Nos dias 25 e 26 de maio de 1986 o Pavilhão do Anhembi ficou repleto de jovens e fãs alucinadas. Nestes dois dias aconteceu a gravação de um dos discos mais bem vendidos da história da indústria fonográfica no país.
Rádio Pirata ao vivo do conjunto RPM (sigla para Revoluções por Minuto) vendeu cerca de 3,7 milhões de cópias. A banda de rock era formada por Paulo Ricardo (vocalista e baixista), Luiz Schiavon (nos teclados e piano), Fernando Deluqui (nas guitarras e vocais) e Paulo P.A Pagni (na bateria e nos vocais). O show foi dirigido por Ney Matogrosso e teve a produção de Marcos Mazzola . E claro eu ganhei esse LP assim que foi lançado.
Neste ano eu era uma pequena de 5 anos, mas por tabela ouvia tudo que meus pais e minhas tias ouviam e uma delas era apaixonada pelo RPM. Sempre gostei de dançar e me acabava de pular ao som de "Olhar 43" (que eu cantava tudo embolado) , "Rádio Pirata" (que nesta gravação tem como música incidental Light my Fire do Doors), "Naja", "Flores Astrais" e as mais lentas : "London London" ( de Caetano) e "A Cruz e a Espada" (que tem na gravação original a belíssima interpretação de Renato Russo).
O tempo passou e na pré-adolescência carregava meu walkman branco para todos os cantos. Fazia minhas seleções (uma "mistureba" sonora) e RPM estava lá. Paulo Ricardo seguiu carreira solo e era sucesso com músicas em novelas que sempre gostei de acompanhar.
Até que no começo dos anos 2000 o RPM fez um ensaio de retorno e levou um show para Mogi das Cruzes. Tinha uma colega de trabalho (professora de inglês como eu) que era apaixonada por eles e ficou por muitos dias tentando me convencer de ir ao show (que seria numa quinta). Na sexta eu dava aula a manhã toda e curtir um show pra enfrentar as aulas para pré-adolescentes no dia seguinte não seria algo fácil.
Mas Dani era fã, inclusive esteve na gravação do LP Rádio Pirata ao vivo. Além disso me dava carona até minha casa e éramos muito ligadas. Concordei, afinal seria divertido e arrastei minha irmã caçula comigo.
O show foi no Ginásio Municipal. Imaginem que toda uma geração que curtia a banda nos anos 80 estava lá. Minha amiga fez questão de ficar na grade. E lá fui eu. Não sabia se segurava minha irmã ou se me protegia de ser esmagada. No fim tudo deu certo e Dani pegou a toalha de um dos integrantes da banda. Saiu do show agarrada no pano. Quando chegou em casa ouviu do marido:
" Não acredito. Uma mulher casada, mãe de 4 filhos vai dormir agarrada na toalha de um RPM", disse em tom de brincadeira.
No outro dia estávamos acabadas em sala de aula. Mas os outros colegas adoraram ouvir nossas aventuras ao som de Olhar 43. Que é para onde a minha saudade vai levar vocês hoje.
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