Acompanho o "The Voice Brasil" desde a primeira edição. Amo ouvir novos talentos, conhecer vozes e as histórias de vida dos candidatos. Me emociono, torço e vibro pelos meus candidatos favoritos. Na edição deste ano poucos participantes tinham me chamado a atenção. Porém quando vi a foto de uma menina no colo de seu pai, também músico, já sabia de quem se tratava : era Rava. Nome que no esperanto tem como significado "deslumbrante".
Parei para ouvi-la com atenção, pois sentia que pela meiguice no olhar dali sairia muita emoção. A canção escolhida não foi das mais fáceis de se cantar: Trem das Cores de Caetano Veloso embora linda, na minha opinião é desafiadora por ser cheia de nuances.
Mas Rava a interpretou com uma doçura tão dela, que me emocionei e como uma tiete comecei a torcer para que Lulu (que acompanhava a letra inebriado) virasse sua cadeira. Mas foi Brown que virou. Quando a jovem se apresentou o cantor a reconheceu: era filha de Dunga, seu baixista por muitos anos, hoje produtor musical. Como conselho, recebeu de todos que se soltasse.
Infelizmente, Rava foi infectada pelo Covid, teve de deixar o programa e não tivemos a oportunidade de conhecer mais de sua linda voz.
Mas o que eu ouvi já foi suficiente para compreendê-la um modo particular: quando se tem alguém na família (os pais ou irmãos) referências em determinada profissão se gera uma expectativa.
E muitas vezes a nossa autocrítica nos "trava"- é um processo nada fácil de descoberta e libertação - diria que uma metamorfose. Mas ela vem, e a cantora conta com o apoio de fãs que conquistou nas redes sociais :um total de 11,4 mil seguidores.
Um dia após a exibição do primeiro programa, seu pai fez uma declaração emocionante em suas redes sociais, falando sobre o silêncio de sua filha mas de poder ouvir ao longe um canto de sereia.
Sim, sorte nossa e da "Nova MPB". Essa jovem sereia promete. E muito!
(Tatiana Valente)
F.S - Você praticamente nasceu no meio musical. Quais lembranças tem da infância?
Nossa… são tantas. Tenho o privilégio enorme de ter um pai que é um super músico e sempre tocou com grandes artistas. Como meus pais se separaram quando eu ainda era pequena, nos fins de semana em que ele me buscava, tinha que ir trabalhar, fazer show, gravar… Então eu cresci em estúdio, em camarim, chegando às cinco da tarde pra passar som e saindo uma da manhã depois do show. Conheço todos os cantinhos do Canecão, e já vi um tanto de coisa boa ao vivo. Sempre amei, ia feliz, e vou até hoje.
FS - E a decisão de cursar Letras como foi? E quando surgiu a decisão de cantar? Já tinha se apresentado?
Decidi fazer Letras meio na intuição, como quase tudo que eu faço na vida. Eu sempre li muito e curtia escrever. Descobri que tinha um curso na PUC que era focado em literatura e criação - nunca curti a parte da gramática - e me animei de fazer. Nos altos e baixos, aproveitei muito minha faculdade. E cantar… ui… eu sempre amei, mas sempre morri de vergonha, desde criança. Comecei a fazer aula aos 14 e era um parto até pra fazer os exercícios. Como ficava muito angustiada, fui largando aos poucos. Só fui entender depois da faculdade que música é o que eu gosto mesmo, e agora tô nesse processo de encarar o medo pra poder fazer o que me faz feliz.
FS- Você se considera tímida? O que a experiência no The Voice significou para você, tanta música como experiência pessoal? Foi um teste de fogo?
Sou muito tímida, pra tudo, e principalmente pra cantar. Cantar é um negócio dificil, é sua carinha e sua voz ali, tudo muito íntimo. Fui pro the Voice de novo na base da intuição. Não sabia muito bem como curar meu medo e pensei: quer saber, vou fazer uma parada bem louca pra encarar isso de uma vez. Fui parar lá, tipo salto de bungee jump. Quase caí dura todas as vezes em que pisei no palco, até nos ensaios. Mas foi a melhor coisa que eu fiz, encarar as coisas de frente é sempre o melhor caminho.
FS - Você foi "tutorada" por Carlinhos Brown e por Iza. Quais conselhos recebeu que achou importantes.
Dois queridos, super generosos e pra cima. Os conselhos, como você pode imaginar, sempre foram: coloca mais pra fora, sorri mais, se diverte mais, se abre mais. Tô aqui, ainda tentando, hehehe, mas já cresci bastante!
FS- Na primeira apresentação você cantou Trem das Cores. Em quais artistas você se inspira?
São tantos, sou apaixonada por muitos artistas e tenho o maior respeito pela produção cultural brasileira, de modo geral. Na música, pra não me alongar em uma lista imensa, coloco aqui: Caetano, Gil, Gal, Rita Lee e Milton Nascimento. Gênios.
FS- E quais músicos da atualidade estão na sua playlist?
Sou mais uma atualmente viciada no Emicida, hehehe. E sou apaixonada no som da Illy e do Tim Bernardes.
FS- Você e Tibí apresentaram na batalha " Partilhar" de Rubel, e encantaram os jurados. Como foi "duelar" com um cantor que já tinha experiência de palco?
Uma delícia. O the Voice não é um programa com clima de competição, eles não estimulam isso. É tudo feito no maior carinho pensando em como fazer um belo show pro público que tá em casa. Tibí só me ajudou. Como ele é “safo”, me passou a segurança que eu precisava, além de ser um cara muito legal.
FS-E como você recebeu a notícia que estava com o COVID e que não poderia participar? O apoio dos fãs que você conquistou pelas redes sociais foi importante nessa hora?
Foi um balde de água fria, né… Eu recebi a notícia no dia da apresentação, imagina! Já tava com tudo ensaiado, prontinho. Fui fazer o PCR pra ir pro estúdio e deu positivo. Fiquei triste, é claro, mas não entrei numa “bad”. Acredito mesmo que as coisas acontecem como têm que acontecer. Confiei. Os fãs me ajudaram - e ainda ajudam - demais. É uma injeção de carinho diária, sou muito grata.
F.S Você publicou um vídeo interpretando " Across the Universe" dos Beatles, acompanhada por teu pai no violão. Ele é teu grande ídolo? Quão importante é o incentivo de seus pais pra tua carreira?
Meu pai é demais, admiro muito o trabalho dele. Graças a deus tenho a sorte de ter pais que me apoiam no que me faz feliz, seja lá o que for. Isso faz a maior diferença na vida.
FS - A partir de agora (que temos vacina) quais próximos projetos?
Estou indo aos pouquinhos, primeiro porque tô me acostumando com isso tudo, e segundo porque produzir em meio a esse clima pandêmico é difícil pra mim. Tô começando a esboçar alguns projetos, coletar repertório, vamos ver o que sai. Tô tranquila, aos poucos as coisas vão se encaminhando!
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