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Lulu e eu Parte 4: " Uma carta para Luiz Maurício..."




Lorena, 04 de maio de 2022

Hi  Luiz Maurício...

"Como vai você hoje em dia?"
Dia de te celebrar: "mais uma volta no calendário..."
Acho que nunca viu uma resenha em forma de carta. Essa vai ser a minha forma de te contar o que vi e vivi na última sexta-feira lá no Espaço das Américas em São Paulo.
Fui acometida por muitos anos por um mal chamado ansiedade, que durante a pandemia piorou e me ocasionou crises e mais crises de pânico. O medo vinha me dominando há anos. Um sentimento incontrolável que não me deixava caminhar sozinha.
Há dois anos você fazia do teu apartamento a Lulu Live . Me arrumei pra essa noite e aqui na sala de minha casa pensei em quantos shows teus deixei de ir. E você ali, de tua casa cantando para nós, seus fãs. Tomei uma resolução. Quando tudo acabasse iria até seu show na cidade mais próxima. 
E assim foi. Uma decisão repentina. E desta vez não procurei companhia. Fui sozinha.
"Eu vou", decidi.
Minhas amigas depois que souberam que estive no show da turnê " Alô Base" quiseram me matar. Mas eu precisava deste encontro meu com tua guitarra. Acho que um encontro meu comigo mesma.
Me sentei na cadeira 1 da mesa 17 . Ali esperei por 15 minutos até que as cortinas se abrissem. Você surgiu iluminado por luzes, como numa aparição. Com sua blusa preta de paetês brilhantes (eu estava de paetês pratas) e ela, a guitarra anunciando sua chegada e com seus primeiros acordes me capturando.
 Eu não sabia se tremia, se chorava. Você estava ali. E desta vez não tinha uma tela nos separando. 
Naquele momento em que o som falhou em "Toda forma de amor", vi teu movimento de mão para tua equipe e pensei: ele vai ficar irritadíssimo. Sempre se preocupou em entregar o melhor espetáculo para seus fãs . Mas acho que não imaginava que teu público te entregaria um coro lindo, preciso e que seria levado adiante. Desliguei meu celular para te acompanhar e me deleitar com tua banda.
O balanço de Jorge Aílton; a precisão oriental de Hiroshi Mizutani; o incrível Tavinho Menezes; a batida perfeita de Sergio Melo mais a dança e a doce voz de Robson Sá, que nos vocais de "Condição" e "Sereia" me  lembrou da doçura de Arthur Maia.
Foi inevitável nesse momento não me recordar de todos os músicos que te acompanharam e que infelizmente como Arthur e Ramiro não estão mais aqui. E você os conduz e dá a eles uma visibilidade que só um grande faz.  E fez novamente quando dividiu o palco com os meninos da "OutroEu" ou "Nosotros" (rs) que apresentaram a graciosa música "Praia". Ali te escutando de perto entendi como o amor te faz bem. Tua voz está de novo plena,  limpa e encantadora. 
Me encantei com "HIT" na versão reggae. Mas fui pega de surpresa. Não vi quais músicas estavam no set list. Fui de ouvidos e coração abertos, pois me disseram -não sei se é verdade- que cantou "Scarlet Moon" em Brasília. 
Foi quando os acordes anunciaram "Papo- Cabeça".  Canção que para mim é quase que um mantra por sua mensagem que me dá forças para seguir adiante todos os dias e  que ouvia repetidamente numa fita cassete no rádio do meu carro. Não me contive e caí num choro que só eu entendi. Já tinha exorcizado tudo o que não quero mais com a libertadora "Assim Caminha a Humanidade", era um choro de emoção.
E não sabe a alegria de poder cantar com você "A Cura" após dois anos fechada em casa lutando pela vida. Foi lindo ver o mar de gente acompanhando seus movimentos com a mão, quando orquestrava as palmas. 
Apaixonante quando nos pediu como sempre para que cantássemos nas nossas vozes a mesmíssima canção que diz que tudo passa, e tudo sempre passará.
No fim do espetáculo em "Casa", tive de fechar os olhos pra te escutar melhor. O solo de guitarra final me arrepiou inteira e me fez voltar para os 12 anos quando de frente para TV  te vi pela primeira vez. Ali começava essa história que já completa 29 anos. Te aplaudi até que as cortinas se fechassem e você desaparecesse. 
Mandei uma mensagem para os Lulunáticos Bido, Carla e Murillo, mas não consegui me encontrar com eles. Vi que foram recebidos com muito carinho. Estão bravos com a "Tati Hit Jones" - apelido que me deram pois me acham com um quê de Rita Lee- queriam promover esse nosso encontro.
Mas fui dormir. Estava cansada, tinha enfrentado 132 quilômetros de estrada e seu pequeno xará me esperava no dia seguinte.
Quero muito um dia te olhar nos olhos e dizer: obrigada por você existir. 
Vamos celebrar os dias de sua carreira, como propôs. O músico da Vímana, o Luiz Maurício, o Lulu Santos e o Lux. 
Você não sabe quem eu sou. Já me disseram :"você o ama tanto, ele nem sabe que você existe". 
Mas o amor é assim. Como o sol. Constante e eterno. Não escolhe a quem iluminar. 
Há 22 anos com Sabrina Schneider fiz um site contando sua vida com trechos de sua canção "Minha Vida". O texto era meu.
 Um dia queria poder escrever a tua história para que todos conheçam o menino que um dia sonhou tocar guitarra na tevê. Por enquanto escrevo por aqui as minhas histórias com tua obra que passa para gerações e gerações.
Com Todo Amor (um bom nome para a próxima música)  de sua fã.
E que seja assim enquanto é.
Um beijo.
T.V




Comentários

  1. Amei a resenha, tb amo muito o Lulu Santos

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    1. Que bom que gostou da resenha. É muito amor que sinto por toda a obra do Lux!obrigada pelo ❤

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  2. NOSSA Mulher, que lindo! Nem digo que é um texto essas tuas palavras. Tá mais pra um bela declaração de amor a vida, obra e a pessoa do Lulu. Ps. Ele precisa ler isso. 💕

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    Respostas
    1. Ah... escrevi o que senti e sinto por ele. AMO Lulu...tomara que ele leia e saiba o quanto o quero bem! Um beijão!!!🥰❤

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