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Entrevista : o amor cantado por Bianca e Daniel Prado


Emoção- Bianca e Daniel Prado casal de músicos mogianos  unidos pela música
Foto: Rafa Côvre e Bia Nunes



A música tem diversas funções. Ela diverte, emociona e une. Assim como aconteceu com um casal da cidade de Mogi das Cruzes, no estado de São Paulo. Ela, desde criança incentivada pela família a dedilhar um violão. Ele, desde pequeno com uma guitarra de plástico brincando de tocar Radio Ga Ga da banda britânica Queen. Em comum tias que tinham violões e que apresentaram a eles o  apaixonante mundo da música.

Ela, menina seguia aprendendo com as revistas as posições dos acordes e tirando suas primeiras melodias acompanhando com  tua voz encantadora, moldada  por cantoras como Marisa Monte, Marina Lima, Rita Lee. Ele, emprestou o violão da tia prometendo fazer aulas que nunca fez. Mas o ouvido já tinha sido doutrinado por doses cavalares de Jimi Hendrix e Stevie Ray Vaughan e pelo bom e velho blues.

Até que um dia, ela já vocalista da Band It- banda que é referência na noite mogiana- conheceu o rapaz que entrou na banda para substituir o guitarrista que havia se mudado para a Austrália. Ali a empatia foi imediata. Por dois anos cantaram juntos e foram construindo uma grande amizade e como por mágica uma identidade musical. Quando cantavam juntos "Cruisin'", sucesso da soul music de Smokey Robinson, era nítido que aquele encontro de almas era predestinado. Construíram nesse tempo, sem que percebessem, a própria trilha sonora. Porém o namoro só aconteceu dois anos após terem saído da banda. Hoje, embalam a trilha de outros casais, marcando momentos únicos em suas vidas.

Esta história de amor é real, e o casal que a música uniu é Bianca e Daniel Prado, entrevistados do Falando em Sol de hoje. Conheçam o belíssimo trabalho deles nas redes :biancaedanielprado.com TikTok - @biancaedanielpradomusic Instagram - @biancaedanielprado Youtube - @biancaedanielprado

Tatiana Valente

 F.S Como vocês se interessaram por música?

Bianca - Minhas memórias mais antigas com música são da minha tia tocando violão para nós, seus sobrinhos, me lembro do piano na casa da minha avó paterna, que ela não tocava mais, mas me deixava fascinada e curiosa por aquele instrumento toda vez que a visitávamos. Mais tarde, aos 12 anos de idade, meus pais aprenderam a tocar violão com um professor que vinha em casa, e eu pegava as revistinhas com os formatos dos acordes e tentava tocar também, até que me interessei em aprender a tocar violão também.

Daniel -Eu me lembro de que quando eu tinha uns dois ou três anos eu tinha uma guitarra de plástico e ficava brincando de tocar Radio Ga Ga do Queen. Cheguei a fazer algumas aulas de teclado para tocar as músicas do RPM, mas não foi pra frente. Mais tarde, quis aprender bateria porque uma prima minha estava fazendo aulas. Também não foi pra frente. Sempre quis aprender violão, mas achava muito difícil. Um dia, peguei um emprestado de uma tia, prometendo que faria aulas e nunca fiz, mas aprendi a tocar.

F.S Quais suas referências musicais?

Bianca- Minhas referências musicais, eu diria que tiveram início com as cantoras brasileiras que eu amava ouvir, e mais tarde compraria os CDs: Marisa Monte, Marina Lima, Rita Lee, Paula Toller do Kid Abelha, Vanessa da Mata, Maria Rita. Mas, ao mesmo tempo, eu tinha um interesse muito grande na língua inglesa e gostava de ouvir bandas de pop rock dos anos 80/90, queria saber a letra das músicas, por exemplo: The Cranberries, Counting Crows, Blues Traveler…

Daniel - São muitas, mas as que eu acho que mais se refletem na minha forma de tocar são Jimi Hendrix e Stevie Ray Vaughan. Mas recentemente, Derek Trucks e Jorge Drexler têm me feito olhar para a guitarra de um jeito diferente. Como cantor, Joe Cocker sem dúvida, mas inúmeros cantores de blues também me moldaram como Howlin’ Wolf e Muddy Waters.

F.S  Como foi o Convite para integrar a Band It?

A história de como entrei para a Banda Bandit em 2003 foi bem inusitada! Eu e minha irmã mais velha, Daniele Chacon, já tínhamos cantado em uma banda amadora da escola de inglês Yazigi da nossa cidade e lá conhecemos um guitarrista chamado Alexandre Harano. Cantamos nessa banda de rock dos anos 60 com ele por uns 2 anos talvez, fazíamos muitos ensaios e pouquíssimas apresentações, pelas escolas do estado. Anos mais tarde, minha irmã ia se casar, e convidou o Harano que já tocava com a Banda Bandit, para se apresentarem na festa de casamento dela. Foi a primeira apresentação da Bandit em casamento. No final do show, nosso amigo chamou minha irmã (a noiva) e eu, para subirmos ao palco e cantarmos algumas músicas da época da Banda Yázigi! Foi muito divertido, cantamos junto com a banda e uma semana depois, eles entraram em contato comigo para cobrir a saída do cantor que faria um trabalho solo. Aceitei e tocamos juntos por mais 2 anos. Daniel se juntou ao time e nos casamos alguns anos depois!

F.S Qual foi a música que marcou o início do namoro de vocês?

