Ontem foi aprovado no Senado - pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária- um projeto que estabelece, entre outras coisas, um marco temporal para a demarcação de terras indígenas. De acordo com o texto,=aprovado nesta quarta na comissão, fica fixada a promulgação da Constituição Federal como linha de corte para as demarcações de terras indígenas. Só poderão ser demarcados aqueles territórios em que ficar provada a ocupação da área pelos indígenas até a promulgação da Carta, em 5 de outubro de 1988. Esta história ainda tem muito chão, afinal dependemos do presidente do senado para decidir se essa proposta será ou não distribuída para outras comissões e...
Essa semana me emocionei muito ao ver um vídeo publicado no Instagram da Mídia Ninja do povo Yawanawa com violões e instrumentos de percussão entoando um canto da floresta. Era como se eles pedissem para os espíritos da natureza que atuassem em suas defesas, numa semana tão decisiva para esses povos. Daí essa cabeça aqui se lembrou de quantas injustiças foram feitas com indígenas no país que antes da colonização era só deles.
Me lembrei da notícia que me chocou ainda adolescência: um indígena chamado Galdino Jesus dos Santos, líder da etnia pataxó-hã-hã-hãe, em dezenove de abril de 1997 foi até Brasília para tratar de assuntos relacionados à demarcação de terras indígenas no sul da Bahia. O indígena foi covardemente assassinado por cinco homens que com álcool e fósforo o queimaram vivo. Eu , rebelde por natureza, descendente de um bugre, fiquei extremamente revoltada. Como isso era possível? Ninguém ia falar nada?
No ano seguinte, vi o anúncio de que Gabriel, O Pensador, conhecido pelas críticas ferrenhas em suas canções lançaria uma música em parceria com Lulu Santos falando sobre um "índio". Já tinha quebrado a antipatia que tinha por ele que cantava uma "Loura Burra" com "Estudo Errado"- nessa segunda ele falava tudo o que pensava e ainda penso- mas era hora de eu dar uma trégua pro rapper e me unir a ele e ouvir o que tinha a dizer em "Cachimbo da Paz".
E ali, ele me conquistou de vez. Com um refrão "chiclete", falando sobre a maresia, falava sobre as injustiças sofridas por um indígena que chegava na cidade e se deparava com a violência até ser covardemente assassinado. Semana passada, 25 anos depois, Gabriel e Lulu voltaram, mais uma vez defendendo a causa indígena e acompanhados pelo rapper Xamã, com "Cachimbo da Paz 2". Desta vez pensei " que bom que temos artistas que falem por eles, para o público jovem, como um dia fui".
Hoje, minha Quinta da Saudade vai lembrar da primeira, lançada no álbum "Quebra-Cabeça", no ano de 1998. Bora sentir a "maresia"?
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