Mil novecentos e noventa e um.
Eu finalmente tinha completado meus dez anos. Um marco. O corpo magrelo de criança começava a dar sinais de uma pré-adolescência chegando. Já usava meu primeiro sutien e gostava de me enfeitar para ir até a escola ou para o curso de inglês. Usava perfume, batom e vez em quando pegava escondido o kajal de minha mãe, sempre achei lindo o look total dark.
As férias de julho daquele ano foram marcadas por uma estreia na tevê: uma novela das 19 horas, escrita por Antônio Calmon e dirigida pelo maravilhoso Jorge Fernando, que teria em seu elenco crianças e pré-adolescentes como eu. O tema, muito curioso para mim, que nos Halloweens da escola de inglês onde estudava, ouvia com curiosidade sobre os personagens folclóricos da cultura inglesa. Vampiros tomariam conta da telinha. E a história seria de uma cantora de rock, que chegaria a uma cidade de praia chamada "Armação dos Anjos" em busca da Cruz de São Sebastião, para desfazer o pacto feito com o líder dos Vampiros. Ali conhecia Jonas Rocha (Reginaldo Faria), um capitão reformado da Marinha, casado com a Historiadora Carmem Maura (Joana Fomm) que vivem na mesma pousada com seus doze filhos (seis de cada um). A cantora viveria durante a novela um triângulo amoroso entre o pai, e o filho Lipe.
Sentadinha na frente da tela tive meu primeiro choque. A personagem, era a mesma que fez Tieta jovem, muito produzida e sem o famoso "mé" (risos). Na praça de Roma, com um radião portátil (igual ao do meu pai) Natasha surgia plena, dançando e fazendo um vocalize tendo como fundo um canto gregoriano, Enigma, o grupo se não me engano.
Caramba. "Tieta evoluiu", pensei.
Mas este foi só um aperitivo do que viria depois. A diva, maravilhosa, poderosa Cláudia Ohana, surgiria, toda de preto, acompanhada de banda e bailarinas com uma releitura de "Sympathy for the Devil", dos Stones, e na frase inicial trocava "I'm a man por I'm a woman". Ah pronto, virou minha inspiração, e de uma geração toda. Eu só pensava: " quando crescer quero ser essa vampira aí!!!!".
Sobrancelhuda e cabeluda já era. Se você está lendo,rindo, e pensando... pode parar com o bullying!
Foi assim que as roupas pretas entraram de vez para meu armário . Como a artista era linda, cantava e dançava. Que Madonna que nada, tínhamos Natasha.
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