Dando continuidade à nossa série de posts sobre musicistas que marcaram nossa música brasileira, falo sobre um estilo que é basicamente marcado pela presença masculina que é a música caipira, ou para alguns o "sertanejo raiz".
Principalmente por que eram canções originadas em cidades do interior, nas quais no pensamento coletivo o papel da mulher era ainda o de dona de casa, mãe e submissa ao extremo -falamos de mulheres nascidas na década de 20 do século passado .
Nascida em Bataguassu (Mato Grosso do Sul) em agosto de 1924, Helena Meirelles vivia rodeada por peões e violeiros por quem tinha grande admiração e vontade de tocar como eles.
Porém, por imposição dos pais se casou aos 17 anos mas abandonou o marido por se apaixonar por um músico paraguaio que tocava violão e violino. O casamento também não durou muito tempo. Entregou seus filhos para pais adotivos e foi tocar em bailes e "farras" e desapareceu por 30 anos. Ao ser encontrada por uma irmã já com a saúde muito debilitada foi descoberta pela mídia e ganhou uma matéria de destaque na Revista americana Guitar Player, que em 1993 a colocou entre os100 mais por sua habilidade nas violas de 6, 8, 10 e 12 cordas.
Faleceu em 2005, em Campo Grande e nos deixou boquiabertos com atuações como esta do vídeo a seguir:
Ana Eurosina da Silva, natural de Araras no estado de São Paulo nasceu em 1923 e com o marido Francisco dos Santos formou a dupla Cascatinha e Inhana. Foram responsáveis por nos apresentar clássicos da música sertaneja raiz e que foram gravados por muitos outros artistas de outras gerações. Quem não conhece Índia, Colcha de Retalhos ou meu Primeiro Amor embalados pela belíssima voz da cantora ?
Nos deixou em junho de 1981.
A Dama da Música Caipira não poderia ficar de fora.
Por 30 anos todos os domingos na TV Cultura Inezita Barroso abria as portas de seu programa Viola, Minha Viola para receber artistas da velha e nova geração.
Nascida Ignez Madalena Aranha de Lima no ano de 1925 na cidade de São Paulo adotou o sobrenome Barroso do marido. Foi atriz, bibliotecária, cantora, folclorista, apresentadora de rádio e TV.
Recebeu da Universidade de Lisboa o título de honoris causa em folclore e arte digital foi professora universitária. Inclusive deu aulas de cultura popular e folclore na Universidade de Mogi das Cruzes de 1982 a 1996 (conheci muitos de seus alunos que se orgulhavam de tê-la como mestre, infelizmente não tive essa sorte).
Fez cinema e gravou em média 74 discos, e fez sucessos com canções como Lampião de Gás, Luar do Sertão, O menino da porteira, Prenda Minha e a que eu adoro cantar, e acho muito divertida : Marvada Pinga, composição de Ochelsis Laureano e Raul Torres gravada por ela em 1950.
O palco do Viola Minha Viola ficou vazio em 2015, quando Inezita nos deixou.
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