Já que março é o mês das mulheres resolvi nas Quintas da Saudade homenagear nomes femininos que marcaram a música Brasileira.
Hoje vou contar para vocês como de fato conheci Elis Regina e seu legado grandioso : tanto na música como sua fala para o empoderamento feminino.
A gaúcha nascida em 17 de março de 1945, começou carreira na década de 60 nos Festivais de música e tinha como estilo musical a bossa nova. Ângela Maria era sua grande inspiração, e foi num Festival da TV Excelsior em 65, defendendo "Arrastão" de Vinícius de Moraes e Edu Lobo que fez grande sucesso com seus movimentos girando os braços como um helicóptero, sendo que logo em seguida passou a apresentar o Fino da Bossa com Jair Rodrigues.
E meu primeiro contato com a obra de Elis Regina foi ao ouvir o box que tinha em casa " Elis Regina e o Fino da Bossa". Achava algo especial na voz da cantora, mas desconhecia sua trajetória, sua carreira e muitas de suas histórias, uma vez que a "pimentinha" como era chamada faleceu em 1982, aos 36 anos quando eu tinha apenas um ano de idade.
Um dia, já aluna universitária ouvi meu Professor de Literatura Portuguesa falar sobre sua paixão por Elis: foi presidente de fã-clube, amigo pessoal, e ainda tinha contato direto com Dona Ercy, mãe da artista.
Intrigada por tamanha admiração comprei uma coletânea com alguns dos maiores sucessos de Elis e prestei atenção na sua voz, sua entrega e emoção ao interpretar as canções: em "Cartomante", por exemplo parece cortante como uma navalha afiada (incrível como esta música composição de Ivan Lins e Vitor Martins Faz sentido "nos dias de hoje").
Em "Atrás da porta" (de Chico Buarque e Francis Hime) nos deixa estarrecidos, parecia um desabafo de tudo o que sentia. Transmitia também esperança e paz em "Casa no Campo", de Zé Rodrix e Tavito e em "Romaria" de Renato Teixeira. Passava alegria em "Madalena" e um quê de sedução em " Dois pra lá, dois pra cá".
Fui buscar na época alguns vídeos de Elis e minha imagem foi de uma mulher inteligente, rápida de raciocínio, profissional, grandiosa e infelizmente incompreendida por sua espontaneidade - hoje a cada acontecimento me pergunto : o que diria Elis Regina sobre isso.
Li sua biografia " Elis Regina : nada será como antes" livro apaixonante de Julio Maria e me encantei mais ainda por sua trajetória de vida e por histórias de quem conviveu com ela. Recomendo a quem queria saber mais que veja o filme Elis, no qual Andréia Horta dá um show de interpretação.
Deixo para reflexão um trecho da carta que Henfil escreveu para ela . Que possamos todas ser mulheres "livres" de julgamento, de questionamentos e de preconceitos. E o videoclipe de "Redescobrir", uma de minhas favoritas em sua voz.
"Tu despistou todo mundo.
Mas eu, eu encontrei a caixa-preta. E vou abrir:
Nós homens te matamos, mulher.
Você dobrou tua voz e venceu. Dobrou teus negócios e venceu. Dobrou tua consciência política e venceu.
Quis ser mulher livre e perdeu…"
Mas eu, eu encontrei a caixa-preta. E vou abrir:
Nós homens te matamos, mulher.
Você dobrou tua voz e venceu. Dobrou teus negócios e venceu. Dobrou tua consciência política e venceu.
Quis ser mulher livre e perdeu…"
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