Esse tal de #tbt mexe com a gente né?
Não quero que vocês, leitores do Falando em Sol pensem que vivo somente do meu passado. Tenho revisto rotas e escrito um novo roteiro para minha vida, com sonhos e projetos que ainda tenho. Como jornalista e escritora vivo de contar histórias e reviver junto de meus entrevistados seus "#tbts" individuais.
Muitas vezes quando termino o texto e publico, envio aos prantos e recebo, com muito carinho os áudios de meus entrevistados emocionados. Um filme passa na cabeça deles e é como o roteiro de um que imagino tudo o que me contam. Esse mês aqui como vocês puderam perceber, grande parte das matérias ou entrevistas foram sobre mulheres que fazem arte e música e passaram por aqui para mostrar suas trajetórias. Aulas de como ser resistência num mundo onde muito se fala de "equidade", mas que se mata mulheres diariamente. Apenas por serem mulheres. São meninas que sonham com um mundo onde possam andar livres, ter respeito e ser amadas. Sim, nós queremos ter direitos iguais mas ainda sonhamos em viver um grande amor.
Semana passada pude, ao frequentar um curso de atualização, ter a sensação de viver um #tbt da Tati, estudante de jornalismo na Universidade de Mogi das Cruzes. Como já contei para vocês, era uma menina de cabelos cacheados, volumosos - insistia em alisar na chapinha- com fones no ouvido, ouvindo Djavan, Lulu, Miltons, Lô, Oswaldo, Beto, Nelsons, Ronaldo, e todos os compositores e compositoras que me falavam nos ouvidos. Sendo assim, vivia distraída, no mundo da lua, ou da música como preferirem. Embora boa aluna, dava aulas o dia todo e chegava na faculdade cansada, e muitas vezes deitava no colo de algum colega para tirar um cochilo. Ainda cantava no coral, em casamento, onde fosse e para isso tirava forças da minha alma. Ouvia constantemente : menina olha o horário da aula, porque me distraía batendo papo com pessoas na rua, nas escadas da UMC. Podia ser descrita com exatidão na música da Rita Lee "ninguém sonhava mais do que eu e a noite era uma criança distraída".
Há uma semana vi minha versão de 19 anos entrando na sala da faculdade. Cabelos cacheados, olhos vivos, um sorriso aberto e mesma saia jeans feita de uma calça velha customizada. A bolsa "carteiro", num estilo hippie displicente de lado com fones de ouvido que saltavam dela. Se sentou na cadeira de rodinhas da redação e a arrastou por todos os lados - exatamente como eu fazia- olhava para a tela do computador como se não estivesse ali, e de repente num suspiro deitou no meu colo e cochilou. Me vi na Bruna, na minha colega de sala e pensei: um dia fui essa menina.
Silenciosamente, observando seu sono fiz uma prece por ela. Desejei que tome rumos diferentes do que eu tomei, que não desista de seus sonhos por nada e por ninguém. Que não deixe de ser espontânea e nem esconda seus talentos por medo de ser julgada. Não mude sua fé para se encaixar em nenhum dogma. Que não tente ser alguém diferente de quem é para se encaixar nos gostos de homem nenhum. Que seja livre. E amada por ser quem é. Que como a ótima jornalista que promete ser - já recebeu um prêmio na faculdade como recebi um dia- seja a voz de mulheres que precisam de espaço na sociedade. E que escreva seu final feliz. Muito feliz.
E hoje, na minha quinta da saudade quero dividir com vocês, "Coisas da Vida", composição de Rita Lee, lançada no álbum "Entradas e Bandeiras", em 1976.
Quanto ao meu final ?
"Eu não tenho hora pra morrer, por isso sonho..."
Obrigada pela sinceridade de abrir o peito. Me vejo em vc. Viva a Rita e viva todas nós!
ResponderExcluirAh que comentário lindo! Que bom ter essa identificação...Viva, viva e Viva!❤️🌹🥰
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