Pular para o conteúdo principal

Especial Blues Dellas: Mel di Souza



Mel di Souza abre as portas do fim de semana para a gente "sextar" em grande estilo
Foto: Yuuh Ribeiro

O que adquirimos na vida primeiro? 

A voz ou nome? 

Não sei explicar para vocês. Mas acho que os pais da terceira participante do "Blues Dellas " já previam como seria a filha deles. Falo de Mel di Souza, mineira de Ituiutaba, residente em Brasília desde 2004. Desde criança, a música e outras formas de arte lhe rondavam. Na Capital do país, ela se fez nos palcos e, desde 2006, nas bandas de blues e jazz, aprendeu a  lapidar a arte que a alimentava. 

Em 2014, iniciou na Escola de Música de Brasília o curso básico em canto popular e em 2021, concluiu o curso técnico na mesma instituição. 

O blues foi uma referência que chegou mais tarde, com a maturidade. Mel tem influências diversas: na infância ouvia  o sertanejo - música regional do seu estado natal -  e depois já adolescente começou a ouvir os rocks internacionais e  os grandes clássicos como Frank Sinatra; Beatles; Elvis que despertaram nela o gosto pela música americana. O blues  para Mel  tem um quê da nostalgia e dor do sertanejo, o lamento do canto dos negros americanos, com um tom emocionado e melancólico.

“Não sei bem explicar o porque do blues, mas quando ouço e canto tem algo muito forte que toca dentro de mim. As notas da guitarra e da gaita vêm primeiro, depois a voz que parece trazer esta tonalidade de choro mesmo quando tem notas animadas e pra cima, os drives e os gritos que também se expressam com muita vibração", se encanta a cantora de 44 anos 

 Em janeiro deste ano lançou seu primeiro single, o blues "Corpoesia", da compositora Larissa Yalla, que tem uma pegada pop e com um viés vintage, lembrando as referências de criança da cantora. O próximo passo neste caminho de carreira solo, será compor suas próprias canções, abrindo este espaço para a compositora também contar a sua história. Mel prepara o lançamento de um EP somente com inéditas para 2023. 

Integrou a banda Arcablues de 2016 a 2021 e o show Amor & Dor, de 2021 marcou seu novo artístico em carreira solo. Desta vez influenciada por Ella Fitzgerald, Etta James, Madeleine Peyrroux, Amy Winehouse, entre tantas outras estrelas do blues e do jazz, e na música brasileira tem Tom Jobim como uma de suas maiores inspirações, sendo uma apaixonada pela Bossa Nova. 

Para ela que se considera uma artista em construção,  o caminho do blues é o início de tudo, como se escrevesse uma história com  grandes possibilidades de páginas em branco e uma forma de se permitir a  olhar pra esta jornada adiante com otimismo e abertura para viver projetos novos e inesperados.

"Ser mulher e se aventurar no ramo musical é estar sempre neste lugar de se provar o tempo todo, se você é boa o suficiente, se você é capaz, se tem talento, se não é só mais um rosto ou um corpo a ser vendido, se você tem conteúdo, tem algo a dizer. E esta provação nós mulheres sabemos bem qual é, porque ela faz parte da nossa vida diariamente", relata Mel

"O Blues Dellas demonstra esta força feminina, este lugar de estarmos aqui pra mostrar que cada uma tem algo a dizer, com a sua singularidade, seu repertório, seu timbre. Somos um conjunto tão único por isso, juntar cantoras tão diferentes com esta paixão pelo blues e jazz, como estilo e como potência musical. Somos esta inspiração para milhares de outras mulheres e homens, ocupando nosso lugar por direito, esta licença pra SER e FAZER NOSSA ARTE", conclui.

E para "sextar" em grande estilo apresento esta diva que estará no Clube do Choro no dia 10 de junho. Com vocês "Corpoesia".


Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Djavan e Eles

Pétala - dia de celebrar o cantor e compositor muso deste blog e de muitos outros poetas e escritores Foto: Tati Valente Dia de Djavanear o que há de bom. Os leitores do Falando em Sol já estão cansados de saber o apreço que tenho pela obra do alagoano Djavan Caetano Vianna, e que todo ano, esta data aqui é celebrada em forma de palavras. O que posso fazer, se Djavan "invade e fim"? Para comemorar seu 76º aniversário, selecionei cinco momentos em que ele dividiu cena com outros nomes da música popular brasileira. O resultado: um oceano de beleza. Tudo começou aqui. Este foi o meu primeiro contato com Djavan e tenho a certeza que de toda uma geração que nasceu nos anos 1980. Ele é Superfantástico! Edgard Poças...obrigada por isso... Azul é linda, amo ouvir e cantar até cansar...  Com Gal e Djavan então...o céu não perde o azul nunca... Esse vídeo foi em um Som Brasil, no ano de 1994. Desculpem, posso até parecer monotemática, mas Amor de Índio é linda. Mais linda ainda com est...

Quinta da Saudade : Barracão de Zinco

Véspera de Natal e dia da famosa quinta da saudade. E a data esse ano pede (deveria pedir sempre) reflexões sobre nossas atitudes e o que podemos fazer para melhorar, evoluir. Especialmente num ano de tantas perdas, em que muitas vezes tivemos de abrir mão de estar com quem amamos para preservá-los.  E Natal para mim, desde a infância teve uma atmosfera mágica : desde o decorar a casa, até acreditar no Papai Noel e esperar pela meia-noite sempre foi muito aguardado, e ainda é. Mas o papo aqui é música, e vou contar a história de uma serenata que me lembro ter participado ainda criança (década de 80)  lá no bairro do Embaú, em Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba. Todos os anos nos reuníamos entre familiares e amigos e o samba era o ritmo que fazia a trilha sonora das festas. Ali tocavam Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Originais do Samba, Beth Carvalho, Clara Nunes, Almir Guineto, Martinho da Vila e assim a noite corria. Uma tia avó, chamada Cândida (Vó Dolinha para nós), g...

Bituca é Nosso!

Cara Academia do Grammy. Fica aqui nossa indignação pela forma como nosso Milton Nascimento foi recebido no evento de ontem. Sem mais, Tatiana Valente, editora responsável pelo Falando Em Sol.