Pular para o conteúdo principal

Quinta da Saudade - " teus olhos pousaram nos meus..."

 Em toda festa de fim de ano é comum a tal da brincadeira do  amigo secreto. Sempre gostei de presentear, mais do que receber. Acho muito gostoso pensar no que a outra pessoa gostaria de ganhar, da surpresa. Ah, eu dou dicas. Não me aguento e entrego logo: sou ansiosa.

Nos amigos secretos que participei sempre tive sorte. Nunca vou me esquecer de uma amiguinha de escola que me deu uma boneca e ganhou um par de meias de outra colega. É um jogo.

Todos os anos fazíamos entre os amigos do coral da universidade nossa festa de fim de ano. E claro, tinha música, comes, bebes e o tal do amigo secreto. Nessa aproveitávamos pra lavar roupa suja na hora de descrever quem tínhamos tirado. Meu apelido era Girafa, Miss Buxixo ( onde eu ia pra ouvir minhas bandas favoritas), e sempre me descreviam como discreta (sqn), atrapalhada, fã do Lulu e por aí ia...

Mas no ano de 2003 o amigo secreto tinha um gosto diferente: pedi de presente o CD de Maria Rita, lançado em setembro daquele ano. Existia toda uma expectativa em torno do álbum: era o primeiro lançamento da filha da maior ( para mim a maior) cantora que este país já teve. A crítica  a comparava com a mãe. Eu só tinha ouvido no rádio a música de trabalho, " A Festa" e tinha me aguçado a curiosidade. De fato a voz fazia lembrar a da mãe, mas para ter a minha opinião precisava de ouvir tudo e mais de uma vez.

E como pedi, minha amiga secreta me presenteou com o CD. Virou meu companheiro naquele dezembro e no dia de Natal. Além da canção de trabalho que é de Milton Nascimento (que com Fernando Brant compôs "Encontros e Despedidas") trazia compositores como Marcelo Camelo, Rita Lee, Zélia Duncan, Jean e Paulo Garfunkel, Lenine, Bráulio Tavares, Cesar Camargo Mariano, Renato Motha. Além de uma faixa interativa com uma música de Murilo Antunes / Natan Marques e "Estrela" de Vitor Ramil. Produzida por Tom Capone vendeu (contando com meu presente) mais de 1 milhão de cópias e ganhou dois Grammys.

Passei o álbum inteiro buscando semelhanças dela com Elis. Sim existem várias. Está no sangue, nos traços, no coração e na voz. Mas Maria Rita era ela, surpreendentemente ela . Me arrebatava em cada canção ouvida.

Mas foi na ultima música do CD que Maria Rita me mostrou sua identidade. Na belíssima canção "Cupido", de autoria de Cláudio Lins - a quem conhecia como galã de novela- a jovem cantora me fez dançar sem sair do chão e tem sido assim toda vez que a ouço.

É essa saudade que vou dividir com vocês, com os votos de um Feliz Natal.





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Djavan e Eles

Pétala - dia de celebrar o cantor e compositor muso deste blog e de muitos outros poetas e escritores Foto: Tati Valente Dia de Djavanear o que há de bom. Os leitores do Falando em Sol já estão cansados de saber o apreço que tenho pela obra do alagoano Djavan Caetano Vianna, e que todo ano, esta data aqui é celebrada em forma de palavras. O que posso fazer, se Djavan "invade e fim"? Para comemorar seu 76º aniversário, selecionei cinco momentos em que ele dividiu cena com outros nomes da música popular brasileira. O resultado: um oceano de beleza. Tudo começou aqui. Este foi o meu primeiro contato com Djavan e tenho a certeza que de toda uma geração que nasceu nos anos 1980. Ele é Superfantástico! Edgard Poças...obrigada por isso... Azul é linda, amo ouvir e cantar até cansar...  Com Gal e Djavan então...o céu não perde o azul nunca... Esse vídeo foi em um Som Brasil, no ano de 1994. Desculpem, posso até parecer monotemática, mas Amor de Índio é linda. Mais linda ainda com est...

Bituca é Nosso!

Cara Academia do Grammy. Fica aqui nossa indignação pela forma como nosso Milton Nascimento foi recebido no evento de ontem. Sem mais, Tatiana Valente, editora responsável pelo Falando Em Sol.  

Centenário Inezita Barroso

  Centenário - pesquisadora de nossa cultura popular, Inezita reunia gerações em seu programa exibido todos os domingos pela TV Cultura Foto: Reprodução Itaú Cultural Ontem, dia 4 de março, foi celebrado o centenário de uma mulher, que enquanto esteve aqui, neste plano, viveu por e para a música brasileira: Inezita Barroso. Conhecida como  a "D ama da Música Caipira", por trinta anos  abriu as portas de seu programa Viola, Minha Viola, exibido pela TV Cultura, para receber artistas da velha e nova geração.  Nascida Ignez Madalena Aranha de Lima no ano de 1925 na cidade de São Paulo adotou o sobrenome Barroso do marido. Foi atriz, bibliotecária, cantora, folclorista, apresentadora de rádio e TV.  Segundo a neta, Paula Maia publicou em seu Instagram, foi uma das primeiras mulheres a tirar carteira de habilitação e viajou por todo país para registrar músicas do folclore brasileiro.  Recebeu da Universidade de Lisboa o título de honoris causa em folclore e art...