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Entrevista - A nudez dialética de Re Suizu



Nua - multi artista se despe de palavras em entrevista revisitando sua história de vida, carreira e questões delicadas do universo feminino
Foto: Re Suizu

Num processo comum ao preparar uma entrevista estudo as histórias dos entrevistados, observo seus trabalhos, leio seus poemas, textos, ouço minuciosamente suas músicas. São as obras que me indicam por qual caminho seguir para conseguir tirar deles qual mensagem querem deixar registrada para que o público os possa conhecer aqui, neste espaço. Assim foi com a multi artista paulistana Re Suizu. Com base no que já sabia e intrigada pelos versos de "Pérola" na qual canta sobre a transformação de grãos de areia em  pérolas e após " segue livre, segue leve", busquei questões que pudessem trazer à tona qual o mote da artista.
 Um silêncio de algumas semanas, até que numa troca de mensagens ela me confidenciou uma viagem ao seu interior para poder se redescobrir e poder renomear todo seu processo artístico. Suizu que atualmente trabalha  na divulgação de seu "EP Nua - Me vestindo de mim", se despiu, não de roupas, tirou de si, palavra por palavra,  em uma entrevista com um toque confessional,  dando forma a sua história com a música, sua carreira, e assim como no show de Nua, retratou o universo de uma mulher  que é entrelaçada aos estereótipos, estigmas de uma sociedade repressora, silenciadora e limitante. 

A  cantora, compositora, escritora, poetiza e bailarina  lançou seu primeiro EP Premissas em 2019. Na música, Re Suizu foi escolhida como artista pela Fábrica de Cultura Vila Nova Cachoeirinha, para realizar a abertura do show do Tom Zé. Representou o Japão, pelo Arte na Rua Japão, iniciativa Globo em parceria com o Festival Tanabata Matsuri. Participou dos Atalhos Sonoros, projeto da parceria entre as Fábricas de Cultura e a Tratore, no qual recebeu a produção dos Prettos e mentoria com diversos profissionais da música, como Pena Schmidt. Escolhida para fazer parte do projeto do Centro de Empreendedorismo de Arte e Cultura - promovido pela Acriart; Re Suizu integrou o núcleo de Música, realizando apresentações no Teatro Commune, Teatro Alvo, entre outros. Como backing vocal, performou ao lado artistas como Jarbas Mariz, Chico César. Em sua atuação como poeta, se envolve com slams, saraus e participou do Slam SP 2022. No teatro, performou solos e jogos cênicos. Também tem formação em: Teatro Musical, Estudo e Montagem de um espetáculo original - SP Escola de Teatro, Diálogos, Psicanálise, Teatro – Língua no Divã, Língua no Palco - SP Escola de Teatro.
Conquistou o primeiro lugar no Festival Jandyras de Atibaia, com performance musical multilinguística. Ganhadora dos Prêmios SENATRAN 2017, CET 2018 e 2019, nos quais fez a direção musical, compôs a trilha sonora, atuou e roteirizou os vídeos vencedores. Também se apresentou  no Festival da Lua Cheia 2024, cantando músicas do novo trabalho, propondo reflexão sobre mulheres e suas ancestralidades através da apresentação, sarau e roda de conversa. 
Pautada em seu trabalho multi artístico, Re Suizu traz reflexões sobre ser mulher por meio da música, poesia, moda, visão do amor saudável, autoestima, relacionamentos, também evidenciando vozes silenciadas e problemas sociais. O trabalho dialoga com a leveza de ser, existir e viver, mais do que sobreviver com uma mistura de atuação, literatura, moda e performance musical. 
Com referências literárias marcantes, poderia definir a Suizu com uma única frase da escritora Simone de Beauvoir : " é na arte que o homem se ultrapassa definitivamente".
Por e-mail a cantora concedeu esta entrevista - em tom de desabafo- para o Falando em Sol e mostrou, se despindo de corpo e alma, a que veio neste mundo: para ser a arte em pessoa.

