Primeiro de janeiro.
Um dia para apenas existir. Assim, largada na cama passei o meu primeiro dia do ano. E vendo uma notícia após a outra. Até que um trecho do filme "Lambada o Ritmo Proibido" ( The Forbidden Dance) me chamou a atenção. Aí, curiosa que sou, resolvi ler os comentários. Críticas sem fim sobre como a atriz dançava, ou não dançava. O júri da Internet é cruel. Uma mulher comentou: "minha mãe não me deixava assistir porque no título dizia que era proibido, e eu via escondido". Pensei, cá com meus botões..."o proibido é muito mais gostoso e saboreado..."
Mas por que o ritmo seria proibido? Para mim, nunca foi proibido desde quando chegou na minha casa, no fim da década de 80 pela televisão. A lambada, gênero musical que nasceu no Norte do país trazia a união do carimbó, da guitarrada, da cúmbia e do merengue e resultava numa dança extremamente sensual, cheia de giros e reboladas, de preferência em par (aí o bicho pegava), ou sozinha mesmo.
Foi uma febre por todo Brasil. As trilhas das novelas traziam a lambada. Rainha da Sucata, de Silvio de Abreu tinha Sidney Magal cantando " Me Chama que eu vou", com bailarinos dançando freneticamente o ritmo em meio a bonecos de sucata. A música determinou ainda a moda: nós meninas usávamos sainhas curtas rodadas, e tops, o que hoje chamam de cropped. Logo os LPs chegaram em minha casa: Beto Barbosa, Sandy e Junior, Angélica e Fafá de Belém cantavam para que pudéssemos cair na dança. Minha irmã e eu dançávamos todas, o dia todo, e o hit que estourou nas paradas foi " Chorando se Foi" / "Llorando se fue", escrita por Gonzalo e Ulises Hermosa, sucesso pela banda Kaoma. Na adolescência, no fim dos anos 90, em minha viagem de formatura me realizei dançando lambada com os bailarinos em Arraial D'Ajuda, bem próximo dos giros e pegadas fortes. Muito fortes.(rs)
E não pensem que o ritmo brasileiro fez sucesso só aqui. A cantora e compositora russa Tatiana Shmailyuk, da banda de metal Jinjer declarou em entrevista ao site "The Pit" que "dançava Lambada da banda Kaoma até a morte" . Anos mais tarde em 2011, Jennifer Lopez incorporou a canção em seu single "On The Floor".
É pra esse ritmo proibido, delicioso e sensual que minha quinta da Saudade vai levar vocês hoje.
Uma nota triste em meio a tanta alegria: a vocalista da banda Kaoma foi brutalmente assassinada no ano de 2017 após sofrer um assalto.
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