O Canto de Cabocla nasceu em 2011 como um projeto cultural idealizado por Sandra Vianna, com o objetivo de acolher diversas manifestações artísticas e preservar a identidade cultural e ambiental. Inicialmente, foi realizado por meio de editais, com recursos limitados, mas envolveu coletivos artísticos e voluntários. Após anos de atividades itinerantes, o projeto ganhou um espaço físico em 2017, tornando-se uma incubadora de projetos artísticos e ambientais em Mogi das Cruzes. Durante três anos, promoveu cerca de 240 apresentações anuais, além de ações ambientais, como compostagem e plantio de mudas. Devido à pandemia, o espaço foi fechado em 2021, mas as atividades continuaram de forma itinerante. Em 2024, o coletivo iniciou o processo de formalização como associação cultural, artística, ambiental, educacional e esportiva. As novas iniciativas incluem o projeto "Canto no Campo", com eventos em propriedades rurais, além da tradicional "Jacalhoada".
A idealizadora do projeto contou ao Falando em Sol sobre a importância do projeto como polo artístico e ambiental para os mogianos.
F.S -Como nasceu o Canto de Cabocla?
Durante todo o meu percurso dentro da carreira artística, sempre separei a Artista da Produtora, Entendi essa necessidade no primeiro curso de produção cultural que fiz em meados de 1996, pelo SENAC que me fez diferenciar essas duas funções. Depois de 10 anos 2001 à 2011), desenvolvendo meus trabalhos na Capital, Serra da Mantiqueira e Litoral de São Paulo, retorno a Mogi e na ocasião havia um edital aberto pra realização de projetos culturais. Nesse momento, lembrei-me de um projeto “MercaSom” do qual gosto muito e já havia apresentado na Secretaria de Cultura em 2001, e não tive respaldo para a realização. Fui realizar no Mercado Cantareira em Sampa, com apoio de alguns comerciantes, em 2002/2003.Pois bem, inscrevi o projeto nesse edital como proponente Sandra Vianna e produção Canto de Cabocla (esse nome foi criado nesse momento) e por que, Canto de Cabocla, primeiro por ser um canto onde possa ser acolhida diversas manifestações artísticas de todos os segmentos possíveis, segundo, por abranger o verbo “cantar” e terceiro... a Cabocla, por ser assim que me vejo, não me considero uma pessoa branca. Nesse momento dei o ponta pé inicial para mais uma etapa. A verba, como sempre não cobriria todos os gastos, mas ainda assim, conseguimos realizar envolvendo um coletivo interessado de artistas e produtores, duas edições do evento, em Novembro de 2011, uma em homenagem às crianças, onde se apresentaram Vital de Souza e Waldir Vera e a outra onde se apresentaram Michael Meyson e Celso Andrade.
A nossa Logo, a Cabocla de echarpe, foi feita pelo artista plástico de quem sou muito fã, o “Castilho” e veio cheia de significado, tomando como inspiração, a obra “O Violeiro” de Almeida Junior (1850–1899), uma grandiosa honra! Quem desenvolveu as artes gráficas, foi o meu parceiro musical “Waldir Vera” que também se apresentou em uma das edições, disponibilizei equipamentos, operai a mesa, apresentei ... e a produção de campo, envolveu mais uma dezena de voluntários, incluindo recreação em pinturas faciais, na edição voltada para o dia das crianças, assumida voluntariamente pela Denise Andere.
A partir desse momento, o Canto de Cabocla assume ações itinerantes, de produção e cozinha, passando por vários espaços independentes na cidade, em 2016, abrimos o Delivery com entrega de alimentos, passamos a desenvolver a tecnologia de processamento da “Carne Vegetal de Jaca Verde”, e distribuir para outros espaços também e concomitante a esse movimento, produzia o projeto “Autoral do Canto” em vários espaços da cidade, até que, em 2017, alugamos um espaço físico para poder abraçar as artes e também o meio ambiente, nossas principais finalidades.
A partir daí se desenrola uma etapa de trabalho extremamente intenso, no entanto, com grandes satisfações pra minha alma, foram 3 anos de portas abertas, sendo uma incubadora de projetos, de expressões artísticas das mais diversas e espontâneas, recebendo artistas de Mogi, região, de outros estados e até de outros países, acolhendo totalmente suas liberdades de expressão.