(Tatiana Valente)
Tati, esta é uma pergunta muito profunda, porque eu não lembro da minha vida sem música. Na igreja, eu tive muito contato com o canto, com os arranjos do coral, com as composições. Eu lia as letras das músicas, aprendi a ler com 4 anos, minha mãe comentou há pouco tempo, eu não lembrava...(risos). Eu fingia que era regente, cantora. Eu decorava as músicas muito fácil. Sempre quis cantar, em igual proporção, eu tinha muita insegurança quanto ao uso da minha voz na adolescência. Eu tinha medo de cantar, na escola quando cantei pela primeira vez num teatro de marionete, fizeram bullying comigo. Em contrapartida, as crianças envolvidas com a rádio da escola, me gravavam cantando. Tudo sempre foi muito contraditório na minha cabeça. Porque uma hora parecia que eu era aceita, em outros momentos, não. Eu ficava sem o sentimento de pertencer ao meio. Hoje, com maturidade, eu compreendo o que aconteceu, ainda mais por me identificar como mulher amarela. Demorou um tempo para a Re criança deixar-se afetar pelas brincadeiras ruins, e quando comecei a ser afetada, a insegurança se fez monstruosa em mim. E levou mais um tempo para a Re adulta se apropriar de si e protagonizar seus sonhos. Fato é que a música sempre existiu em mim e todas as vezes nas quais tentei desassocia-la de minha vida, algo ocorria. Me chamavam para alguma coisa relacionada à música. É realmente uma trajetória de corpo, alma, espírito. Então, eu percebi que se “é” artista, nunca se “está” artista. Não em minha concepção.  Meu olhar sempre foi artístico com tudo e sempre foi muito reflexivo também. Eu questionava os dogmas da igreja evangélica quando aprendi sobre os povos indígenas, quando conheci a flauta escocesa e soube que homens escoceses também usavam saia, eu tinha uns 5 anos. Isto foi um marco em dimensão e expansão de mundo. Cresci na periferia da zona sul de São Paulo, então muitas coisas eu simplesmente não sabia que existiam. Minha visão de mundo era muito limitada por falta de acesso as possibilidades, acessibilidade e educação com qualidade. Os meus pais fizeram o melhor que podiam, reconheço isto.  Os limites eram as concepções que rondavam a minha realidade. Eu lembro da minha primeira música decorada, que não era religiosa: Capítulo 4, versículo 3 dos Racionais MC's. Eu devia ter uns 6 anos, meus primos me ensinavam. Eu lembro da minha primeira fita cassete (de repente o tempo se acumulou em anos aqui... risos).  
Minha primeira composição... nossa, poesia eu sempre fazia, escrevia em pedacinhos de papel, tinha diário e anotava ali também. Começava a rimar com palavras, brincar com a harmonia. Composição musical eu devia ter uns 7 anos. Eu fiz uma música sobre uma festa que acontecia no mar, então tinham vários animais. Bem bonitinha, lembrei aqui “vai haver uma festa e vai ser de arrasar...(risos)” Depois eu escrevia sobre minhas vivências também. Sempre compus, músicas, histórias... eu não me via como proprietária das composições e nem assumia o meu protagonismo em minhas composições, até que fui fazer um cursinho pré-vestibular e minhas redações foram escolhidas para serem expostas no mural do cursinho. Ali eu passei a encontrar na escrita e músicas, um resquício de possibilidade de existir externamente, eu já existia, mas conscientemente precisei de validação como qualquer mulher nesta sociedade... Gosto de falar sobre isto, pois este processo de protagonismo em relação aos nossos próprios talentos é bem desafiador quanto mulheres, e quando falo, as pessoas que leem podem se identificar e refletir. 
Multi artista, porque eu me envolvo com muitas vertentes da arte, além da própria música que é o meu principal amor. Eu danço, estudo teatro, trabalho com isto. Faço artes plásticas poéticas e em breve, quero divulgar esta minha faceta também. Então, além de compor, fazer arranjos, cantar, eu dou aulas de canto, dança, artes integradas - como gosto de falar. Dialogo com as pessoas através das artes, meu maior objetivo é me sustentar (bem!) com meu trabalho autoral, fazer shows autorais pelo mundo. E este termo multi artista funcionou para mim, uma mulher o revelou ao meu ser e fez total sentido. Desde então, usá-lo ajuda ao me apresentar. Eu associo música, dança e teatro, o corpo se manifesta de muitas formas, eu estou aprendendo a pulsar cada vez mais esta conexão artística. 
Eu passo por situações delicadas, repetitivas. Gostaria muito que a conjugação fosse no pretérito. Antes de me verem como profissional, me veem mulher: a vagina nos define culturalmente como seres objetificados, já ao nascermos nesta sociedade. Tenho estudado muito sobre isto, para dialogar com qualidade. Tem a parte do meu pensar e ser não-binário também.  
Culturalmente, existe a erotização por ser mulher amarela. Então, primeiro me sexualizam em olhar, me objetificam sexualmente. Até nas abordagens ao conversarem comigo, assuntos da vida amorosa, gostos pessoais, sempre são tocados. Dá um desânimo, porque como empreendedora, sendo minha própria empresaria, é preciso ter muita sagacidade para existir. A criatividade, a inteligência, começam a ameaçar a virilidade ou começa-se uma tentativa de colonizar não só o meu corpo, mas também os talentos e produções artísticas. Existe a apropriação da criação por parte de pessoas, mulheres lidam com isto em qualquer ramo. Nossos feitos e falas já são repetidas por bocas de homens que se exaltam com elas, mas não nos dão o reconhecimento na autoria, sabedoria, conhecimento histórico... imagine no ramo artístico.  
Como mulher, você precisa se validar o tempo inteiro, homens exercem entre si uma camaradagem e com ela se validam nos círculos de convivência, numa música descrevo como “gashlighting (é um tipo de abuso psicológico para fazer a vítima duvidar de suas certezas, sanidade) soberano abençoando o homem tão mortal...” - 'Ancestrais', é o nome da música. Esta camaradagem acontece na frente de qualquer pessoa, recentemente passei uma situação, infelizmente... Como escrevi no começo, são repetitivas. Homens se apoiam com muita facilidade, nos desvalidam, objetificam e tentam colonizar nossos corpos, talentos e até a sabedoria... Se um homem estiver lendo isto aqui, a leitura ativa é um passo essencial para usar o incômodo como ferramenta de conscientização e nos ajudar a mudar o mundo. 
Outro fator de minha arte e protesto é a rivalidade feminina que culturalmente nos é ensinada, neste contexto, é um processo de desconstrução nossa. Basta entender como se articula a sociedade machista, mulheres mais maduras e que se dispõem à evolução, compreendem que uma mulher empoderada e emancipada, nos empodera e nos emancipa. É a representatividade da liberdade, das possibilidades se exercendo.   
Acho que as estruturas que ressoam como empecilho: ser sexualizada, subestimada, e vista como ameaça por parte de homens e também outras mulheres. Interessante como depende de com quem é a relação. Todos os casos, no começo, me causavam muita dor. Até aprender a não sofrer, a ser minha melhor amiga e me ajudar nesta trajetória. Eu sinto, mas otimizei o sentir e sigo em frente mais rápido. Nós mulheres estamos neste caminho de nos reaprendermos livres e nesta reconstrução onde reivindicamos o protagonismo pela nossa própria história, êxito, participação nos processos e evoluções do planeta, inclusive historicamente,  também estamos aprendendo a admirar outras mulheres e dar suporte para o sucesso uma das outras.  
Quando a gente se autoestima, fica mais leve para lidar com essas questões e você aprender a usar as falhas, fissuras deste sistema injusto como ferramentas ao seu próprio favor. 
Nós mulheres, precisamos desenvolver desde cedo, mecanismo de defesa para aprendermos a lidar com um mundo que segue a lógica de poder: homem branco, heterossexual, riqueza, status, relevância social. Para cada lugar de desigualdade no mundo, mais camadas de dores tem aqueles que não fazem parte dessa visão vantajosa, seja ela imposta aristocraticamente ou não. Me vejo em constante aprendizado, para evoluir nesta vida. E sinceramente, a arte é a minha intersecção com este mundo, só através dela consigo respirar. 



