A Guerreira. A Mestiça. Mineira. Mestiça Mística. Sabiá. Claridade...
Assim era conhecida Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, mineira de Paraopeba, cidade localizada em Minas Gerais. Caçula entre sete irmãos, nasceu em uma família muito humilde e ainda na infância perdeu o pai, morto em um atropelamento e a mãe, que entrou em uma depressão profunda. Foi criada pelos irmãos e entre o coro da igreja e as ladainhas treinava seus ouvidos tendo com referências as cantoras da era da rádio: ouvia Carmen Costa, Ângela Maria, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira. Foi para Belo Horizonte na juventude, devido ao assassinato de seu primeiro namorado- cometido por seu irmão para defender sua honra- e lá começou a trabalhar como tecelã.
Na década de 60 conheceu Aurino Araújo- irmão do ídolo da Jovem Guarda Eduardo Araújo- que a apresentou para inúmeros artistas, dentre eles o produtor Cid Carvalho que a batizou de Clara Nunes. A partir de então venceu vários concursos e a ida para o Rio de Janeiro foi inevitável. Porém a cantora começou carreira cantando boleros e canções românticas. Muito bela, era convidada ainda para protagonizar fotonovelas. Mas foi na década de 70, após uma viagem para Angola que a artista adotou de vez o samba como sua bandeira contra o preconceito, e contra a intolerância religiosa.
Clara, foi uma grande pesquisadora da música popular brasileira, dos ritmos e do folclore, e foi porta-voz de nossa cultura. Infelizmente em 2 de abril de 1983 nos deixou em decorrência de um choque anafilático durante uma cirurgia de varizes. São 40 anos sem sua luz. Hoje vou lembrar aqui, no Falando em Sol algumas canções gravadas por essa voz que amo.
Lama, canção de Mauro Duarte tem uma letra fortíssima: " por isso não adianta estar no mais alto degrau da fama, com a moral toda enterrada na lama..."
Comentários
Postar um comentário