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Entrevista- Robson Sá celebra uma " Vida Melhor"


Vida Melhoro menino do Realengo que se encantou pela arte de Gilberto Gil celebra idade nova e canção lançada na última semana
Foto: Igor Moraes


O Realengo é um dos bairros mais populosos do Rio de Janeiro. Localizado na Zona Oeste da cidade maravilhosa é conhecido por sua diversidade cultural por abrigar vários blocos carnavalescos e escolas de samba. É lá, que desde 1998 existe a Lona Cultural Municipal Gilberto Gil, anteriormente Lona Cultural Capelinha, um espaço onde são realizados shows, apresentações e oficinas, além de atividades esportivas. A homenagem ao músico e compositor baiano se deu por causa da menção que ele faz ao bairro na música "Aquele Abraço". No dia da inauguração da Lona todo o bairro parou: Gil, o homenageado foi entregar o abraço pessoalmente aos moradores do local que estava em festa. Ali, começava uma grande admiração por parte de um garoto, que teve na arte de Gilberto Gil um espelho para o que sonharia em ser no futuro. 

Hoje, esse menino que começou carreira cantando nos corais da igreja que frequentava na adolescência e participou de projetos sociais que ensinavam música para crianças seguiu os passos de seu ídolo: fez do palco seu amigo e se apresenta para um grande público no Brasil e no exterior. 

Há cinco anos,  o cantor e compositor carioca Robson Sá é backing vocal de Lulu Santos, e em alguns momentos dos shows do "hitmaker" assume - com sua voz, maravilhosamente moldada pelo R&B-  o vocal principal de canções como Sereia e Condição. Sua dança cheia de ritmo contagia a plateia  que imediatamente copia os passos feitos por ele, pelo baixista Jorge Aílton e por Lulu, fazendo do espetáculo um acontecimento único e coletivo. Uma tradução perfeita do que seria o "tudo junto e misturado".

Em 2022 Robson deu o pontapé inicial para sua carreira solo, com o lançamento do single "Flor do Paraíso", que contou com a participação mais que especial de um coro de refugiados do Congo. Em julho dividiu com seus fãs todo romantismo na canção " Fora do Lugar", com arranjos feitos por meninos -tão sonhadores quanto ele-  da Orquestra Maré do Amanhã. Na última quinta-feira 3 de agosto, o cantor e compositor celebrou, além de seu trigésimo primeiro aniversário, o lançamento  de "Vida Melhor", uma composição de Henry Cheruti Gaab, Gabriely Cheruti e Adi. A faixa faz parte de um grupo de cinco canções que serão lançadas até o final do próximo semestre pelo selo Bem Te Vi Music,  e distribuição da Ingrooves Brasil. Com a produção musical de Bernardo Fonseca, a música ganhou um videoclipe na mesma vibe "alto astral", que pode ser conferido aqui.

"A canção é terapêutica e traz consigo a força do estímulo positivo, da autoconfiança, sobretudo, o fato de que o futuro é uma escolha”, explica o artista, que exalta nesta canção a harmonia em meio às adversidades. É preciso saber viver, pois a vida tem diversos caminhos e você tem que escolher”, conta.

 Robson deu uma  entrevista ao Falando em Sol, enquanto se preparava para mais uma viagem da turnê Barítono. O cantor se lembrou de sua história de vida e falou ainda sobre sonhos e projetos futuros do menino do Realengo que um dia foi "abraçado" pela arte de Gilberto Gil.

F.S -Robson, como foi sua infância? Quando e onde nasceu? E quais são suas memórias musicais dessa época?

Sou de Realengo e lá, vivi bons momentos em minha infância , mesmo diante dos dilemas da vida de um suburbano. Lembro de quando inaugurou a ‘Lona Cultural Gilberto Gil’, que é bem pertinho de onde morava e Gil compareceu no local, o bairro inteiro esteve festivo e aquilo pra mim foi o máximo. A minha história de amor pela arte de Gil começou exatamente nesse momento aos meus 7 anos de idade.

FS-Quando você começou a cantar?  Qual a importância da experiência do coral em tua vida?

Comecei a cantar na igreja, ainda adolescente, como solista em coral. Nossa, foi muito rica a experiência porque me ensinou muito sobre técnicas, divisão de vozes e a estrada inicial, mas logo em seguida fui cantar em eventos, bares. E a noite me ensinou a diversidade na segurança de um repertório diverso. Hoje frequentando grandes palcos, consigo perceber essa diferença, específica quando se faz carreira solo e canta em grupo. 


F.S-Você já declarou que quando novo em Realengo, foi convidado para participar de projetos sociais que tinham a música como "mestre". Qual a importância destes projetos em tua formação como cantor?

Pra mim, foi um divisor de águas o aprendizado que adquiri nos projetos sociais que frequentei enquanto criança. Não tínhamos grana pra pagar uma excelente escola de música e qualquer oportunidade que pudesse surgir, sem fins lucrativos, era sempre muito bem-vinda para o aprimoramento e entendimento vocal. 


F.S-Lulu dá uma grande visibilidade para seus músicos. Em muitos momentos dos shows você conduz a plateia assumindo o vocais de grandes hits como Sereia, Condição. Qual a emoção de cantar para multidões no Brasil e no exterior?

Lulu é um artista ímpar, extremamente generoso. Tem sido um privilégio vivenciar todo esse aprendizado adquirido ao longo desses 5 anos de estrada. É uma emoção transbordante! Fico emocionado com as reações sinceras do público do mestre que acolhe meu trabalho, sobretudo em dividir esse espaço ao lado de um ícone de referência pop no Brasil. Aqui é só alegria e gratidão


F.S- No single "Flor do Paraíso", você convidou um coral de refugiados do Congo. Agora em "Fora do Lugar" a Orquestra Maré do Amanhã é responsável pelos arranjos. Qual a importância da representatividade na sua música? Quais os próximos projetos?

A representatividade racial ou social será sempre meu aliado . Quem sou e de onde venho não podem ser fuga para esquecimento em um presente ascendente. Gosto de multiplicar o que é bom, dar oportunidades (mesmo diante das limitações que possuo de um artistas independente no início de carreira ). Eu quero algum dia montar minha banda com uma galera fora dos padrões seletivos sociais , iguais a mim ( preto de pele clara , preto retinto , preto caramelo). Lindo, representativo e prazeroso ver os nossos abrirem caminhos e ganharem espaços na música.


F.S-O que é música para você? Qual teu sonho?

Música pra mim, é a arte de manifestar diversos sentimentos dentro da gente, diante de um som. Meu sonho é continuar expressando todo esse sentimento que existe em mim através da minha arte , minha voz, sobretudo, ter a oportunidade de permanecer fazendo uma porção de gente feliz, quanto mais gente feliz, melhor !

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