Pular para o conteúdo principal

Entrevista :" Pra dentro de Celso Andrade"


Lançamento - Celso Andrade lança hoje no Theatro Vasques " Pra Dentro de Mim Mesmo", gravado no Estúdio Municipal de Música de Mogi das Cruzes
Foto: Mauricio Noro



 Todo  6 de janeiro  famílias de algumas cidades brasileiras se preparam para receber em suas casas os cortejos de Folias de Reis. Violeiros e cantadores celebram com cantos e danças a jornada percorrida pelos três reis magos até conhecer o recém-nascido menino Jesus. 

Levam sons e cores que marcam a memória de quem um dia já teve a oportunidade de participar da celebração. E foi em Minas Gerais, acompanhando o avô, violeiro de Folia de Reis, que o então menino Celso Andrade se encantou pela música. O som produzido pela viola caipira e o canto dos pais nas festas de família foram escola para o músico que há anos fez de Mogi das Cruzes seu lugar de morada. Na cidade inaugurou, inspirado na música "Barato Total" de Gilberto Gil, o " BarAtotal", bar e casa de cultura que há 27 anos recebe músicos da cidade e anualmente realiza cerca de 240 apresentações, gerando arte, emprego, renda e formação para os artistas de Mogi e região. Pelo palco da casa já passaram nomes como Renato Brás, Ceumar e Kleber Albuquerque.

Hoje às 19h30, Celso apresenta no Theatro Vasques o show de lançamento do álbum "Pra Dentro de Mim Mesmo", que trás na sua essência a sensibilidade da música mineira. Celso foi contemplado pelo Edital 014/2020 - Gravação de Cds e Trabalhos Fonográficos (LAB). Gravado no EMAM- Estúdio Municipal de Áudio e Música de Mogi das Cruzes traz um trabalho repleto de saudade, memória, força ancestral, fé e resiliência, coisa que o músico que faz de sua arte uma forma de resistência cultural trás em sua verve.

Em entrevista ao Falando em Sol , o artista mineiro de nascimento e mogiano de coração lembrou de sua infância e da história do bar, berço de muitos músicos de Mogi das Cruzes.

(Tatiana Valente)


F.S - Como surgiu seu interesse pela música?

 Acompanhando meu avô nas Folias de Reis em Minas, onde nasci, ele tocava viola caipira e eu achava muito bonito o som.

F.S- Qual sua primeira lembrança musical?

Foi aí também, mas noites de folia, meus pais também gostavam de cantar e se apresentavam em festinhas da família, fui pegando gosto.

F.S- Como surgiu o Baratotal?

 Surgiu em 1996 depois de outras tentativas como proprietário de bar. O nome foi tirado da música "Barato Total" do Gilberto Gil. Os primeiros eventos culturais do bar foram shows ,saraus, oficinas de música, mostras de cinema, teatro.

 F.S- O Baratotal era considerado pelos músicos mogianos um "teste de fogo". Pelo palco dele passaram nomes importantíssimos da nossa música. Quais apresentações marcaram você?

Há 25 anos atrás, o Baratotal realmente foi um celeiro de músicos. Muitos músicos da cidade começaram carreira no Baratotal. Hoje o cenário mudou, na verdade tudo mudou, e o Baratotal teve que se reinventar por inúmeras vezes pra ainda existir, principalmente depois da pandemia. Pelo Baratotal, passou Renato Brás em sua primeira apresentação em Mogi, Kleber Albuquerque, Ceumar, Théo Azevedo, Décio Marques e outros mais do cenário musical alternativo da época.

F.S- A música é uma forma de resistência?

 A música é sim, uma forma de resistência, sem importar o estilo contanto que se observe a sintonia com a personalidade do bar.

F.S- Qual a importância de espaços como o Baratotal para a música autoral?

Como disse antes, o Baratotal cumpriu seu ciclo no cenário musical local, vieram outros espaços que se tornaram extensões do que era o Baratotal naquela época. Hoje sigo numa outra empreitada, que é garantir trabalho pra diversas bandas que se apresentam , por mês passam cerca de 20 bandas diferentes, o que é bom para os músicos e para a casa. 

F.S - Quais expectativas para o show de hoje no Theatro Vasques?

Já estive envolvido em vários projetos, e esse foi um projeto emergencial da prefeitura por conta da pandemia, era um projeto meu engavetado por anos, e estou concluindo agora, retorno ao palco do Vasques depois de décadas. Estou entusiasmado sim.

Serviço

Celso Andrade

Pra dentro de mim Mesmo 

Quando: 7 de fevereiro, quarta-feira às 19h30

Onde: Theatro Vasques Mogi das Cruzes


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Djavan e Eles

Pétala - dia de celebrar o cantor e compositor muso deste blog e de muitos outros poetas e escritores Foto: Tati Valente Dia de Djavanear o que há de bom. Os leitores do Falando em Sol já estão cansados de saber o apreço que tenho pela obra do alagoano Djavan Caetano Vianna, e que todo ano, esta data aqui é celebrada em forma de palavras. O que posso fazer, se Djavan "invade e fim"? Para comemorar seu 76º aniversário, selecionei cinco momentos em que ele dividiu cena com outros nomes da música popular brasileira. O resultado: um oceano de beleza. Tudo começou aqui. Este foi o meu primeiro contato com Djavan e tenho a certeza que de toda uma geração que nasceu nos anos 1980. Ele é Superfantástico! Edgard Poças...obrigada por isso... Azul é linda, amo ouvir e cantar até cansar...  Com Gal e Djavan então...o céu não perde o azul nunca... Esse vídeo foi em um Som Brasil, no ano de 1994. Desculpem, posso até parecer monotemática, mas Amor de Índio é linda. Mais linda ainda com est...

Quinta da Saudade : Barracão de Zinco

Véspera de Natal e dia da famosa quinta da saudade. E a data esse ano pede (deveria pedir sempre) reflexões sobre nossas atitudes e o que podemos fazer para melhorar, evoluir. Especialmente num ano de tantas perdas, em que muitas vezes tivemos de abrir mão de estar com quem amamos para preservá-los.  E Natal para mim, desde a infância teve uma atmosfera mágica : desde o decorar a casa, até acreditar no Papai Noel e esperar pela meia-noite sempre foi muito aguardado, e ainda é. Mas o papo aqui é música, e vou contar a história de uma serenata que me lembro ter participado ainda criança (década de 80)  lá no bairro do Embaú, em Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba. Todos os anos nos reuníamos entre familiares e amigos e o samba era o ritmo que fazia a trilha sonora das festas. Ali tocavam Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Originais do Samba, Beth Carvalho, Clara Nunes, Almir Guineto, Martinho da Vila e assim a noite corria. Uma tia avó, chamada Cândida (Vó Dolinha para nós), g...

Bituca é Nosso!

Cara Academia do Grammy. Fica aqui nossa indignação pela forma como nosso Milton Nascimento foi recebido no evento de ontem. Sem mais, Tatiana Valente, editora responsável pelo Falando Em Sol.