Há um ano eu começava a escrever esta história...
"Eu não aguento mais. Estou cansada. Tô juntando dinheiro pra comprar um carro, não aguento mais ir dar aula a pé, na chuva, no sol. Vou gastar parte desta grana no livro, não temos patrocínio. Nem sei o que vou fazer da vida quando terminar a faculdade ", desabafei para Marco num fim de tarde na beira do Paranoá.
" Cara, você é muito nova. Tá começando ainda. Tinha que escrever sobre música. É o que você gosta de fazer, sabe fazer!", me respondeu como sempre me incentivando.
" Ah tá bom. Tanta gente escreve sobre música. Quem vai me ler?", perguntei duvidando de um sonho que ele sabia que eu tinha.
"Eu vou ler", afirmou com seu jeito marrento e me arrancando gargalhadas.
Sim de fato. Ele lia meus textos desde quando ainda era uma menina estudante de Letras e esporadicamente redigia para meu blog pessoal .
Quando fiz a primeira crítica sobre um compositor de Mogi foi para ele que mandei: trabalhava como produtor musical há muito tempo e trazia na bagagem a experiência de tocar com grandes nomes da música popular brasileira- era meu oráculo musical e me apresentou além do rock o incrível mundo do choro, indicando o que ouvir.
Mas o tempo passou, precisamente quinze anos. Não levei meu sonho adiante : a gente arruma tempo pra tudo, menos pra sonhar.
Em 2020 uma pandemia me prendeu em casa com meus filhos. A música foi minha âncora para não me afogar em tanta tristeza, em tantas perdas. Vi amigos e familiares partindo. Vi muitos músicos que admirava passando dificuldades.
Uma onda de ódio gratuito invadindo as redes sociais. Eu tinha tanto a dizer. E estava muda.
Até que em 26 de outubro, dia do aniversário de Milton Nascimento postei um vídeo dele cantando Clube da Esquina 2.
Assisti repetidamente e voltei para meus catorze anos, quando ouvia a versão instrumental e cantava os versos compostos por Milton, Márcio e Lô Borges.
Me sentei na varanda, contemplei o pôr-do-sol e pensei :" e lá se vai mais um dia..."
Não dormi nesta noite: era hora de resgatar um sonho antigo, dividir o que sei e fazer o que amo .
O tempo estava passando e aprendi com esta pandemia que tudo é efêmero.
Peguei meu computador e comecei a escrever o Falando em Sol, nome que criei pensando nas notas musicais, nos acordes e nos diálogos que poderia ter falando sobre música. Por que em Sol?
Quando estudante de piano tinha facilidade com a clave de sol: tirava as melodias de ouvido. Em "sol" sou livre para ser quem eu sou, para dizer o que penso.
Procurei os músicos que conhecia da época em que fazia estágio no jornal O Diário de Mogi, meus amigos com quem dividi palco no teatro estudantil e do coral do qual fiz parte.
Surpreendentemente fui alcançando quem não imaginava : artistas de quem sou fã e depois de um ano tenho leitores de várias partes do mundo.
Numa geração onde a imagem tem mais alcance que as palavras sou presenteada a cada dia.
Hoje quero agradecer a cada um que faz parte desta história.
Meus pais, minha família, amigos.
Regiane Pereira pelas pautas, Ana Marangoni, Tia Maria Lucia, Bianca e Paloma, Regina , Brisa e Sara pelo incentivo constante. Willy Damasceno: minha gratidão eterna você foi presente até a véspera de sua partida. Celia Sato, que me ensinou a buscar uma boa história. Pai: obrigada por me passar a paixão pela música, pelos livros e pelo jornalismo.
Aos músicos que me deram entrevistas, aos assessores de imprensa que me enviam material de divulgação, aos colegas influenciadores musicais que tanto me apoiam (Monica Haley e Lui Macedo), bandas que me enviam seus singles, compositores, parceiros, professores que me ensinaram tudo o que sei e aos leitores que passam diariamente por aqui.
Marco Guedes, meu oráculo musical : obrigada por ter acreditado em mim. Talvez mais que eu mesma: "quem vai me ler..."
Não tenho patrocínio nem recebo ajuda financeira para escrever. Recebo a alegria de quem vê sua arte divulgada. Cumpro a missão de comunicar, de dar asa a quem sonha. A música é o sonho do artista.
Faço pelo amor que tenho pela música.
Sem ela, o mundo não teria a menor graça.
Minha quinta da saudade hoje vai pra 28 de outubro de 2020, quando iniciei esta história, dizendo que iria recomeçar, afinal " os sonhos não envelhecem", não é mesmo?
Que texto emocionante, Tati! Obrigada por ser essa pessoa tão brilhante e apaixonada por música que se dedica a compartilhar tantos conhecimentos preciosos com a gente! Vc e o Falando em Sol São um presente! Obrigada por me lembrar nesta quinta que, sim, Os sonhos não Envelhecem nunca!
ResponderExcluirConte comigo para levar tua música e teu sonho adiante!
ExcluirUm grande beijo e muito, muito obrigada pelo carinho de sempre!
🎼❤🌹
Que lindo amiga, parabéns pela conquista!, todos os dias seja surpreendente e que se torne uma mulher de muito sucesso, Estarei sempre aki juntinho compartilhando seu pensamentos sua alegria e carinho que nos faz muito bem.
ExcluirObrigada...
ExcluirÉ muito bom saber que existem pessoas para incentivar nossos sonhos. Estarei sempre aqui também1
Que texto lindo Tati! Parabéns pelo aniversário e muitos e muitos rocks, choros e bossas de vida! Muito grata por fazer parte da tua história! Bjos, Haley!
ResponderExcluirHaley:
ExcluirObrigada por topar essa jornada comigo!!!!! Estamos juntas! Beijão!
Uau!!! Como você escreve bem, com sinceridade e paixão! Dá pra acessar seus sentimentos em cada frase, e essa verdade na escrita é algo que pode se chamar de dom. Parabéns, mulher maravilha, e que venham muitos mais anos de Falando Em Sol! E muito obrigada por permitir que eu seja parte dessa história. Estamos juntas! ❤
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