Detrás do balcão de um bar no Maranhão uma menina de origem humilde ouvia atentamente as músicas que tocavam no rádio. Ali, se encantava pelas serestas e pelas canções românticas de Roberto Carlos, enquanto observava o trabalho da avó e do pai, donos do estabelecimento. Até que um dia ouviu a voz de sua conterrânea Alcione, e como num chamado, entendeu que tinha ali um sonho, ou uma missão: a de levar a música maranhense pelo mundo afora. Aos doze anos ganhou seu primeiro violão onde tocava cirandas e " A Desconhecida", do cantor e compositor mineiro Fernando Mendes. E assim a música se tornou seu mote: ao terminar o Ensino Médio prestou o vestibular para o curso de Licenciatura em Música na Universidade Federal do Maranhão, e descobriu então que tinha o dom de compor canções, trazendo para elas todas as suas referências que iam do jazz ao samba e a marca do romantismo.
Em 2023 foi indicada como compositora ao Women's Music Event Awards, e tem disponíveis no Spotify três singles e um EP onde mostra toda sua versatilidade em canções que falam de amor como "Fly",, "Valeu", "Love, Love" com ritmos variados mas a mesma levada gostosa de se ouvir. Para a compositora, a música é uma forma de expressão da mulher diante do patriarcado e uma forma de se impor a todo preconceito que ainda existe. E como uma leoa deixa bem claro para os homens que desse assunto ela é mestre.
A menina maranhense, hoje mulher é a entrevistada do Falando em Sol.
Seu nome: Pâmela Maranhão.
(Tatiana Valente)
FS- Como foi sua infância? Quais músicas já faziam parte de sua trilha sonora?
Bom tive uma infância em parte feliz, a maioria das musicas que escutava tocavam no bar que meu pai tinha com minha vó, escutei muito um gênero chamado “seresta”, no Maranhão e também Roberto Carlos, mas a grande virada de chave foi quando ouvi Alcione pela primeira vez, ali tudo mudou.
FS - Você ganhou seu violão aos 12 anos. Se lembra qual a primeira música que tocou?
Eu lembro que tocava musicas de roda, “Se esse tua fosse minha” e outras cirandas, mas a primeira musica mesmo que eu aprendi foi “A desconhecida” de Fernando Mendes.
FS- Quando e como foi a primeira vez que você pisou no palco?
Bom, eu pisei em muitos palcos, não lembro ao certo o primeiro, lembro que cantei na escola que minha mãe era gestoras, em aniversários de família, mas acredito que palco mesmo foi no meu primeiro show autoral em 2017. Fora isso já cantava nos bares de São Luís.
FS- Como e quando começou a compor? O que te inspira e como nascem suas músicas?
Comecei a compor em 2015, por conta de uma paixão platônica, descobri que escrever além de deixar as coisas mais bonitas do que de fato são, tirava do peito parte da dor. A maior parte das minhas composições são sobre casos de amor, nem sei como consegui sofrer tanto por tanta gente distinta, mas me deram boas musicas ao menos.
FS- Você tem influências que vão do jazz ao samba. O que procura incorporar em suas músicas autorais?
Bom atualmente tenho 3 Singles e um EP gravados e no Spotify e todas essas músicas tem ritmos completamente distintos, pois eu fiz um trabalho experimental para saber o que se adequava melhor a minha personalidade musical, confesso que nesse momento estou eclética nessas composições, mas o próximo disco quero que seja apenas Soul Music.
FS - Além de Participar de do Festival Sonora, você foi indicada como compositora no WME Awards 2023. A música para você é uma forma de ser porta-voz das mulheres?
Sim. A música existe e nós mulheres também, assim como tudo que existe no mundo e que também é nosso e essa apropriação ela precisa acontecer sempre. Eu sempre estive disposta sim a movimentar o cenário com eventos ligados à mulher, pois infelizmente o patriarcado ainda segue no domínio. Mas isso vai mudar e eu quero sempre estar à frente ou do lado de mulheres que comigo possam fazer essa mudança.
FS- Você participa de grupos como o Entre Elas e o Somanas, que evidenciam a importância da sororidade para fortalecer o cenário artístico feminino. Já sofreu algum tipo de preconceito na música?
Bom, eu sou uma mulher preta, porém de muita personalidade e fines, as pessoas geralmente tem medo de mim ou respeito, seja como for, a força e o poder que tenho na voz e na personalidade impedem de certa forma que coisas assim, como preconceito aconteçam, já percebi algumas situações de racismo, mas muito veladas e toda vez que um homem tenta me ensinar algo na música que eu já sei, eu deixo bem claro que desse assunto que ele fala eu posso dar aula, assim eles abaixam a bola, sobre questões de assédio por exemplo, tento sempre manter uma postura que deixe bem claro que eu sou intocável e que se algo desse nível acontecer o circo vai estar montado. Mantenho uma firmeza nas ações e palavras porque sinto necessário que se faça, cansativo, mas necessário, assim o preconceituoso, que geralmente é covarde, se amedronta.
FS- O que é a música para você?
A música sou eu e eu sou ela. Somos uma. Ela é tudo e sem ela provavelmente eu não seria, não estaria e não existiria.
FS- Quais os próximos projetos?
Bom, tenho o projeto do disco, ainda quero poder entrar eu alguns festivais agora no Sudeste, quero poder sempre estar falando da minha vida e carreira com meios de comunicação também, que possam me expandir, quero fazer música na gringa, tenho muitos planos, mas entrego nas mãos de Deus e faço minha parte. No final só quero que minha vida artista tenha o valor que merece vista pelo público.
Gostaria de agradecer a oportunidade e deixar minha redes, no Instagram @pamcantora e no Spotify Pamela Maranhão.
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