"Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português."
Desde a primeira vez que li estes versos de Oswald de Andrade fiquei em estado de contemplação. Foi ainda na adolescência, nas aulas de Literatura que tanto amava. Nesta idade somos questionadores e rebeldes (embora minha rebeldia se manifestava num isolamento para ouvir música na minha rede) e tudo quanto é tipo de imposição passa a ser observado.
Pensava: o índio já estava aqui quando os portugueses chegaram.
Por que foram catequizados?
Era direito deles acreditar no que quisessem, ter suas danças, suas comidas, suas crenças e lendas. O fato de não usarem trajes pomposos como os dos portugueses não os fazia inferiores . Era a manifestação pura de suas culturas, de suas origens.
A colonização no Brasil foi imposição. E esses versos de Oswald retratavam o que aprendia também nas aulas de História: o índio, assim como o negro foi escravizado. As terras que eram deles (chegaram antes dos outros povos) foram tomadas e não foi amigavelmente.
A obra que ilustra este post é um retrato que Jean- Baptiste Debret fez da chegada dos bandeirantes em Mogi das Cruzes - SP (minha terra). Eles apontam armas para os índios (amigável, né?).
Infelizmente as armas continuam apontadas. Em forma de leis que reduzem reservas e extinguem patrimônios naturais. Projetos que destroem a nossa Amazônia e colocam em risco a vida de povos originários e as nossas riquezas naturais.
Os versos do modernista que conheci na adolescência continuam atuais. Mas foi antes dele, em 1994 que minhas primas me apresentaram um poeta chamado Renato Manfredini Junior.
Nas minhas férias em Taubaté ouvi um CD chamado Músicas para Acampamentos que tinha uma versão belíssima da música "Índios".
"Nos deram espelhos e vimos um mundo doente..." - Renato Russo o compositor não está mais aqui. O mundo segue enfermo com sintomas graves de egoísmo.
Mas as obras ainda estão vivas e sãs. Sigo acreditando que a educação é o único caminho para a cura.
Quem sabe um dia essa doença nefasta chamada preconceito seja apenas um #tbt vergonhoso.
Comentários
Postar um comentário