Pérola nasceu de uma poesia que eu estava compondo para participar do Slam SP 2022 (competição de poesia). Eu queria escrever sobre um tema pouco falado, porém muito importante para nós. O auto perdão é uma das principais estruturas da autoestima, e no fim, as músicas que compomos sempre se voltam para a nossa escuta. Não é maravilhoso? Você compor algo que também precisa internalizar... Pérola veio praticamente pronta. Preciso falar... para mim, as músicas têm espiritualidade própria, desejos e caminhos quase que independentes de nós, criadoras. Eu já tentei mudar algumas músicas que, por exigirem suas existências autênticas (risos), ficaram como são mesmo... Pérola veio com seu caminho já sendo guiado por si só. Eu recebi, lapidei e dei voz. 
O auto perdão é a pérola, os grãos de areia são as memórias e percepções de responsabilidades que machucam quando aprendidas num primeiro instante. Também podemos considerar as mágoas que temos referente a outras pessoas. No final, permitir a reciclagem desta memória, fazer com que ela seja aprendizado é a melhor opção para seguir em frente: pérola. 
Uma vez, vi uma reflexão sobre: é possível seguir em frente sem perdoar? Eu ponderei muito, e percebi que sim. Porém, “como” é muito interessante. O que não perdoamos nos corrói e cresce. Quando perdoo, me sinto leve e sinto que tomei para mim o poder e espaços que antes estavam nas mãos da mágoa em questão. Perdoar para mim é um “como” seguir em frente mais saudável.


