Sabe aquele ídolo distante mas que parece próximo?
Assim era Michael Jackson para mim. Todo mundo nascido nos anos 1980 como eu cresceu já conhecendo Michael e suas canções. Foram tantos momentos do " Rei do Pop" que marcaram minha vida que apenas um #tbt não seria suficiente.
Mas minha primeira lembrança foi ter ido ao cinema assistir ao filme "Moonwalker "com meu pai. Eu era uma menina de 7 anos e achava o máximo a música e a dança do americano. Fiquei vidrada na telona do Cine Avenida, cinema lindo e grandioso que ficava na Avenida dos bancos em Mogi das Cruzes e que anos mais tarde fechou dando espaço para uma Igreja Universal.
Fomos para uma pizzaria e eu tentando imitar o movimento de andar pra trás de MJ. Uma mistura de admiração pelo astro que na história interpretava um extraterrestre que protegia crianças de um traficante perigoso. "Que cara legal", pensava." Canta, dança e é herói". Mal sabia eu que o de verdade não tinha tido uma infância fácil. De Bad não tinha nada...
Daí por diante ele passou a fazer parte de minha rotina musical: todo lançamento ou videoclipe lá estava eu de olho. Três anos depois ele "causou" com o videoclipe de "Black or White" que falava claramente sobre igualdade racial " se você é minha garota não me importo se é negra ou branca"...
Na adolescência o vi se casar com a filha de Elvis e dedicar uma música linda para ela "You are not alone". Que sorte dessa menina: ser filha do "rei do rock" e musa inspiradora do "rei do pop". Isso é que era ter sangue azul.
E ele esteve aqui no nosso país para gravar "They don't care about us" com o Olodum. Parecia um de nós, mostrando ao mundo nossas feridas, representando lindamente o Brasil. E mesmo depois de tantos anos eles continuam não ligando pra gente- música atemporal que diz que se Martin Luther King estivesse vivo não deixaria o racismo existir.
Na juventude, eu que sempre gostei de dançar fiz amizade com um ex-galã global, vocalista de uma banda que se apresentava com frequência na minha cidade. Toda vez que cantava "Billie Jean" chamava uma menina para dançar com ele. Em Mogi fingia que me escolhia na plateia (era combinado entre a gente). Eu, na maior cara de pau subia com uma expressão de surpresa no palco e dançávamos e a música (inclusive fazia o vocal do refrão, rs)encenando pra o delírio das meninas. Meu apelido : Tati Jean. Todo mundo adora me dar um apelido.
Até que em 25 de junho de 2009 ao chegar do trabalho dei de cara com a TV anunciando a morte do ídolo. Foi estranho. O astro que cantava, dançava e interpretava estava morto. Era novo demais. E deixava filhos. Crianças que amou tanto e que a mídia "marrom" explorava. Aliás assim como alguns "digital influencers" sem escrúpulos fazem atualmente, a vida do astro foi muito exposta.
E seu funeral exibido para o mundo. Como chorei vendo Mariah Carey cantando "I'll be there", famosa na aguda voz do meu ídolo quando integrante do The Jackson 5. Foi estranho. Meu herói morto.
Neste ano dava aulas de inglês no CCAA Mogi das Cruzes. Tinha uma chefe que embarcava nas minhas loucuras. Quando me chamou para definir qual seria a atração da minha sala do castelo do terror no Halloween fui rápida: quero homenagear Michael. Uma sala seria decorada com velas e fotos dele na parede. Meu colega, professor de espanhol contaria a história da vida dele. Uma TV exibiria os videoclipes. Num ar misterioso ele diria " Michael no esta muerto. Él vive !"
Eu, fantasiada sairia debaixo da mesa e as crianças levariam um susto. Passei 2 meses estudando a coreografia de "Thriller". No dia me vesti como Michael. Incrível, mas até a voz consegui imitar para o pavor de uma colega que morria de medo de espíritos no dia das bruxas.
Porém deu tudo errado. Ou certo, dependendo do ponto de vista...
Assim que saí debaixo da mesa as crianças não se assustaram. Pularam no meu pescoço achando que na magia provocada pela encenação e maquiagem eu fosse Michael de fato. Os pais quiseram ir me ver. Nunca tirei tanta fotografia na minha vida. Uma estrela mesmo. Depois de quase 3 horas dançando numa sala escura desci as escadarias da escola fazendo a coreografia de Thriller acompanhada pelos meus colegas caracterizados de zumbis, bruxas, monstros...
Fui escondida para o estacionamento da escola, não me deixavam sair do anfiteatro . Fantasiada entrei no carro e saí dirigindo pelas ruas de Mogi das Cruzes caracterizada de Michael Jackson. Não me esqueço da cara da motorista que parou ao meu lado no semáforo e ficou me encarando. Sorri pra ela, e disse:
"Who's bad?", engatei a primeira, segunda e acelerei rindo horrores. Literalmente.
E é essa saudade que minha quinta vai buscar hoje...
Comentários
Postar um comentário