Repaginada - rapper mogiana celebra 10 anos de carreira e sua nova fase no videoclipe de "Mulher Gato"
Foto: Divulgação
Ela tem cara de menina. Mas muito se engana "quem olha a Karen e acha que ela é de ontem. A mogiana já andou "muitas léguas" nos quarteirões do rap mogiano. E celebrando seus dez nos de carreira lançou no mês de junho o videoclipe de "Mulher Gato", seu mais novo single, inspirado na personagem criada por Bill Finger e Bob Kane, com uma letra forte e batidas de energia vibrante, dando para a música um ar de superação, empoderamento e mostrando a artista como a mulher obstinada que sempre foi, agora numa nova versão, representada pela gravadora independente Mais Uma Gota.
" Sempre fiz música de forma muito intuitiva. Sempre fiz música de forma muito artística e de fato, até mesmo emocional, sentimental. Mas para a gente viver, para realmente conseguir mostrar nosso trabalho e entrar nesse meio, precisa também olhar para a música numa visão de mercado, precisa olhar a música com uma visão menos romântica, uma vez que já aprendia a colocar meus sentimentos na música, já aprendi essa parte mais sensível , esse ano aprendi a parte mais fria, que é como levar a minha música para mais pessoas, como ser também uma empreendedora musical. E a música 'Mulher Gato' fala disso, conta um pouco dessa trajetória, faço dez anos de rap, a ser mais firme comigo mesma, a ter mais disciplina e a cumprir os planos que traço para mim e algumas skills que a gente precisa ter para organizar qualquer tipo de trabalho, não só na arte , mas principalmente nela, onde a gente vê muita gente fazendo música somente de maneira intuitiva, somente emocional. Então trago essa não 'romantização da música' como algo somente sensível de não querer falar da música como um mercado, sendo que é um mercado. Isso não significa que vou me vender, a gente precisa investir na nossa música, nos nossos estudos, eles sempre vão continuar, e para isso a gente precisa também de recursos financeiros. Não vou me transformar em algo que não sou. Aprendi a reafirmar minha identidade dentro da música e também vender isso para as pessoas, de uma forma bem organizada.", conta Karen.
Os primeiros passos da jovem de trinta anos na música não tiveram o rap como ponto de partida . Karen teve como influência e primeiro mestre o pai, baterista que ensaiava em sua casa. De família piauiense, Karen cresceu ouvindo música nordestina, e em 2014 lançou um grupo de rap chamado "As Lavadeiras" onde misturava as batidas do estilo com ritmos como o jongo, o coco, o maracatu. Em 2018 lançou seu primeiro trabalho solo " Poderes de Évora", que ressoa ainda no cenário do rap. Ano passado o lado emocional e romântico da cantora e compositora foi registrado no álbum "Dengos e Marés". No fim de 2023 entrou para a gravadora de rap mogiana independente "Mais Uma Gota", estreando então uma nova fase em sua vida artística. A escolha da personagem " Mulher Gato" foi ideal devido ao arquétipo do animal : um ser que é sociável, é estratégico, não é impulsivo.
" A 'Mulher Gato' surgiu disso, do arquétipo do gato, falando não só da personagem, mas alguém estratégico, sociável, artístico, que tem todos esses skills, de lidar com as pessoas, com a sociedade. A música vem dessa inspiração, de trazer essa mulher mais estratégica, uma mulher impetuosa, corajosa, uma coragem bem pensada, organizada. O Gato para pular o muro, de um lugar para o outro observa tudo. Ele faz os cálculos dele, não tem pressa. Quando vai realmente fazer esse pulo, tomar a decisão, ela está bem pensada. O movimento corporal dele é preciso, eles raramente erram. A música vem desse momento de transição que estou passando", conclui Karen que lembra ainda de outros momentos de sua carreira.
" Já passei por diversos momentos na música: pelo momento intuitivo, pelo momento extremamente emocional de falar da minha ancestralidade, da minha família, no próprio 'Dengos e Marés', um disco que falei de amor, trouxe experiências de relacionamentos, boas ou ruins. Nas Lavadeiras, ali no início falava muito sobre a sociedade, criticava mesmo alguns modelos, o racismo, o machismo, coisas que não acho certo da forma como estão aí, até hoje temos muitos problemas sociais e culturais pra poder rever. E chego nessa marca de dez anos de carreira falando de mercado, sobre algo que é extremamente importante não só para os outros músicos entenderem, mas para que outras pessoas entendam que música não é brincadeira, música também é mercado, também exige muita dedicação, reuniões, que a gente tenha organização. Ainda fica muito o estereótipo do músico largado que faz música quando quer e na verdade, falo por mim e pelos meus colegas, para a gente poder viver da nossa arte, do nosso dom, o dom é somente 10%. É preciso muita dedicação, organização, aprender a lidar com pessoas, com contratantes, precisa engolir muito sapo, aprender a vender nosso show, nossa música", conclui.
Para a semana começar inspirada por esse potencial de Karen Santana, convido vocês para conhecer a nossa "Mulher Gato".
Parabéns Karen, vc merece todo esse sucesso
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