E muita, muita coisa boa aconteceu alí... Inúmeros projetos novos, interações inusitadas e acolhimentos. Alí a gente recebeu a estreia da Konne Lee, cantora Drag Quem de Mogi, fazendo um show lindíssimo voltado pras músicas da umbanda, recebemos, o Projeto Somos Latino Americanos, produzido pelo Gustavo de Castro, trazendo o intercâmbios com músicos da colômbia, O Canto das Minas, no mês de Março, onde todos os dias eram ocupados pelas artes das mulheres da cidade e região, o sensível show Iroko, por Zé Modesto e Fernanda de Paula, o projeto “Coisa Nossa”, idealizado pela Ana Paula Moraes, dançarina flamenca, onde as dançarinas que participaram, escolheram uma música de algum compositor mogiano para interpretar (liiiiiindo demais), acolhemos também uma performance do Geraldo Amaral, grande Gê, que havia anos não se apresentava, o que o levou a fazer uma apresentação no Centro Cultural, Valéria Custódio, Khalil Magno, Rui Ponciano, Paulo Betzler, Brenô, Mari Ana, Dammi Alves, Lívia Barros, Milton Mor, Kauê Moro, Alex Constantino, Evandro dos Reis, Guilherme Bandeira, Léo Zerrah, Celso Andrade, Umanto entre tantos outros... Foram 3 anos, acolhendo durante 5 apresentações semanais, ou seja, aproximadamente 240 ao ano.
Com a ação ambiental produzida pela bióloga e educadora ambiental, Jéssica Vianna, tratávamos resíduos da Praça “Largo do Bom Jesus” para dar andamento no processo de compostagem que tínhamos no quintal, fizemos muda, até do imponente Jequitibá Rosa, exemplar em risco de extinção proveniente da Mata Atlântica, que tem na praça para distribuirmos.
Mas... como muitos, não resistimos aos impactos da pandemia, fechando as portas em 2021. A partir daí, continuei num processo itinerante de produção e levando o meu trabalho também como artista, até que no segundo semestre de 2024, iniciamos o processo de articulação para a formalização do coletivo como associação, para o melhor desenvolvimento de nossas ações.
Reunimos os trabalhadores da Cultura que estávamos juntos durante 2021, 2022 e 2023 evolvidos num laço lindo do verdadeiro “Ninguém solta a mão de ninguém” e fundamos a Associação.
F.S- Como é estar de volta?
Na verdade, nunca paramos! E nesse momento viemos intensificar e registrar as ações, como Canto de Cabocla – Associação Cultural, Artística, Ambiental, Educacional e Esportiva do Alto Tietê.
E apesar de ainda não termos espaço físico, as produções seguem a todo vapor, com propostas sociais ou não, abrangendo Arte, Cultura, Educação Ambiental e Autoconhecimento.
Um dos motes de trabalho dessa nova etapa, é o Projeto “Canto no Campo”, onde procuramos apreciar, além das artes e gastronomia, o meio ambiente. E Siiiim, estamos a todo vapor com as produções em propriedades rurais, os interessados é só nos procurar, faremos a visita técnica pra entender o tipo de evento que a propriedade pode acolher.
Temos a nossa primeira ação no dia 19/01, a nossa tradicional “Jacalhoada”. Nesse dia, o palco será aberto, e as custas é para dar conta da produção. Por isso o número de ingressos é limitadíssimo e temo que ao estar lendo a matéria, não tenhamos mais ingressos à venda. Nossa intenção é realmente interagir com os bem próximos, num evento bem intimista e acolhedor. Além da nossa tradicional “Jacalhoada do Canto”, teremos o básico de bar: água, refrigerante e cerveja em lata, e será permitido levar o seu cooler.
O Espaço onde será o primeiro evento, é a Casinha da Roça da Zizi Mello, que fica em Guararema, no Vilarejo de Nossa Senhora de Alexandria, onde os convidados poderão ter contato, também com História e Meio Ambiente, por meio da Observação de Pássaros coordenada por nossa anfitriã, Zizi Mello,
Em Fevereiro haverá ação social, com o grupo “As Passarinheiras” (Sandra Vianna, Zizi Mello e Carla Pozo), para as crianças do Instituto Batuíra em Poá e também já está agendada uma incrível viagem ao universo do autoconhecimento, “O Caminho de Sofia”, com Rose Kareemi Ponce no no Sítio Terra Pura em Guararema. Aguardem mais informações pela página da Canto de Cabocla no Instagram.
F.S - Qual a importância do Canto para a Cultura de Mogi?
Tenho dificuldade em falar dessa importância, pois meu movimento como gestora sempre foi muito intuitivo, priorizando o espaço que acolha as artes, os artistas e lute pela preservação ambiental. É coisa que vem de dentro, sabe? O Ser assim. Vou te enviar um vídeo, onde artistas e frequentadores falam dessa história...
F.S - Quais as atrações musicais dessa primeira edição?
Artistas que já confirmaram presença :Sandra Vianna, Flávia Caruso, Carla Poso, Marcio Moura, Marcos Pê, Jéssica Vianna, Brenô; esses, fazem parte da diretoria da associação e naturalmente estarão presentes para garantir o desenrolar da produção, no em tanto, já com mais da metade dos ingressos vendidos, posso afirmar que haverá a presença de outros artistas da cidade, e como o palco é aberto, em meio a muito verde e passarada, tenho certeza que darão sua palhinha também.
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