Pular para o conteúdo principal

Mila Costa apresenta " Coisas de Preto: Homenagem às Vozes Negras Brasileiras"



Representatividade- Mila Costa dá novo significado ao termo "coisas de preto" com projeto que mostra a beleza das vozes negras de nosso país.
Foto: Valério Silveira



Desconstruir o termo " Coisas de Preto" e dar a ele um significado do que há de mais lindo em nossa cultura e reescrever o conceito de "negritude " é o intuito de "Coisas de Preto: Homenagem às Vozes Negras Brasileiras". O projeto da cantora paraense Mila Costa, 31 anos teve como inspirações o samba enredo de 2020 da escola Tom Maior que se chamava " Coisa de Preto"; o filme " Medida Provisória"   dirigido por Lázaro Ramos e  o livro "Pequeno Manual Antirracista" da filósofa Djamila Ribeiro. 

"Eu como uma mulher da Amazônia, descendente de uma pessoa que foi escravizada e com uma família de maioria negra já vi o preconceito de perto, o termo "coisas de preto" me foi apresentado desde a infância como algo negativo e vi grande parte da minha família se sentindo menosprezada e diminuída simplesmente pela cor da sua pele e por não terem traços europeus. Como eu sempre fui apaixonada por música olhava e escutava vozes negras e pensava que aquilo sim era 'coisa de preto", afirma.

E essa paixão pela música surgiu ainda na primeira infância quando a pequena Mila via suas referências na TV ou na rádio. Criativa, transformava objetos como caneta ou desodorante em microfones e ali soltava sua voz de criança que com os anos ganhou corpo e passou a encantar seu público.

   " Desde os 3 anos de idade eu já falava que queria ser cantora, olhava na TV ou escutava na rádio cantores como Elis Regina, Milton Nascimento, roupa nova, Djavan, dentre outros, e admirava maravilhada, eu não tenho músicos na família, sou a primeira musicista, então a minha paixão pela música vem de amar ouvir música e admirar esses cantores na TV ou no rádio. Desde pequena eu brincava de cantar com microfones imaginários que podia ser uma caneta ou um desodorante, brincava de compor e adorava cantar em Karaokê todo tipo de música. Nós tínhamos um karaokê em casa e durante toda a minha infância eu me divertia cantando.    Com 16 anos eu comecei a estudar canto popular na EMUFPA (Escola de música da Universidade Federal do Pará) e a partir daí comecei a cantar profissionalmente cantando em grupo folclórico músicas de ritmos Amazonicos e MPB em geral. Posteriormente me formei em licenciatura em música pela UFPA e em Canto Lírico pela EMUFPA, sempre conciliando a carreira acadêmica com a vida artística e as aulas de canto que eu sempre ministrei. Como cantora lírica cantei em várias óperas e como cantora popular participei de grupos de samba, MPB, jazz e músicas paraenses", lembra.


Nos vídeos publicados em seu canal no YouTube Mila Costa, Mila já homenageou intérpretes como Djavan e Milton Nascimento com releituras carregadas de emoção de canções como " Fazenda"; "Pétala"; " Oceano" e "Nascente".


"Meu projeto tem como um dos objetivos desconstruir o termo "coisas de preto" que de forma preconceituosa por vezes era e ainda é utilizado com uma conotação negativa.

Infelizmente ainda vivemos em uma sociedade muito desigual e como aponta o jornalista Americano Joe Davidson "Notícias sobre negros são sempre associadas à pobreza e violência....Nossa imagem é sempre associada a histórias de crimes". Portanto este projeto visa exaltar a cultura negra por meio de grandes vozes negras brasileiras. Iniciei o projeto com gravações de músicas interpretadas por Milton Nascimento e Djavan, o primeiro artista é a minha maior referência e pra mim é a maior voz da música brasileira e Djavan que é um cantor e compositor genial conhecido mundialmente por sua excelência como artista" ,conta.


A artista conta ainda que  já conviveu com o preconceito de perto, mas que acredita no poder transformador da arte como ponte para reflexões e como instrumento para melhorar a sociedade na qual vivemos. Ela lembra ainda do grande legado deixado pelos negros para a cultura popular brasileira.