 F.S- Como foi trabalhar com Chico César? O que aprendeu como backing vocal dele? 
Chico exerce seu ser no palco com propriedade de si por meio da voz poderosa, sua presença artística, seu discurso. Estar ali, poder vivenciar isto, mudou a minha vida. Esta coragem em se exercer é magnífica e fundamental para nossa existência como artista. Oportunidades como esta reforçam a minha trajetória e propósitos por meio da música. Foi especial. 
Não sei em qual momento se desencontram. A música conta história, conta algo, expressa e assim também é a literatura. Sempre na tentativa de comunicação entre os seres. Ainda que seja de si para si mesma. Particularmente, teve um momento em minha vida no qual não estava conseguindo cantar e nisto eu vou para os saraus, descubro os Slams. Este acontecimento me trouxe a voz, porque o que eu não conseguia cantar, a fala por meio da literatura me arrebatou e me arremessou de volta para cá, para este mundo. O poder da palavra sozinha já é melódica, numa frase já se torna musical. O sarau tem um clima diferente do slam, então no slam eu gritei pelas minhas dores, o que potencializou meu processo de cura por meio das palavras. O grito selava um silêncio de indignação com muitas percepções pontiagudas em ser mulher. O slam tirou uma mordaça de minha boca, então consegui falar. 
Passei por relacionamentos abusivos, inclusive comigo mesma, sofri (e sofro) várias violências. Eu estou em um espaço de reciclagem e desconstrução da realidade imposta, agora eu me exerço, Tati. Você se percebe nesta realidade que não facilita para nenhum ser humano, independente de seu recorte. Eu não quis desistir de mim, então a poesia, a literatura, me ensinam a potencializar quem sou. O letramento é muito importante para as questões humanas. Se perceber, conhecer a história, como nossa mente funciona e até o mundo. A poesia vem como minha válvula de existência. Vemos a importância da educação e também trago aqui um olhar para a literatura periférica que me salvou. 
Eu existo por meio das artes, meu único ponto de intersecção com este mundo, Tati. Por isto a frase inicial: Não sei em qual momento se desencontram. Seja na questão da métrica, rítmica, expressão. Tenho uma música chamada “Saudade” e é uma carta praticamente. Este é o efeito da arte em meu olhar, não consigo sequer pensar em um encontro, porque para mim sempre foi unido e mesclado com a vida, apenas conscientizei.  
Eu leio muito... e minha leitura também é bem eclética. Clarissa Pinkola Estés, Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, Simone de Beauvoir, Ana Suy, Edith Eva Eger, Clarisse Lispector, Uta Ranke-Heinemann, Chimamanda Ngozi Adichie, tenho estudado também Raicho Hiratsuka. 
Este assunto é muito delicado para mim... Não faz muito tempo que me vejo pertencente ao ser mulher amarela. Eu não tenho os traços físicos totalmente definidos para ser identificada rapidamente como mulher amarela, como é esperado pelas culturas. Então, o pertencimento veio de um processo de reconhecimento não só de minha história, mas de pertencimento social, o que também é super delicado. Estou mergulhando em minha ancestralidade, entendendo e desconstruindo também pensamentos tradicionais de várias culturas, porque eu sou uma mistura. Romper este paradigma ajuda na minha autoestima, pois me exerço. Recebo muitas mulheres que se identificam com minha arte. Este silêncio por medo, cultura, por ser vista como mulher é universal, mas em algumas culturas mais evidente e escancarado. O silêncio por medo fere a existência. Sermos poucos ouvidas é benéfico para um poder centrado nas mãos de quem...? Ao analisarmos a história é nítido: mulheres pouco ouvidas e escutadas são menos perigosas.  
Me sinto muito em carne viva, Tati. Pela primeira vez em minha história, me respeito e apoio meu "eu" como detentora de voz, pensamentos, gostos, opiniões, conhecimentos, talentos. Nos shows 'Nua': Me vestindo de mim, muitas mulheres choram e depois dividem um pouco de suas histórias comigo. A arte também é ferramenta para libertação. É preciso nomear este espaço limitante da mulher amarela: pouco ouvida, quase nunca escutada, submissa, acorrentada ao ser meiga, fofa. Sinceramente, eu estou amando contatar mulheres amarelas que falam um palavrão (risos poderosos).  
Acho que por meio da minha voz, escrita, eu também realizo reparação histórica pelas mulheres silenciadas e não escutadas que já partiram desta dimensão. Aqui, também encontro um bom tópico para mencionar as mulheres PcDs, neurodivergentes. A comunicação é dada por muitos caminhos e este silenciamento destinado a nós, mulheres, ocorre em muitas esferas. Quanto mais longe do ideal físico, comportamental esperado para que uma mulher exista, mais camadas de dores, mais silenciamentos. É uma tentativa de silenciar cada vez mais, partindo de recortes, objetificação.  
Categorizar, estudar, nos letrarmos, nos unirmos; entendermos que todes, todas temos dores e que nossos sentimentos, histórias, necessitam de validação e espaço de expressão, atuação, reconhecimento, protagonismo...é um começo para transformarmos a realidade.  
Aos homens, escuta ativa é um começo, consumir conteúdo produzido por mulheres também é outro começo. Estudar sobre as injustiças sofridas por mulheres e se posicionar quando outros homens se exercem machistas, capacitistas, racistas, gordofóbicos: outro ótimo começo. Não é só conscientizar, precisamos de pessoas que se posicionem socialmente, de maneira ativa. Finalizo com um trecho de minha poesia - Primódios: 

