Pular para o conteúdo principal

Música que dá colo : Estrela

Dar aula para o terceiro ano do Ensino Médio é um desafio imenso:  uma fase em que os adolescentes na sua grande maioria se sentem pressionados pelo vestibular e pela escolha de uma profissão que "teoricamente" devem levar para o resto da vida.
Eu aos dezessete anos só sabia que gostava muito de música, de livros, de escrever, de falar e de inglês. Sabia que meu rumo estava na área de humanas porque matemática nunca foi fácil para mim. Biológicas tinha só um empecilho: meu pânico ao ver sangue.
Meu rumo estava quase que decidido : iria para o curso de Letras, onde teria minha licenciatura e poderia aprender mais sobre os autores que já faziam parte de minha vida. 
Sempre gostei muito das aulas de História: para entender literatura é importante saber sobre o contexto histórico da obra, quais os acontecimentos determinantes na sociedade da época.
 Tive ótimos professores de História no Fundamental, no Médio e na Faculdade mas um do terceiro ano dividia comigo um amor: a música.
Era de costume nas aulas de História Geral o seguinte combinado: prestávamos atenção nas aulas expositivas e nos minutos finais podíamos conversar à vontade.
Eu e minha melhor amiga sentávamos nas últimas carteiras e nos falávamos o tempo todo via bilhetes  (todo mundo morria de curiosidade de saber os assuntos, mas tínhamos códigos e apelidos para os eventuais "pretendentes" e temas das conversas - um what's app bem primitivo rs ).
O professor que já sabia meu interesse por música ia conversar comigo, se não me falha a lembrança tinha uma banda com o nosso professor de Química.
 Emprestávamos cds e animada disse a ele que Gil lançaria um CD ao vivo . De volta me perguntou se já tinha escutado "Quanta" lançado em 1995. 
Respondi que não, embora já conhecesse a empolgante "Pela Internet" que na época era tema da propaganda de um banco e "Arte e Ciência" que citei no discurso de formatura quando redigi.
Na aula seguinte ele me levou Quanta e logo que cheguei em casa me apaixonei pela música de Gil que me acolhe e me dá colo até hoje : Estrela. 
Esta canção foi escrita em 1980 para Estrela, filha dos poetas Paulo Leminski e Alice Ruiz - segundo o livro Gilberto Gil Todas as Letras, uma organização de Carlos Rennó.
 Com esse carinho e um vídeo de uma versão apaixonante que achei dia desses navegando "pela internet" quero abrir nossa semana .




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quinta da Saudade : Barracão de Zinco

Véspera de Natal e dia da famosa quinta da saudade. E a data esse ano pede (deveria pedir sempre) reflexões sobre nossas atitudes e o que podemos fazer para melhorar, evoluir. Especialmente num ano de tantas perdas, em que muitas vezes tivemos de abrir mão de estar com quem amamos para preservá-los.  E Natal para mim, desde a infância teve uma atmosfera mágica : desde o decorar a casa, até acreditar no Papai Noel e esperar pela meia-noite sempre foi muito aguardado, e ainda é. Mas o papo aqui é música, e vou contar a história de uma serenata que me lembro ter participado ainda criança (década de 80)  lá no bairro do Embaú, em Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba. Todos os anos nos reuníamos entre familiares e amigos e o samba era o ritmo que fazia a trilha sonora das festas. Ali tocavam Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Originais do Samba, Beth Carvalho, Clara Nunes, Almir Guineto, Martinho da Vila e assim a noite corria. Uma tia avó, chamada Cândida (Vó Dolinha para nós), gostava mu

Black Jack celebra o amor em forma de rock'n'roll

Black Jack - banda taubateana conquista fãs no Vale do Paraíba e anuncia o lançamento do videoclipe do single "Celebrate Love" para setembro  Foto: Ian Luz Guitarras e bateria anunciam o fim de uma era de intolerância. Hora de praticar o bem ao próximo e quebrar o ciclo de vingança e de ódio. Um chamado para os fãs do bom e velho rock and roll . Este é o tema de "Celebrate Love", música da banda taubateana Black Jack, lançada no dia 13 de julho, Dia Mundial do Rock. Em setembro - próximo mês - será lançado o videoclipe da canção,  o single pode ser encontrado  em todas as plataformas digitais. A história do grupo começou em 2009, na cidade de Taubaté, no Vale do Paraíba, quando cinco amigos, todos com catorze anos, estudantes da escola Balbi- Unitau se reuniram e resolveram fazer um som. Desde então a banda passou por algumas mudanças e  atualmente, apenas dois integrantes originais ainda continuam na banda, Caio Augusto Rossetti  (baterista e backing vocal) e John

Entrevista: A Dança existencial de Sterce

  Fusão - Misturando Indie, Synth Pop e Alternative, cantora paulistana celebra o lançamento de seu terceiro single Foto: Divulgação A cidade de São Paulo ao anoitecer é um espetáculo para quem gosta de observá-la. Uma mistura de ritmos e luzes, com os sons dos carros e as iluminações dos prédios. E é da capital que nasceu Isabella Sterce, cantora e compositora que adotou o sobrenome como nome artístico. A artista de 21 anos busca por meio de sua música toda inquietação da juventude, trazendo à tona temáticas como sonhos, brevidade da vida e emoções diversas, abordando tudo o que não se vê mas se sente, misturando sonoridades e letras vezes melancólicas, vezes nostálgicas. Hoje a cantora lança "A Dança" seu terceiro single em todos os streamings, uma música que fala sobre a vulnerabilidade de existir em meio ao caos e sobre encarar a jornada da vida como se esta fosse uma coreografia a ser desenvolvida. Além do single entra no ar o videoclipe que pode ser conferido no canal