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Entrevista- Juninho Groovador : groove brasileiro na terra do Tio Sam

Groove Potiguar - Junior Groovador, representante do groove nordestino leva ritmo e simpatia do Brasil para o mundo
Fotos: arquivo Juninho Groovador






Na música podemos dizer que temos um "groove" quando o contrabaixo sem o acompanhamento de uma bateria ou de qualquer outro instrumento nos faz dançar. É como se as quatro cordas do baixo reproduzissem as batidas de uma determinada música, o pulsar em seu sentido visceral. 
O menino José Edilson Firmino Junior, já carregava esse pulsar em seu coração, desde pequeno, quando aos sete anos se deparou um o violão do pai e, como por encantamento, ou coisa de destino mesmo, dedilhou as seis cordas até tirar "couro do dedo". Nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, trazia as referências do que via e ouvia na TV, além dos ritmos nordestinos, presentes em suas raízes culturais. Na adolescência conheceu o heavy metal por meio de um colega de colégio , e viu que ali, poderia surgir uma união perfeita, na qual aquele groove que já existia em seu coração poderia lhe garantir uma assinatura como artista. Com uma pitada de irreverência tentou levar sua forma única de tocar para o ministério de música da igreja da qual frequentava, mas não foi visto com bons olhos e teve seu primeiro não na carreira musical. Assim como recebeu diversas negativas de outras bandas que não compreendiam o jeito "groovador" de se fazer música. Decidiu então, por um momento, deixar seu grande sonho em segundo plano, mas com a fé no coração de que dias melhores viriam e passou a trabalhar como vigilante.
Porém, já estava escrito em sua história o sim que lhe abriria várias portas e o levaria para um lugar de honra num  destino que já era seu, por providência divina . Um vídeo do potiguar chegou ao ator e músico norte-americano Jack Black, que ao se encantar com a simpatia e estilo de Junior, compartilhou em suas redes, pedindo que pudessem fazer algum contato. Daí, corta para o palco do Rock in Rio 2019, depois para uma participação como garoto propaganda do filme Jumanji e agora como representante do "groove" brasileiro no reality "America's Got Talent" que inicia nova temporada dia 30 de maio.
Pai da pequena Sofia Lívia, o músico de 39 anos sonha em viver de sua arte, em poder "vencer na vida" e  levar música e alegria para o mundo todo.
E para a semana começar "groovada" conheçam a bela história do músico Juninho Groovador.

Tatiana Valente


F.S- Como Surgiu seu interesse pela música?

O  interesse pela música surgiu desde de criança, começando pelo violão em uma roda de amigos do meu Pai tomando umas cervejas no quintal da minha casa um dos amigos dele. Meu Pai deixou um violão em casa e aos 7 anos tive minha primeira experiência mesmo sem ter noção nenhuma musical. Dedilhei o instrumento tanto que arrancou o couro do meus dedos (risos). Mas minha primeira experiência musical foi com violão, depois uma leve rápida passagem na adolescência na guitarra. O contrabaixo foi amor a primeira vista comecei tocar aos 15 anos ! Mesmo sem o instrumento eu fazia o baixo com o próprio violão usando as cordas graves!

F.S- Na infância o que você ouvia? E na adolescência?

 Na infância eu sempre tive uma paixão pelos programas de TV. Minhas referências sempre foram fortes no Brasil assistindo Xuxa, Angélica, Sérgio Malandro , Trem da alegria , Balão Mágico, mas em especial de fim de ano na Globo assistia bastante o especial Michael Jackson então sempre foi uma referência muito forte na TV. Também na minha infância ouvia muito Mamonas Assassinas , e bandas nacionais em programas de TV me sentia admirado com as performances e os diálogos de entretenimento . Na adolescência no colégio tive uma afinidade com alunos da pesada do fundão um deles era o Rodrigo que na era do walkman passou em meus ouvidos minha primeira experiência no rock ouvindo Metallica. Daí foi paixão a primeira vista ! Isso foi em 1997 !


