de energia permanece quando uma ativação ocorre, sendo assim a atenção é a energia que influencia a ativação da memória - quanto melhor o desempenho do pensamento, melhor será a atuação dos recursos naturais do pensar.", explica.

Segundo Rita  muitas atividades podem proporcionar qualidade de vida aos idosos e devem ser incluídas em suas rotinas por meio de intervenções que provoquem atenção e envolvimento além de estímulos que influenciem a ativação da memória.

"A música é um dos benefícios para o tratamento da doença de Alzheimer em todas as fases. Observa-se nos idosos que a ela provoca um interesse em se relacionar, interagindo com o momento diante da estimulação proposta, promovendo a satisfação que é expressa pela emoção. A Musicoterapia auxilia na reorganização da estrutura dos pensamentos, podendo diminuir os níveis de delírio e confusão mental, e melhorando o convívio social. A musicoterapia é a arte que beneficia ativação da memória preservada nos idosos, tem como objetivo estimular a memória em diversas regiões do cérebro, tais como: reconhecimento do som, lembrança, execução da fala em ritmo, entendimento à leitura e pela melodia do som a música ", afirma Rita.

A neuropsicóloga que está produzindo um livro sobre intervenções em pacientes com Alzheimer ainda lembra sobre a importância de envolver os idosos na rotina da vida sem que sejam anulados. A participação ativa da família  é importante para promover a possibilidade de interação por meio da música.

"A musicoterapia quando utilizada para estimular a memória passa a ser mais bem vivenciada e motivada no contexto social e familiar. Tornando os idosos mais comunicativos e dispostos ao relacionamento com o outro. A musicoterapia é como um movimento que, através da escuta contribui para a integração do aspecto cognitivo, afetivo e motor, e fortalece o processo criativo.", conclui.

Aline Akemi Maziero Shibuya, graduada em Musicoterapia explica a importância de trabalhar o campo sonoro do paciente, não só a música em si, mas as sonoridades que caracterizam a Identidade Sonoro Musical.

" No espaço de atendimento -setting musicoterapêutico são propostos diálogos sonoros com o intuito de promover experiências musicais ativas, receptivas ou interativas. A música atinge e ressoa no indivíduo como um todo, ajudando na espera que mais necessita naquele momento - podendo ser a estimulação do desenvolvimento, a promoção da comunicação e em casos como o Alzheimer despertando e retardando a perda de memórias .", conclui a musicoterapeuta.

Contatos

Rita Miranda - Rua Basílio Batalha n°478, Vila Vitória, Mogi das Cruzes-SP

Aline Akemi Shibuya, Clínica Sinapses, na rua Vereador José Silveira, 517 também em Mogi das Cruzes.