"Os principais ritmos da nossa música popular brasileira como o samba, o carimbó, o maracatu e o Ijexá tem origem negra, então se temos uma cultura musical rica devemos isso aos negros. Na sociedade em que vivemos de privilégio branco os créditos muitas vezes não são dados aos negros. Como no caso do Rock, por exemplo, em que Elvis se tornou o rei do rock, enquanto uma mulher negra chamada Roseta T harpe que veio antes e segundo alguns estudiosos criou o rock não teve o reconhecimento merecido, dentre outros inúmeros casos de apropriação cultural.  Com o projeto, pretendo enfatizar a importância dos negros para a cultura popular brasileira, o que é bem óbvio, já que o Brasil deve aos negros os créditos pela riqueza cultural reconhecida mundialmente que temos hoje, porém em uma sociedade como a nossa que mata pessoas pela cor da sua pele e que elege um presidente racista a gente precisa sempre explicar o óbvio".

 Além de ver sua arte espalhada por todos os cantos, a jovem de Belém do Pará  tem ainda como mulher brasileira um outro sonho : o de ter liberdade e poder viver sem medo.

Para começar a semana bem, convido vocês para conhecer esse belíssimo projeto na voz maravilhosa de Mila Costa.







Comentários

  1. Adorei a sua entrevista como sempre você está linda.

    ResponderExcluir
  2. Linda e muito talentosa! Parabéns pelo maravilhoso projeto.

    ResponderExcluir
  3. Minha linda prima cantora, muito sucesso pra vc, amo ver seus vídeos, parabéns pelo seu dom.👏👏👏🙌💖

    ResponderExcluir
  4. Maravilhosa!!Você merece todo sucesso!!! Deus abençoe sua vida meu amor!!!

    ResponderExcluir
  5. Talentosa!!! Você arrasa!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Quinta da Saudade : Barracão de Zinco

Véspera de Natal e dia da famosa quinta da saudade. E a data esse ano pede (deveria pedir sempre) reflexões sobre nossas atitudes e o que podemos fazer para melhorar, evoluir. Especialmente num ano de tantas perdas, em que muitas vezes tivemos de abrir mão de estar com quem amamos para preservá-los.  E Natal para mim, desde a infância teve uma atmosfera mágica : desde o decorar a casa, até acreditar no Papai Noel e esperar pela meia-noite sempre foi muito aguardado, e ainda é. Mas o papo aqui é música, e vou contar a história de uma serenata que me lembro ter participado ainda criança (década de 80)  lá no bairro do Embaú, em Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba. Todos os anos nos reuníamos entre familiares e amigos e o samba era o ritmo que fazia a trilha sonora das festas. Ali tocavam Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Originais do Samba, Beth Carvalho, Clara Nunes, Almir Guineto, Martinho da Vila e assim a noite corria. Uma tia avó, chamada Cândida (Vó Dolinha para nós), gostava mu

Black Jack celebra o amor em forma de rock'n'roll

Black Jack - banda taubateana conquista fãs no Vale do Paraíba e anuncia o lançamento do videoclipe do single "Celebrate Love" para setembro  Foto: Ian Luz Guitarras e bateria anunciam o fim de uma era de intolerância. Hora de praticar o bem ao próximo e quebrar o ciclo de vingança e de ódio. Um chamado para os fãs do bom e velho rock and roll . Este é o tema de "Celebrate Love", música da banda taubateana Black Jack, lançada no dia 13 de julho, Dia Mundial do Rock. Em setembro - próximo mês - será lançado o videoclipe da canção,  o single pode ser encontrado  em todas as plataformas digitais. A história do grupo começou em 2009, na cidade de Taubaté, no Vale do Paraíba, quando cinco amigos, todos com catorze anos, estudantes da escola Balbi- Unitau se reuniram e resolveram fazer um som. Desde então a banda passou por algumas mudanças e  atualmente, apenas dois integrantes originais ainda continuam na banda, Caio Augusto Rossetti  (baterista e backing vocal) e John

Entrevista: A Dança existencial de Sterce

  Fusão - Misturando Indie, Synth Pop e Alternative, cantora paulistana celebra o lançamento de seu terceiro single Foto: Divulgação A cidade de São Paulo ao anoitecer é um espetáculo para quem gosta de observá-la. Uma mistura de ritmos e luzes, com os sons dos carros e as iluminações dos prédios. E é da capital que nasceu Isabella Sterce, cantora e compositora que adotou o sobrenome como nome artístico. A artista de 21 anos busca por meio de sua música toda inquietação da juventude, trazendo à tona temáticas como sonhos, brevidade da vida e emoções diversas, abordando tudo o que não se vê mas se sente, misturando sonoridades e letras vezes melancólicas, vezes nostálgicas. Hoje a cantora lança "A Dança" seu terceiro single em todos os streamings, uma música que fala sobre a vulnerabilidade de existir em meio ao caos e sobre encarar a jornada da vida como se esta fosse uma coreografia a ser desenvolvida. Além do single entra no ar o videoclipe que pode ser conferido no canal