Juninho Groovador no início de carreira com colegas de banda  em Natal

F.S- Do menino que aprendeu violão com as revistinhas do supermercado Nordestão para o baixista. Como foi esse percurso? É verdade que você foi expulso da banda da igreja?

 Realmente as revistinhas era bastante importante para mim porque era o meu único recurso de estudo que tinha , trabalhava na lanchonete que meu pai tinha no colégio Alternativo em Natal e o dinheiro que recebia eu tirava xerox nas revistas de cifra. Meus pais não tinham condições de comprar instrumento, então eu estudava muitas vezes o contra baixo no violão, e as vezes pegava emprestado com amigos do bairro o baixo para estudar, não tinha amplificador e estudava a timbragem do instrumento no guarda roupa antigo que tinha no meu quarto , era minha forma de estudar o instrumento e muitas vezes no seco na "dedola" mesmo( risos) .Eu participei em 2000 na primeira experiência de grupo musical na igreja católica Santa Maria Mãe até realmente minha expulsão no ministério devido a minha forma de executar  a música, posturas de visual , comportamento de apresentação musical e referências que tinha com rock bastante , mais por incrível que pareça não me frustrei e sim senti a mão de Deus em minha mente e foi daí que abracei a música secular. Parti para um segmento mais profissional direto com a música...

F.S- Quais baixistas você tem como referência?

 Baixistas de referências são muitos. Eu gosto muito de músicas "graveanas" que tenham um baixo vibrante e energético. Mas eu tenho uma referência maior para mim que na minha visão e experiência nos meus 23 anos de música ,eu nunca vou deixar de enaltecer um baixista que me orientou e me inspirou bastante, que é daqui de Natal. O nome dele é George Mendonça ex- banda Montagem. Tive a honra de assistir ele ao vivo em um show aqui em Natal ,tocando Madonna e de repente partia para ritmos nordestinos depois voltava para linha internacional e com um baixo de 4 cordas ele timbrava a música idêntica com as originais, mais  sua performance própria. Isso mexia bastante comigo e me apaixonei pelo trabalho dele, é minha maior referência mais no campo internacional e nacional eu tenho muitos que eu admiro que são Arthur Maia, Pixinga , Marigeso ex- Ferro na Boneca , Faísca Bass ex- Mastruz com Leite ,Arismar do Espírito Santo. Internacional vem Flea, Steve Harris, Nathan East, John patituci, Victor Wooten , Billy Sheehan, Mike Porcaro, etc....

F.S- Quem são seus ídolos na música nordestina e como surgiu a ideia de misturar o rock com forró?

 Na música nordestina eu tenho referências incríveis como citei uns baixistas na pergunta anterior.Eu me apaixonei pelo forró também por um questão de aprendizado, mas a cultura do meu estado é muito forte o forró eu tenho como falei George Mendonça maior referência do baixo ele é de Natal,  admiro muito os baixistas do nosso nordeste e tenho referências da luthieria como Mucio daqui de Natal que constrói baixos maravilhosos e como eu cheguei a conhecer  com Faisca bass tocando o instrumento dele em um evento de forró aqui em Natal. Nessa época ele tocava na Mastruz com Leite uma banda de forró, e me admirei com a sonoridade do instrumento e a execução dele ! Tenho também outra referência do baixo o Marigeso bass ex Ferro na Boneca , Maurilio bass ex- Garota Safada . Complementando a ideia de misturar ritmos de rock em forró eu sempre tive esse pensamento pois sou apaixonado pelo rock e o forró foi uma lição de vida que carrego na vida profissional . Toquei em muitas bandas de forró juntar o útil ao agradável!

F.S- Você é um músico autêntico, muito irreverente. Já sofreu preconceito por isso?

