Com um pé fincado na Serra da Mantiqueira e outro que perambula pelo mundo, a cantora, compositora e produtora musical Lígia Kamada se revela em Kamadas, trabalho autoral solo , no qual visita sua ancestralidade e faz reflexões sobre o existir como mulher no mundo. O álbum foi lançado na última sexta-feira, 11 de abril em todas as plataformas.
"No meio da pandemia, tive um problema de saúde e precisei retirar o útero. Essa mudança, que não foi apenas física, me fez refletir sobre várias questões da minha vida e da estrutura, desde minha ascendência japonesa, andaluza miscigenada até os enfrentamentos que nós, mulheres, somos obrigadas a encarar todos os dias. É um disco sobre ser uma mulher racializada (amarela) nesse mundo, mas também sobre ser uma mulher ‘sem útero’ diante do peso que é colocado em cima desse órgão e de nossas decisões, como optar ou não por ser mãe. Que memórias o útero carrega de nossas ancestrais, mãe, avós, bisavós e das violências sofridas?", questiona Ligia.
Esse desafio da artista permeia o conteúdo do trabalho de forma poética e ao mesmo tempo objetiva e clara, como quando ela diz "sentir mas sem sofrer do corte/ olhar para a dor e até sorrir com a sorte", em Sacode, faixa que abre o disco e que também mostra como Ligia decidiu abrir o peito, aceitar e enfrentar suas questões. A canção conta com a participação do cantor e compositor brasileiro, Jhayam.
O disco traz na produção a impressão digital de Pipo Pegoraro, vencedor do Grammy Latino em 2023 ("Em Nome da Estrela", Xênia França), com o uso de sintetizadores, silêncios necessários, arranjos colocados em seus lugares exatos e uma compreensão perfeita da proposta da artista que vem, além do talento do produtor, da relação de amizade antiga entre os dois.
"Buscamos uma densidade quase 'uterina' na atmosfera desse trabalho diante do que motivou essas composições. Ligia chegou com uma pré-produção bastante avançada, com arranjos e guias, e juntos buscamos timbres, tons e andamentos. Conheço a Ligia há muito tempo, ela tem a roça e o mundo dentro dela, e como esse trabalho é quase um retiro interno dela, isso não poderia ficar de fora", explica Pipo
Também traz uma série de participações, inspirações e parcerias em suas dez canções, como da cantora Ceumar (poema em Shukufuku), Clara Baccarin (parceira de letra em Tudo - essa com texto inicial de Poroiwak - e Talvez em Março), poeta arrudA (parceiro em De Qual Substância e Amor é um Ato), Juliana Maria (parceira de letra em Peixe Acrobata), Larissa Oliveira (trompete em Talvez em Março) e Érica Navarro (violoncelo em Shukufuku).
Outras participações trazem ainda mais intimidade ao trabalho. Ligia faz coro junto com seu pai, Tetsuo Kamada, e sua irmã, a artista Leticia Aya Kamada, em Tudo e Sacode, e conta com a participação de Victor Kinjo e Poroiwak, todos nipo brasileiros.
"Pra mim era muito importante tê-los nesse trabalho, sentirmos juntos esse momento. Meu pai, Tetsuo Kamada, ou Tche, como era conhecido na época que tocava em conjunto, foi minha primeira inspiração e apoio na música”, lembra.
Muito lindo tudo isso meu amor 👏❤️salve você !!!
ResponderExcluirLígia!!Que orgulho de você!
ResponderExcluirMinha ex aluna…quanto tempo se passou e agora , vejo a artista… a mulher…. Que maravilha.
Parabéns linda, que o sucesso a acompanhe, o Brasil precisa dessa força, dessa capacidade de transformação profunda!
Receba o meu abraço apertado! Reencontrei sua mãe…minha querida amiga de tantas horas , de tanto tempo.
Que bom saber de você!🌷🤗🍀🥰