Aborrecimento ou cansaço. Desinteresse, de forma geral. Em outras palavras, tédio não é algo legal. Pelo menos essa é a ideia coletiva de momentos entediantes. Pensando em transformar esse conceito, um coletivo de artistas de Mogi das Cruzes preparou a coletânea "Fábricas de Combate ao Tédio - Volume 3", que já está disponível no YouTube, e deve ganhar palcos de casas de shows e casas noturnas muito em breve.
A coletânea reúne 19 bandas e artistas independentes. Gente da cidade, que compõe, toca e canta música autoral, em diversos estilos e gêneros que flertam com o rock. Mas, para além desta primeira camada, há mais do que isso. É uma celebração à produção artística e cultural independente, e ao mesmo tempo, uma reflexão dos tempos atuais, do cenário político e social e do que significa ser brasileiro em 2024.
Este já é o volume 3, então sim, existem outras duas coletâneas igualmente pensadas para reunir o que há de destaque na música mogiana, também disponíveis no YouTube. Dessa vez, porém, a diferença é o período. Enquanto a última edição havia sido lançada pouquíssimo tempo antes da pandemia, a nova vem após a Covid-19 ter deixado marcas profundas em todos.
Além do vídeo, o lançamento oficial também se deu no último domingo (28), no Beco Bar, no Centro de Mogi das Cruzes. Na ocasião, três bandas representaram o coletivo: Lamusia, Desisto e Delavie. E houve espaço para jam session com palco aberto, indo de encontro ao objetivo de celebrar a cultura local.
É por isso que a lista é tão abrangente e cria uma coleção - que narra uma história, diga-se de passagem - composta por Drama em Crise, Desisto, Viruspontocom, D.Selvagi, Padovani's Death, Delavie, Bruxos Modernos, Foxes on The Run, Brenô, Maniglia, Restivo, Colletive, Kau Caldas, Morphina, Mortem Aetaten, Kobra, Issuih, Blanc Sec e Lamusia, exatamente nesta ordem.
Os conceitos estão implícitos, mas ainda assim perceptíveis ao ouvido. O som começa com novidades, artistas que surgiram na cena nos últimos anos e meses. Pouco a pouco abre-se espaço para bandas veteranas de Mogi - e aqui cabe a explicação de que estão inclusos nomes de outros cantos do Alto Tietê também, por participarem ativamente do cenário local.
Há uma seção mais alternativa, outra mais acústica, uma mais psicodélica, uma mais experimental. Também tem soft rock, metal, indie rock. É uma colcha de retalhos que faz sentido, que narra a trajetória de uma pujante produção autoral nos últimos tempos, não apenas em estilos musicais como também em mensagens, letras e melodias que se completam e compartilham sentimentos.
Os responsáveis pela organização e curadoria são o selo Overdrive, de Camilia Dorizio, André Marques e de Sérgio Jomori, artista independente que permeia diferentes grupos musicais. Gabriel Coiso, outro artista mogiano, este responsável pela arte de capa do projeto, uma pintura chamada 'Churrasco da Terra', que contribui em grande medida para a fruição dos sentimentos contidos na coletânea.
Convido os leitores do Falando em Sol para que combatam o tédio hoje com o volume 3 da coletânea de artistas mogianos!
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