Sonhos - Felipe Carceles e banda realizaram no último domingo o sonho de levar o repertório da Aborto Elétrico para público mogiano
Foto: Tatiana Valente
Nesse mundo existem três tipos de pessoas.
As que sonham, as que apoiam sonhos e as que vivem para destruir os sonhos. Escolher qual delas seremos faz parte de uma peça teatral chamada vida.
Aos dezessete anos eu vivia com o violão debaixo do braço, tentando tocar alguma coisa com os três acordes que sabia e com as revistas que tinha em casa. Fim da década de 90 a Internet não trazia sites com cifras facilitadas, aprender era na raça mesmo. As canções da Legião Urbana eram constantes, pois muitas tinham acordes sem pestana e eu conseguia fazer. Embora soubesse que teria de prestar um vestibular e escolher uma profissão, sonhar em trabalhar com música era coisa minha, só minha. E ouvia de todos os cantos que a música não me levaria a lugar algum. Isso quando não zombavam de mim aprendendo a tocar, imitavam meu cantar, ridicularizando meu timbre de voz.
Um dia fui num casamento da família num sítio e no fim da festa estava sentada num canto com o violão do meu pai no colo, tocando - ou tentando tocar- o que sabia. Uma mulher totalmente alterada pelo álcool veio com toda violência e tomou o violão das minhas mãos. E disse:
"Dá esse violão pra quem sabe tocar, você não sabe nada", e deu uma gargalhada fazendo as outras pessoas em volta rir também.
Chorei, ainda não era a desaforada que sou hoje. Fui consolada pela noiva, que me disse para não dar ouvidos para alguém que nunca tinha construído nada na vida. Depois desse episódio, fiz parte de um coral, cantei em casamentos, me chamavam para cantar hino nacional em formaturas. Das pessoas que faziam música nunca recebi chacotas ou palavras que me fizessem questionar se realmente tinha o dom de cantar, sempre recebi incentivos. De pessoas muito próximas recebia críticas e chacotas. Minha autocrítica se apoiou nessas palavras e fui deixando de fazer o que gostava e muito: aprender a fazer música e cantar. Talvez se nessa época tivesse ouvido o trecho da música do grupo "Capital Inicial" que diz " Se eu for ligar pro que é que vão falar/Não faço nada", teria seguido adiante, como segui com o Falando em Sol, que também foi alvo de muitas e muitas críticas negativas.
Mas decidi que não seria na minha vida o tipo de pessoa que desencorajaria o sonho alheio, seria aquela que apoiaria e sonharia junto. O palco dos sonhos é um espaço no qual devemos pisar com toda delicadeza do mundo. Hoje, se meu filho me diz - e ele diz- querer ser desenhista, digo: você será. Estou aqui pra te apoiar. Muitos pais não sabem da importância dessas palavras para o sucesso de seus filhos.
E ver a alegria da mãe, familiares, amigos e ex-professores de Felipe Carceles neste domingo, 11 de novembro no Teatro Vasques em Mogi das Cruzes foi a certeza de que sigo no caminho certo.
Nesse dia, sentada na segunda fileira do teatro pude ver a concretização de um grande sonho na presença de pessoas que apoiam sonhos. O teatro lotado cantava junto do artista as canções das bandas que abriram as portas para o rock nacional. A todo momento ele agradecia a cada um que fez parte de sua trajetória de vida : sua mãe, aos padrinhos que lhe deram o violão e custearam as aulas, os amigos, as professoras. Teve no palco a presença do amigo que cantava com ele na calçada. A presença da primeira professora de violão, que o incentivou a tocar. E ainda, junto dele a presença de professores de guitarra e violão. Ali debaixo, tive a impressão de constatar na alegria dos músicos Clayton Melo, Pablo Máximo, Guto Parreira, Otavio Valentin, Fernando Goor e Rodolfo Oliveira a concretização dos sonhos de vários meninos. Chorei por diversas vezes, afinal fui testemunha ocular do menino que subia as escadas de um sobrado no centro de Mogi das Cruzes com um violão nas costas e cheio de sonhos no coração. E ali, naquele dia pensei: que bom fazer parte do time das pessoas que ainda sonham.
E é por isso que minha Quinta da Saudade vai compartilhar com vocês um trecho da releitura de Felipe Carceles e banda para "Eduardo e Mônica", canção de Renato Russo, poeta que fez com que seu sonho de fazer rock passasse para "gerações e gerações coca-colas" como a minha...
Aaaaaaaa Tati, como suas palavras fazem todos se emocionar, nao vou me cansar de agradecer vc por esse carinho, obrigado por ajudar e compartilhar esse sonho que foi realizado com Sucesso, graças a todos os envolvidos… Sim eu estou realmente MUITO Feliz….
ResponderExcluirObrigado ETERNAMENTE ‼️
Estive presente e me emocionei do começo ao fim, já quero um show desse novamente…foi muito top, parabéns a todos os envolvidos.
ResponderExcluir