Na segunda-feira, na cerimônia de abertura que aconteceu em Miami, o nosso hitmaker Lulu Santos recebeu junto de outros nomes da música latina o prêmio de "Excelência Musical" no Grammy Latino. No evento apresentado por Glória Estefan - dancei muito "Conga" com ela- estava acompanhado de seu companheiro de vida Clebson Teixeira, do CEO da União Brasileira dos Compositores Marcelo Castello Branco; pelas jornalistas Michele Miranda e Renata Araújo; além de amigos como a atriz Fernanda Rodrigues e o ator e diretor Raoni Carneiro.
Nem preciso dizer que do outro lado da tela do celular estava em prantos, lembrando de cada momento em que Lulu lançava um álbum, um videoclipe e mais emocionada ainda quando em seu discurso citou ter convidado o ex-Menudo Draco, ou o Robby Rosa para gravar "uno, dos, trés cuatro" em uma faixa de seu LP. Me lembrei então de outro momento em que o nosso " rei do pop", ou " rei do ie ie ié"- como preferirem - gastou seu espanhol.
O ano era 1997. Lulu estava em todas, até uma ponta no filme " O que é isso Companheiro" fez. Recém- saído da turnê de " Anti-Ciclone Tropical" buscava trazer para suas músicas toda tecnologia e a velocidade insana que a Internet impunha, que ainda não era como é hoje, mas para nós naquele tempo uma imensa evolução na forma de se comunicar.
Assim nasceu o álbum "Liga Lá", com uma capa "diferentona" - como podem ver na foto- e alvo de teorias da conspiração no período da pandemia do Coronavírus. Alguns fãs diziam que Lulu tinha feito a previsão de como seria o desenho do vírus. Fake news a parte - por falar nisso, alguns colegas jornalistas precisam aprender a checar fatos e ouvir dois lados antes de publicar suas matérias- o álbum era mesmo uma previsão do futuro. Hiperconectividade falava sobre alguém que viria do futuro, faria a hiperconectividade rolar. Qualquer semelhança com a chegada de Clebson, seria mera coincidência?
Essa canção ganhou um videoclipe digno de cinema, tão elaborado quando os videoclipes de Michael Jackson. Lulu e Bel Kutner eram reféns de um cientista maluco, vivido por Ernani Moraes. No álbum produzido por Marcelo Sussekind, a música eletrônica deu um ar futurístico para hits conhecidos do grande público como " Ando Meio Desligado" ( Mutantes) e " Fé Cega, Faca Amolada (Milton Nascimento- Ronaldo Bastos).
Dê um Rolê (Moraes e Galvão) ganhou o que chamam hoje de mashup, com uma inserção de Scarlet Moon recitando " As Sem- Razões do Amor" de Carlos Drummond sob o tema "Amor e Poesia" por Sacha Amback. Aliás a banda de Lulu na época era formada por Sacha, Alex de Souza, Ramiro Mussoto, Dunga, Marcelo Costa e o recém-chegado PC, que entrou substituindo Milton Guedes na flauta e no sax. As meninas ficavam doidas e a lenda na época era que o charme não era do Milton. E sim do instrumento (risos).
O álbum teve a participação especialíssima de Arthur Maia em " Creio" e do maestro Leitieris Leite na faixa em que Lulu resgatou o samba "Chico Brito" de Wilson Batista e Afonso Teixeira. Ritchie, companheiro de Vímana participou da faixa "Vôo de Coração", composta por ele e Bernardo Vilhena. O espanhol que citei ali em cima foi belamente cantado em " De Mi", do argentino Charly Garcia e "Tempo-Espaço" ganhou um arranjo maravilhoso - de arrepiar- do maestro Rogério Duprat.
Vendo Lulu receber a honraria no Grammy Latino tive a constatação de que ele assinou definitivamente seu nome no panteão das estrelas da música. E toda vez que olhar para o céu terei a certeza de que a obra ficará e Luís Maurício será eterno, estará logo ali, "na lanterna do tempo em que virá..."
Dica da escritora: ouçam esta canção de fones de ouvido, numa noite de céu estrelado e façam todos uma boa viagem.
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