Foto: Tatiana Valente
Dia desses passou pelo feed do meu Instagram o seguinte pensamento : " O ser humano é estranho. Briga com os vivos e dá flores para os mortos".
É verdade. Mesmo com todo o horror que a pandemia trouxe parece que não aprendemos ainda a lição. A partir do momento que a pessoa não está mais em nossas vidas sentimos saudades e passamos a enxergá-la com outros olhos. Todo mundo vira bom quando parte deste plano.
Não vou mentir. Assim foi com Renato Russo. Não que brigasse com ele, ou com sua obra: comecei a ouvir na adolescência nas minhas férias em Taubaté pois minhas primas eram muito fãs da Legião Urbana. Mas até aí nunca tinha parado para entender toda a genialidade de Renato Manfredini Junior, que com Dado Villalobos, Renato Rocha e Marcelo Bonfá formou a banda que fez músicas que falavam sobre amor, faziam críticas sociais e provocavam inúmeras reflexões.
No fim de 1995, Renato lançou o CD Solo Equilíbrio Distante, um álbum todo em italiano, origem de sua família. Já tinha gravado um álbum em inglês (The Stonewall Celebration Concert) e eu adorava a versão que fez para Cherish de Madonna.
Uma das músicas de Equilíbrio Distante, "La Forza de La Vitta" foi tema da novela Rei do Gado, exibida pela Globo no ano seguinte. É uma música emocionante e apaixonada pela música da novela garanti logo meu álbum em italiano. Vou falar a verdade: Laura Pausini que me perdoe (e eu a adoro), mas interpretação dele para as canções dela são arrebatadoras.
Foi no dia 11 de outubro deste ano que cheguei do colégio com muita fome. Saía às 13h20 e chegava em casa quase às 14 horas. Peguei meu prato, esquentei no microondas e liguei no Jornal Hoje. Por chegar mais tarde almoçava sozinha. A repórter estava na frente do apartamento de Renato Russo no Rio de Janeiro e confirmava ali a morte do artista.
Pensei: não podia ser possível. Devia ser alguma brincadeira, a Legião acabara de lançar "A Tempestade" ou o "Livro dos Dias" e com certeza havia um grave engano. A Internet naquele tempo era mais lenta que a TV.
Migrei para a MTV que confirmava o fato e anunciava uma programação toda em homenagem ao compositor.
Minha prima me veio à mente. No Vale do Paraíba não pegava MTV. Abri a estante da sala e de posse de uma fita cassete virgem fiz o que hoje os jovens chamam de maratona: gravei todos os programas da emissora. Fui até às 4 horas da manhã do dia 12 de outubro conhecendo e compreendendo a obra do ídolo de muitos brasileiros. Liguei para minha prima e disse a ela que estava tudo ali e ela estava tristíssima.
Esse ano a morte do poeta completou 25 anos. Ele gostava de flores. Tanto que teve suas cinzas depositadas em um jardim florido. Minha saudade vai "tecer uma prece" e dividir com vocês " Soul Parsifal", uma composição de Marisa Monte e Renato Russo.
"Tua lembrança, a estrela a me guiar..."
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