 Já sim infelizmente, bastante na minha terra Natal RN . Por incrível que pareça meus trabalhos foram bastante blindados no Nordeste passei por situações difíceis no Ceará na capital Fortaleza, levei vários calotes e enganações de bandas de forró, fechava um valor e não pagavam.  Tive muita experiência nesse campo do forró e aprendi que a profissionalização nesse mercado é muito estreita. Muitos produtores nessa área e até mesmo donos de banda não aceitam um músico que se destaque mais que o cantor e que quebre barreiras no palco. O palco é feito para conquistar o público para exaltar a explosão e o amor que você tem com a música, sofri bastante preconceito, mas hoje me considero um exemplo de superação. Através das minhas conquistas profissionais mostro que eles que me condenaram e me censuraram estavam errados ... infelizmente o mercado da música é muito desunido mais temos que fazer a nossa parte e eu estou fazendo com determinação, foco e fé vamos vencer na vida!


Com os astros Jack Black  e Dave Grohl no backstage do Rock in Rio



F.S-Tua marca pessoal chamou atenção do músico e ator Jack Black. Como aconteceu? Qual foi a sensação de tocar no palco Mundo no Rock in Rio?

 A minha participação com Jack Black foi um marco na minha vida profissional. Antes dele publicar em suas redes sociais que queria me conhecer e tocar comigo eu já não estava vivendo de música devido a falta de valorização financeira no campo artístico tanto na cidade que eu moro como na desunião dos próprios artistas aqui da minha cidade. Infelizmente tive que colocar a música como segundo plano e estava me dedicando a profissão de vigilante e estava de férias quando recebi a notícia através das redes sociais que ele queria me encontrar .Fiquei bastante emocionado pois tudo que eu planejei era tentar fazer sucesso na minha terra, na minha cidade não tinha conseguindo. Mas a proporção que Deus colocou na minha vida foi gigantesca não esperava que meu trabalho fosse alcançar lugares distantes e a emoção foi gigante ao me encontrar com ele , a produção do Rock in Rio deu total atenção e credibilidade a esse encontro fizemos um grande show me senti confortável e em casa no palco mundo do rock in rio saber que tanto ele como David Grohl baterista que era do Nirvana queria me conhecer de uma forma gloriosa e carinhosa a ficha até hoje não cai de tamanha repercussão acredito que ficou pra história o Rock in Rio 2019 . Foi uma sensação abençoada, me senti bem a vontade de dividir o palco mundo com grandes artistas. Eu amo fazer shows, para mim quanto mais pessoas, mais público eu me sinto em casa. Um sonho realizado, tudo que eu queria era ser um telespectador assistindo shows com minhas bandas de rock que eu amo. Mas Deus proporcionou muito mais na minha vida , fui expulso de congregações musicais religiosas , fui demitido de bandas de forró devido a minha forma de tocar , hoje posso dizer que estou caminhando na Glória de Deus ... Ele nunca me abandonou e eu jamais abandonaria a minha fé independente do que qualquer religião sempre agradeci por tudo. Pelo ganha pão se eu toquei fiz show e muitas vezes não recebi, em tudo dei graça e pedi sempre orientação e força para Deus e ele me presenteou em realizar esse grande sonho ... eu fiz minha missão mostrei como Potiguar Natalense que com determinação, foco e fé eu chego lá tenho esse bordão vamos vencer na vida !


Com a banda Venosa em Uberlândia

F.S- Do menino de infância humilde para o contrabaixista mais groovado do país. Qual sonho ainda falta realizar?

 Meu maior sonho é viver de música viver transmitindo alegria por meio dela. Conseguir  ter minha casa própria, colocar minha filha em um bom colégio, minha família ter um plano de saúde, viver em abundância com os verdadeiros amigos , geladeira cheia , respeito, reconhecimento e dignidade com a vida viver em conjunto seguindo e construindo o bem sempre ....


Comentários

  1. Júlia Guedes é uma potência, uma grande artista plástica e uma musicista notável, talentosa criativa e advinda de uma árvore genealógicamente musical efervescente. Além de ser uma mulher linda e inteligente extremamente que faz o chocotone mais enlouquecendo do universo gourmet.
    Aqui te amamos, Julinha.💜 Toca esse piano e solta a voz pra o mundo ver, amor nosdo!

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