Terça - feira.
Teoricamente não é dia de TBT. O termo quer dizer "ThrowBack Thursday". Mas hoje, estou sentada no mesmo lugar que estava há um ano, olhando pra uma janela que dá para um passado próximo.
Em 13 de abril de 2020 já estava em quarentena, tomando o sol da manhã com os meninos no quintal e tirando fotos para um dia mostrar a eles de um período de resistência, assim como contava minha avó que ainda criança fugiu da guerra com os pais e se refugiou no sítio de dona Yayá em Mogi das Cruzes.
Como sempre faço ligo o som e deixo tocar minhas músicas variadas e coincidentemente neste dia ouvia dentre tantos outros CDs "Acabou Chorare", o clássico álbum dos Novos Baianos, que escuto desde que me conheço por gente e faz parte de minha memória afetiva.
Ver os meninos crescendo livres, correndo no quintal, jogando bola se aproxima um pouco do que a filosofia "paz e amor" do grupo musical que fez muito sucesso na década de 70 pregava - tão distante dos tempos de ódio e guerra em que estamos vivendo.
Chamei os meninos para o lanche da manhã e resolvi dar uma olhada no celular, checar as últimas notícias...
Não acreditei no que vi. Um infarto agudo do miocárdio levava aos 72 anos Moraes Moreira, um de meus ídolos na música desde a adolescência, quando fui arrebatada por seu Acústico MTV.
A criança que já cantava todas as músicas dos Novos Baianos aos 14 anos se encantou por este álbum e carregava ele por todos os cantos e se encantava toda vez que ouvia Arco-Íris, uma canção na qual dividia parceria com Sivuca e Glorinha Gadelha.
A vida é assim do jeitinho que descreve a canção: estamos no trem da vida e infelizmente a passagem só tem o caminho de ida. Devemos viver o presente e o que hoje parece ser sombrio (e a atualidade é assim) amanhã poderá ser luz.
É tempo de assim como dizia o poeta de não medirmos os sentimentos e ainda retomando sua outra canção em parceria com Luiz Galvão ser amor. Ser amor da cabeça aos pés.
Ah poeta...
Como queria hoje estar celebrando sua vacina, afinal preparava mais um livro de poesias prestes a ser lançado pela Numa Editora. Mas hoje estou aqui, olhando para uma janela que dá para um tempo que ficou para trás.
Voltei na infância, na adolescência e na juventude, quando te acompanhava pela TV, nos shows que fazia no Clube do Choro de Brasília e eu vibrava- carrego tuas canções nas minhas melhores lembranças.
Mas já que passagem só tem a de ida, vou tentar seguir seus ensinamentos: andar como sou e ser como posso, deixar quem quiser se bater e ser e distribuir o amor. Se fez eterno em mim por tua arte.
Minha saudade vai para 1995... meus 14 anos. Porque saudade não tem dia.
Viva Moraes.
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