Pular para o conteúdo principal

Nelson e eu...


Eu, brincando de ser Sereia de Nelson Motta...
Foto: arquivo pessoal


Complicado escrever sobre quem a gente ama ler.

 Sou leitora dele desde quando comecei a acompanhar a carreira de Lulu Santos, afinal sabia que ele era o responsável pelas letras de muitas das músicas que eu amava e pensava: que homem é esse?

Ainda adolescente me apaixonava pela sensibilidade de Nelson Motta. Quem seria capaz de escrever coisas como " diz que não aguenta viver ignorando um querer que é maior que o corpo e a vontade?"

Ou brincar com o paradoxo e se declarando dizendo " eu te amo calado como quem ouve uma sinfonia, de silêncio e de luz..."

Como não se encantar por esses versos?

Ano passado num tom de desabafo em entrevista  para a também poetisa Bruna Lombardi, Motta declarou que as pessoas não costumam saber quem escreve as músicas, miram apenas no artista. 

Eu sei quem ele é.

Sempre fui curiosa e  passei a buscar mais sobre a obra do jornalista que na época tinha uma coluna no  O Estado de São Paulo . Me tornei sua leitora assídua . Não perdia uma crônica e engraçado como me identificava com o que escrevia e pensava: estava certa, ele é o cara.

Em 2000 o escritor lançou Noites Tropicais e eu já amante de música devorei o livro : quando conheci sua história com Elis e sua devoção foi arrebatador.  Além da delicadeza de como contava sobre suas paixões e o respeito que tinha pelas mulheres de sua vida: estava certa de que a sensibilidade não se resumia nas canções. 

Daí por diante passei a aguardar ansiosamente por seus livros: desejei ser a Sereia, me diverti com as histórias de Tim, conheci a obra de Glauber Rocha e  li até sobre  o Fluminense. E olha que sou corinthiana hein?

Engraçado que Nelsinho (me sinto sua amiga íntima, com todo respeito Drica) nos envolve de uma forma que parece bater um papo com seus leitores. Quando termino a leitura fico com gostinho de quero mais.

Numa pesquisa de uma editora perguntando com qual escritor gostaria de me sentar num banco e conversar, respondi de pronto: Nelson Motta. Ficaria uma vida ouvindo suas histórias...

Há um ano o jornalista, escritor, compositor, letrista, roteirista, teatrólogo, produtor musical (ah ele também canta,tá?)  lançava sua autobiografia De Cu Pra Lua. Li em uma semana e entendi o porquê de admira-lo tanto: S.r. Nelson, o pai ensinava que quem tem mais na vida tem de doar mais.  Dona Xixa : quem teve uma mãe como a senhora, teve tudo!

Hoje deixo mais uma de minhas inúmeras favoritas feitas por Nelson Motta, desta vez em parceria com Dori Caymmi e interpretada por Elis: "De onde vens?"

De onde vens, Nelson Motta? 

Viva sua vida e obra!

Bravo!

Com todo meu carinho, sua leitora e fã

Tati Valente






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quinta da Saudade : Barracão de Zinco

Véspera de Natal e dia da famosa quinta da saudade. E a data esse ano pede (deveria pedir sempre) reflexões sobre nossas atitudes e o que podemos fazer para melhorar, evoluir. Especialmente num ano de tantas perdas, em que muitas vezes tivemos de abrir mão de estar com quem amamos para preservá-los.  E Natal para mim, desde a infância teve uma atmosfera mágica : desde o decorar a casa, até acreditar no Papai Noel e esperar pela meia-noite sempre foi muito aguardado, e ainda é. Mas o papo aqui é música, e vou contar a história de uma serenata que me lembro ter participado ainda criança (década de 80)  lá no bairro do Embaú, em Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba. Todos os anos nos reuníamos entre familiares e amigos e o samba era o ritmo que fazia a trilha sonora das festas. Ali tocavam Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Originais do Samba, Beth Carvalho, Clara Nunes, Almir Guineto, Martinho da Vila e assim a noite corria. Uma tia avó, chamada Cândida (Vó Dolinha para nós), gostava mu

Black Jack celebra o amor em forma de rock'n'roll

Black Jack - banda taubateana conquista fãs no Vale do Paraíba e anuncia o lançamento do videoclipe do single "Celebrate Love" para setembro  Foto: Ian Luz Guitarras e bateria anunciam o fim de uma era de intolerância. Hora de praticar o bem ao próximo e quebrar o ciclo de vingança e de ódio. Um chamado para os fãs do bom e velho rock and roll . Este é o tema de "Celebrate Love", música da banda taubateana Black Jack, lançada no dia 13 de julho, Dia Mundial do Rock. Em setembro - próximo mês - será lançado o videoclipe da canção,  o single pode ser encontrado  em todas as plataformas digitais. A história do grupo começou em 2009, na cidade de Taubaté, no Vale do Paraíba, quando cinco amigos, todos com catorze anos, estudantes da escola Balbi- Unitau se reuniram e resolveram fazer um som. Desde então a banda passou por algumas mudanças e  atualmente, apenas dois integrantes originais ainda continuam na banda, Caio Augusto Rossetti  (baterista e backing vocal) e John

Entrevista: A Dança existencial de Sterce

  Fusão - Misturando Indie, Synth Pop e Alternative, cantora paulistana celebra o lançamento de seu terceiro single Foto: Divulgação A cidade de São Paulo ao anoitecer é um espetáculo para quem gosta de observá-la. Uma mistura de ritmos e luzes, com os sons dos carros e as iluminações dos prédios. E é da capital que nasceu Isabella Sterce, cantora e compositora que adotou o sobrenome como nome artístico. A artista de 21 anos busca por meio de sua música toda inquietação da juventude, trazendo à tona temáticas como sonhos, brevidade da vida e emoções diversas, abordando tudo o que não se vê mas se sente, misturando sonoridades e letras vezes melancólicas, vezes nostálgicas. Hoje a cantora lança "A Dança" seu terceiro single em todos os streamings, uma música que fala sobre a vulnerabilidade de existir em meio ao caos e sobre encarar a jornada da vida como se esta fosse uma coreografia a ser desenvolvida. Além do single entra no ar o videoclipe que pode ser conferido no canal