E foi lindo o primeiro Carnaval após os últimos anos de pesadelo. Permaneci em casa, mas acompanhei daqui os desfiles, os blocos, as fotos dos amigos festejando. Fantasiados, comemorando um carnaval cheio de vida.
Infelizmente pelos noticiários acompanhei também toda tragédia no litoral de São Paulo e a polêmica criada em torno de que se deve ou não aplicar dinheiro público em festas populares. Mas isso é assim desde que o mundo é mundo e não vai mudar tão cedo. Fora os comentários absurdos de quem vê numa fantasia de diabo o mal sendo invocado. Se der uma conferida nas redes sociais do "abençoado" ou "abençoada" verá que o pobre diabo é um santo perto de tanto ódio destilado. Como diria Guimarães Rosa : "o diabo não há! Existe é homem humano. Travessia."
Mas os dias de folia aqui, retirada, me fizeram bem. Na companhia de meu violão comecei a lembrar de músicas que embalaram meus carnavais. "Balancê", que contei semana passada para vocês, "Taí"; "Cabeleira do Zezé", "Ó Abre Alas" ...
Foi quando abri o Instagram e vi uma foto do Carnaval de Guararema - cidade do interior próxima a Mogi das Cruzes- me lembrou com carinho dos meus carnavais da adolescência. Em Mogi, em Lorena, onde fosse, lá estava eu na praça, dançando todas atrás da banda. Aqui em Lorena na época, fiz amizade com as drag queens que recebiam olhares feios dos moradores da cidade mas encontraram em mim uma foliã animada e companheira de coreografias mirabolantes. Como eram lindas, livres e felizes. E exalavam amor. Com elas caí no frevo "Festa do Interior", composição de Abel Silva e Moraes Moreira, um hit do ano de 1981 - quando nasci- na voz de Gal Costa. Aliás, já completamos mais de 100 dias sem Gal. E vamos para 3 anos sem Moraes...
Curiosa que sou digitei no Google o nome da música e achei uma entrevista de Abel Silva para o Jornal JB em Folhas e descobri algo que me fez gostar mais ainda da canção. Foi feita logo após o episódio do Rio Centro, como contou o compositor.
“Estávamos na ditadura, logo depois do episódio da bomba do Riocentro (em 1981). Eu ainda morava em Ipanema e estava levando meu filho para a creche, pensando no ocorrido. Fui escrevendo mentalmente a letra, como uma forma de passar pela censura. Na verdade, a letra é totalmente política. Nas trincheiras da alegria o que explodia era o amor! Ao chegar em casa, liguei para Moraes, e, no mesmo dia, a música estava pronta.“, lembrou para o jornal do Jardim Botânico.
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E esse ano, nas trincheiras da alegria só explodiu o amor. Pudera, nós brasileiros já passamos por muita tristeza. É por isso que minha quinta da saudade vai dividir com vocês " Festa do Interior". Minha forma de homenagear Gal, Moraes e Abel. Me perdoem o violão, ainda aprendendo e em busca de um músico para me acompanhar. Quem se habilita?
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