Apesar de termos tocado na mesma banda por 1 ano, só começamos a namorar 2 anos depois de termos saído dessa banda. Então, nosso namoro foi marcado por algumas músicas que ouvíamos naquela época em 2006, tinha muito The Corrs e John Mayer. A música Runaway do The Corrs foi muito marcante pra gente. Mas, uma das artistas mais importantes e que mexe com a gente até hoje é a canadense Loreena McKennitt.

F.S Como é cantar em casamentos? Como se sentem ao fazer parte de um momento tão importante nas vidas de casais?

Começamos a tocar em casamentos por acaso. Nós dois fazíamos apresentações acústicas em bares e restaurantes aqui da região de Mogi das Cruzes, lá pelos anos de 2010/2011, quando casais que nos assistiam começaram a nos pedir para fazer apresentações nas recepções e algumas cerimônias de casamento deles, tocando o repertório acústico em violões, com um estilo mais pop para esse momento. Acredito que foi um movimento crescente dentro do mercado de casamentos, buscando mais autenticidade dos casais dentro das cerimônias e festas, que aflorou no cenário que vemos hoje.

É uma emoção muito grande poder fazer as músicas que tem a essência do casal, no dia tão importante como o casamento deles. Foi uma feliz surpresa o caminho que o nosso trabalho tomou desde que começamos a tocar juntos. E ter a chance de assistir de tão perto as famílias se encontrando, se formando, se declarando, usando as nossas vozes para deixar mensagens uns para os outros, é sem dúvida muito especial. Para nós, nunca é só mais um!

F.S Como funciona a escolha de repertório?

A escolha de repertório em cerimônias é toda feita pelo casal, que se interessa pelo nosso estilo musical, então, eu, Bianca, ofereço suporte, sugestões e guia para montarem a cerimônia incluindo músicas que fazem sentido dentro do relacionamento deles. Pela demanda que temos hoje em dia, conseguimos abrir exceções de mais ou menos 3 músicas inéditas para nós, por cerimônia. Mas, todas as músicas são escolhidas pelos 2. Eu envio nosso repertório, lista com sugestões e roteiro dos momentos que costumam acontecer em cerimônias para os casais incluírem as músicas favoritas.

F.S Qual a música mais pedida?

Existem épocas em que músicas são mais pedidas do que outras. Por exemplo, quando Ed Sheeran lançou Perfect, ou a Pra Sonhar do Marcelo Jeneci apareceu em um pedido de casamento no fantástico, ou a música A Thousand Years da Christina Perri, que também foi muito pedida depois do filme, mas sempre existem aquelas que não deixam de ser clássicos do amor e acabam sendo favoritas como Can’t Help Fallin’ in Love, My Girl, Stand By Me e Here Comes the Sun.

F.S Teve alguma história interessante  nestes anos?

Lembro-me de todos os nossos casais, mas já perdi a conta de quantos foram nesses quase 14 anos de música para eventos, e com certeza tivemos histórias lindíssimas que vivemos! Uma que nos marcou muito, foi a de uma noiva que entrou no colo do seu pai, que por sua condição de saúde estava em uma cadeira de rodas. Foi uma surpresa para todos os convidados e enquanto eu cantava, só ouvia o som de choro e narizes inspirando a emoção! A música era Can’t Help Fallin’ in Love e assim que a noiva e seu pai chegaram no altar, eu não conseguia mais cantar, porque estava chorando também. Confesso que entrada de avós são bem emocionantes para mim, Bianca, então procuro fechar os olhos ao cantar. :)

F.S Vocês têm uma filha, a Aurora. O que ela escuta? O que vocês indicam para os pais?

Eu, Daniel, descobri, pouco antes da Aurora nascer, que bebês que escutam músicas muito complexas têm uma chance maior de desenvolver ouvido absoluto, que é quando alguém é capaz de identificar uma nota musical ao ouví-la apenas uma vez. Só é possível desenvolver essa habilidade nessa idade, então, eu tentei. Irei descobrir se deu certo ou não, no futuro. Uma coisa é certa, ela é incrivelmente afinada e muitas vezes, quando a ouço cantando sozinha e vou verificar uma das músicas que ela escuta, percebo que está exatamente no mesmo tom.

Nos primeiros dois anos da vida dela, ela ouviu muito Bach, Coltrane, Hermeto, Aydin Esen, Miles Davis, Oscar Peterson e outros. Mas, nunca tiramos dela as músicas infantis também.

Desde que ela começou a aprender a falar, há 1 ano mais ou menos, ela gosta muito de música e se interessa mais por aquelas que têm a ver com o universo infantil. Gostamos especialmente de um compositor chamado Zis, que compôs as músicas do Castelo Rá Tim Bum, que além de ter músicas muito criativas harmonicamente, têm letras ótimas e não são simples, nem cansativas para os pais! Gostamos muito do grupo Palavra Cantada e descobrimos recentemente um projeto do cantor Jairzinho com suas filhas chamado Grandes Pequeninos, em que elas cantam com ele, letras e melodias gostosas, com temas infantis e chama muito a atenção da Aurora, principalmente quando ela escuta as meninas cantando junto! ;)


F.S Vem trabalho autoral por aí?

Sim!

Temos uma música pronta para ser lançada, chamada HOME, composta pelo Daniel por volta de 2012, mas estamos trabalhando algumas estratégias de lançamento ainda. Vamos nos mudar para Portugal no fim de Setembro deste ano e muito provavelmente o lançamento será feito um pouco antes da nossa viagem. É uma música em inglês, já que me sinto mais à vontade para escrever nesse idioma. Assim que formos lançar essa e outras, vamos anunciar em nossas redes sociais: Instagram @biancaedanielprado, Youtube @biancaedanielprado, TikTok @biancaedanielp

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