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Quinta da Saudade: Trilha de Pedra Sobre Pedra

 Sábado nos despedimos de Eva Wilma. 

Foram inúmeras as personagens interpretadas pela atriz que me emocionaram : dentre elas a vilã Altiva que adorava esbanjar seu inglês em Greenville  ("well", "oxente, my God") e a doce doutora Marta da minissérie Mulher.

Porém se teve uma personagem dela que me deixou muito tocada pela sensibilidade foi a Hilda Pontes da novela Pedra sobre Pedra, de autoria de Aguinaldo Silva exibida em 1992 pela Rede Globo.

 Na primeira fase da novela Hilda era empregada do personagem Murilo Pontes (interpretado por Lima Duarte) que fora abandonado pela noiva Pillar Batista (Renata Sorrah) no dia do casamento. A música tema do casal Pilar/Murilo era "Entre a Serpente e a Estrela" de Zé Ramalho e " O homem que amei " por Fafá de Belém.

A empregada vivida por Eva era apaixonada pelo patrão e se casou com ele, mas sabia que não teria nenhuma esperança de ser amada como a ex-noiva. Murilo sentia por Hilda um amor fraternal pela lealdade da esposa, que além de adorável era admiradora de música clássica. 

Era Hilda ainda quem acolhia a sobrinha  Úrsula ( Andreia Beltrão) dos ataques agressivos de sua mãe, a beata Gioconda, vivida pela incrível Eloísa Mafalda (que nos deixou em 2018). 

A jovem de saúde frágil era mística e conhecedora dos benefícios dos cristais. Se apaixonou por um fotógrafo misterioso que apareceu em Resplendor (cidade fictícia onde acontecia a trama e que ganhou uma música homônima de André Sperling).

Jorge Tadeu era o fotógrafo sedutor interpretado pelo ator, cantor e galã Fábio Junior que tinha como tema "Cabecinha no Ombro" por Roberta Miranda e Raimundo Fagner ( quem também cantava Pedras que Cantam, música de abertura). Jorge namorou todas as mulheres da trama, foi assassinado e ao longo da novela se criou o enigma " Quem matou Jorge Tadeu?".

Mas Jorge Tadeu era tão mulherengo que mesmo depois de morto voltava para visitar as mulheres da cidade e namorá-las (até as casadas!!!). Antes de morrer ele tinha como costume urinar  em uma pequena árvore que após sua morte cresceu e deu flores brancas. A mulher que comia da flor recebia a visita do fantasma namorador e tinha uma noite inesquecível. 

Embora "pegasse" todas,  no último capítulo o espírito garanhão revelou seu sentimento pela "paz e amor"  Úrsula alegando que o amor que a hippie sentia por ele que o fazia diferente e dificultava sua partida para o outro plano.

A trilha trazia ainda Sá e Guarabyra, Elba Ramalho, Danilo Caymmi, 14 Bis, Jim Porto, Ithamara Koorax. Mas minha saudade hoje vai para o tema de Úrsula, " Madana Mohana, Murari" de Tomaz Lima ou Homem de Bem, músico conhecido por seus mantras e que mescla o sítar (de origem indiana) com instrumentos do ocidente. 

Uma curiosidade cultural : este é um mantra do Senhor Krishna para Sri Radha e expressa tanto o amor por ela como por toda a criação. Os sons têm como intuito evocar em nossos corações a sinfonia do amor.

Um tbt na paz desta canção...









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