Amor de Índio - canção de Beto Guedes e Ronaldo Bastos era uma das mais emocionantes no tempo em que esta que vos escreve cantava em casamentos (foto abaixo)
Fotos: reprodução álbum/ Ana Maria Marangoni
"Olha aqui Tati, pode segurar esse choro. Se chegar lá na hora de cantar e você abrir essa boca, tá fora dos casamentos", ameaçava em forma de brincadeira minha amiga, líder do nosso grupo nos ensaios.
Lá no início dos anos dois mil, me juntei a alguns colegas do coral para montar um grupo vocal, e nos apresentávamos nos intervalos culturais da faculdade, em formaturas, saraus, onde nos convidavam levávamos nosso repertório com músicas do cancioneiro nacional.
Éramos "Caxias": durante a semana tínhamos nossas obrigações, nos trabalhos, nos estudos e com o coral da universidade, nos sobrava o sábado para os ensaios. E estes aconteciam das duas da tarde até as oito da noite para o pavor de namorados e familiares que reclamavam de nossas ausências nos fins de semana . Até que soubemos de que algumas pessoas queriam música em seus casamentos mas não tinham condições de pagar pelos grupos ou bandas -pelo alto valor cobrado- e nos colocamos à disposição. E lá íamos com nossas roupas pretas, elegantes e dispostas a entregar o nosso melhor para que as cerimônias tivessem trilha sonora. Era uma missão que acolhemos com muito amor.
Minha amiga tinha um gol quadradinho, e não me perguntem como, íamos todos juntos, um no colo do outro, mais violões, teclados , as caixas de som e os microfones. Se o grupo estava completo, algumas vezes fazíamos duas viagens, e assim vivemos inúmeros momentos marcantes.
Normalmente a canção mais pedida pelos noivos era "Sol de Primavera" (Ronaldo Bastos e Beto Guedes), seguida de "Tudo que Se Quer" (versão de Nelson Motta para All Ask I You) e "Eu sei que vou te amar" (Tom e Vinícius). Mas a que mexia comigo mesmo e me emocionava a ponto de chorar,-era Amor de Índio (Ronaldo Bastos e Beto Guedes), essa que me rendia ameaças de minha colega para que segurasse a emoção. Essa música para mim tem um quê de prece. Um amor que qualquer pessoa, até a menos romântica deste mundo sonha em viver. Em todas as estações.
Um dia, fomos convidados para um casamento em um bairro distante da cidade e lá fomos para cumprir a missão de cantar. Não cobrávamos pelo trabalho- era de coração- e, algumas vezes, nos convidavam para os comes e bebes após os enlaces. Na ocasião, após cantar "Amor de Índio" para a entrada das alianças - cheia de lágrimas represadas- prestei atenção no sermão do padre que fugia do tradicional texto sobre o casamento na Galiléia em que Jesus transformou a água em vinho. Emocionado, o celebrante falava sobre a valorização das coisas mais simples que só o amor pode oferecer, sobre o diálogo e a compreensão entre os pares. Pensei comigo, a música tão linda tinha inspirado o discurso do padre que ainda usou alguns trechos para ilustrar seu sermão.
Fomos para festa, e em certo momento ouvimos vozes alteradas. A mãe da noiva nos viu em uma das mesas e nos pediu desesperadamente para que pegássemos os instrumentos e cantássemos algo para entreter os convidados, pois os noivos estavam tendo um pequeno D.R por causa de alguns convites entregues pelo noivo que não agradaram a recém- esposa.Acho que só eu prestei atenção nas palavras do padre e no que dizia a canção de Bastos e Guedes (risos).
E para lembrar desse tempo em que fui muito feliz fazendo a trilha de casais apaixonados minha quinta da saudade vai compartilhar com vocês "Amor de Índio", de Ronaldo Bastos e Beto Guedes, lançada em 1978 e que ainda me emociona muito. Desta vez, por esta que vos escreve, que não segurou o choro depois de gravar esse vídeo.
Aproveito para dedicá-la para Ronaldo Bastos, que celebra idade nova no dia 21 de janeiro.
Delícia de matéria e vc cantando, sou sua fã 😍👏👏👏
ResponderExcluirAhhh...que bom que vc gostou 🥹❤️🌹🙏
Excluir