“... 
Não é exagero,  
violência nasce facilmente  
Todo dia tem semente  
É pensar, mulher é cama, mesa e banho  
Não é submissa? Que estranho!  
Deu de primeira, que puta, nem precisou pagar  
Dois meses ainda não deu? É comer e vazar  
Homens num estupro coletivo  
Teus manos fazendo apologia ao crime,  
Você homem não rebateu, tá sendo conivente, não comedido  
Ele diz: vai maria homem, olha lá o bichinha  
Bate no peito, se declara “Machão” 
Mas paquera menininha 
Olha ele, todo artista, grita ao mundo  
Comida no prato, livro na mão  
Mas a mulher é sua objetificação  
Depois vem com desculpinha dizendo que não teve educação  
Tem preguiça de evoluir, porque homem tem privilégio, então  
Só de outro homem entende o NÃO 
...” 

F.S- O que vem por aí? 
Estou na produção de novos singles, eles são parte do EP "Nua": Me vestindo de mim. Produzindo minhas artes plásticas e escrevendo um livro, sendo ele o que está me pedindo para ser lançado. Eu tenho outros livros escritos e estou no processo de me realizar. Sigo com meus shows autorais e exercendo minha arte poética, performática. Vem por aí a minha versão cada vez mais entregue e aprimorada, para que eu consiga ser minha existência e artista emanada, propagada (rimei...), emancipada e concretizada.

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