Galã- o Imperador que roubou meu coração
Foto: Memória Globo
Dom Pedro Pasquim e eu
Foto: Vera Alcântara
Em 2002 a Rede Globo lançou a minissérie " O Quinto dos Infernos", uma comédia sobre a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil. Escrita por Carlos Lombardi (a quem admiro pelos diálogos rápidos, cheios de humor e ironia) foi estrelada pelos galãs Humberto Martins e Marcos Pasquim que interpretava Dom Pedro I.
Tá. Vamos combinar que foram "beeeem" generosos com a escolha do ator porque sabemos bem que o imperador não era bonitão. Assim como sabemos que as roupas pomposas das pinturas não eram reais, e que toda aquela cena heroica nas margens do rio Ipiranga é ficção. Na verdade ele estava com uma dor de barriga sem fim e -leiam com o sotaque dos portugueses- "todo borrado".
Mas a "fábrica de sonhos" caprichou no elenco e nos trajes. E eu jovem me apaixonei por Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon "Pasquim". A música tema dele era maravilhosa: "September" da Earth, Wind & Fire.
Não perdia um capítulo e vou confessar para vocês adoraria ter interpretado a personagem de Luana Piovani- Domitila de Castro - viveu com ele um tórrido romance ao som de "Só Louco" de Dorival Caymmi interpretada por Gal Costa. A trilha trazia ainda Ney Matogrosso, Elis Regina, Cassiano, Lisa Standfield.
No mês de maio daquele ano o Mogi Shopping em comemoração ao dia das mães fez uma série de talk shows na praça de eventos. Quem fizesse compras num valor determinado ganharia um ingresso para assistir de pertinho. Minha mãe ganhou e quem era a atração?
Ele, meu Dom Pedro. Minha irmã se animou e nossa mãe usou da sabedoria para definir: um sorteio. Eu ganhei. Mas ver a cara de decepção de minha irmã mexeu comigo.
" Vamos fazer o seguinte: você vai junto. Se não entrar, eu também não entro e assistimos de fora."
No dia pegamos carona com minha amiga Ana - que também tinha o ingresso. Coloquei uma calça xadrez e uma bata preta. Muito magra ficava segurando a calça para não cair. Quando chegamos abracei minha irmã, entreguei o ingresso para o segurança, dei um sorrisão e disse : ela está comigo.
Entramos. Pasquim chegou e a mulherada gritava desesperadamente. Eu ali, estática pensando: "ah Dom Pedro..."
No meio da entrevista ele declarou ter trabalhado como modelo. A jornalista pediu que ensinasse a uma menina da plateia como desfilar. Foi uma confusão e minha amiga me deu um beliscão dizendo: "vai sua lerda".
Eu, marrenta disse: "até parece" e me levantei para arrumar a calça que caía e deixava minha calcinha à mostra.
"Você, venha aqui", disse a entrevistadora.
Incrédula caminhei até o tablado e o ator pediu para que eu desfilasse. Sou desengonçada por natureza. Estava cheio de alunos meus na plateia e eles gritavam: "teacher".
Acenei para eles. Pasquim me corrigiu e desfilou para que eu aprendesse. Na segunda tentativa caprichei. Não era nenhuma beldade, nem tão linda quanto as atrizes globais. Mas tinha lá meu charme de mogiana. Desfilei com jogada de pernas (isso eu sempre tive) e quando me virei o vi agachado, com a mão no queixo me olhando como se eu fosse a mulher mais linda deste mundo- ator né gente?.
Abusada que era olhei pra ele e disse : "e aí?"
Ele se levantou e me deu um super abraço. Como era cheiroso. Foi uma gritaria. Saí de lá em estado de graça e quando chegamos em casa ao contar a aventura pra minha mãe ouvi de volta: "foi o presente que você ganhou por ter tido um bom coração e levado tua irmã com você."
Por falar em coração, o Dom Pedro de verdade não gostaria muito do que andam fazendo com o dele. Acho que os portugueses também não gostaram do discurso feito em homenagem ao órgão...
Mas como o Brasil parece ser "desgovernado" por "Maria, a louca" minha quinta da saudade lembrará da música tema da rainha na série...
"Pata a Pata" da cantora, compositora, atriz, embaixadora da boa vontade da ONU e ativista pelos direitos humanos e contra o apartheid sul-africana Miriam Makeba.
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