Lançamento- Atual Pedra Rara e ex-Tribo de Jah, cantor participa do novo EP do artista do Vale com banda Skaya e Moreno Overá; lançamento ao vivo é dom. (06), em Tremembé, e estreia no YouTube é seg. (07)
Foto:Bruno Marques/Divulgação
Amanhã, seis de julho o ídolo nacional do reggae Zé Orlando (atual Pedra Rara e ex-Tribo de Jah) é convidado especial do show gratuito de lançamento do disco “Música Caipira Planetária”, de Mestre Quintino - veterano da cultura popular no Vale- evento animado que reúne a banda Skaya, o violeiro Moreno Overá e a artista Fátima Ortiz no palco da Casa de Cultura Prof. Quintino Jr., às 20h, em Tremembé. Zé interpreta a faixa “Love”, que poderá ser ouvida e reouvida em audiovisual gravado em estúdio a partir de segunda (07), no YouTube. Antes, no sábado, o artista ainda conversa com Quintino no programa “Reggae in Box”, de sua webrádio (pedrarara.com.br), enquanto põe para tocar, no ar, as canções do novo disco. Também participam do bate-papo Danilo Bonato e Michel Cruz, músicos da banda Skaya.
Mestre Quintino tem veia roqueira e pé no brejo, o que faz de suas composições uma exótica quebra de tradições sonoras em benefício da boa música! No disco, que já está no Spotify e outras plataformas digitais, ele congrega ritmos (blues, rock, reggae…) em letras que pregam o amor e a consciência pelo bem da humanidade, levado pelo suingue da banda Skaya e a viola eletrodinâmica de Moreno Overá. O show de estreia do projeto, no último sábado, reuniu 180 pessoas em uma aconchegante travessa do centro de Pindamonhangaba.
“Nós queremos bagunçar a cabeça dos historiadores de música caipira!”, diverte-se Quintino, que também celebra aniversário na apresentação deste domingo. “Aqui é uma mistura de gerações com muita coisa a dizer, mas sem deixar de ser da roça! São canções de poética afetiva acessível, sobre um mundo plural e solidário, que marcam o início de uma trilogia que busca inovar em sonoridade sem perder referências da nossa cultura.”
O show deste domingo está com formação completa dos músicos que gravaram, no Estúdio 185, em São Paulo, o EP que leva o nome do projeto. As imagens em audiovisual poderão ser assistidas e reassistidas no show online que chega ao YouTube nesta segunda (07). Entre as exceções do repertório autoral, a toada “Lua Congadeira”, cantada por Fátima Ortiz, é assinada por Mestre Lumumba, referência do saber popular de quem Quintino foi aprendiz.
“Lumumba foi pioneiro em unir ritmos afro-ameríndios a um instrumental mais moderno. Toquei com ele muitos anos e, antes de ‘se encantar’, ele pediu que fosse dada continuidade ao trabalho dele sem que houvesse, entretanto, alguém se dizendo seu sucessor. Diante deste enigma, estou aqui transcendendo ritmos como forma de estender o legado que deixou”, reverencia Quintino.
REPRESENTATIVIDADE NO REGGAE
Zé Orlando é conhecido por sua representatividade entre deficientes visuais e sobe ao palco do “Música Caipira Planetária”, neste domingo, justamente quando é celebrado o Dia da Inclusão da Pessoa com Deficiência. “Tenho deficiência, mas tenho vivido em plenitude! O resto são detalhes! Todos temos limitações, e temos de buscar viver plenamente! Dentro do meu conhecimento, apenas, tento buscar algo que faça diferença”, diz ele, que tem lançado discos em línguas diversificadas, todos com audiodescrição, e feito shows e projetos voltados à inclusão de pessoas com deficiência no mercado da música.
“Música é isso, é contato que prolonga experiências!”, complementa, já referindo-se ao encontro com Mestre Quintino e banda. “Fui apresentado à faixa ‘Love’ por áudio, e quando chegamos ao estúdio, trocando ideias, o sentimento veio. Houve entrosamento com a banda, formada por jovens com espírito da positiva, e ficou muito legal!”, diz o músico, que nutre carinho pela região. “Com a Tribo de Jah fiz muitos shows bons no Vale!”
Ao seu lado está a banda Skaya, formada por guitarra, bateria, baixo elétrico, saxofone e trompete, que adiciona às composições de Quintino muito balanço resultante da sonoridade tirada da fusão de música jamaicana (em variações do reggae, como ska e rocksteady) com popular brasileira, valorizando influências do jazz e do blues. “Nosso trabalho dá liga com o do Quintino; há uma vibração muito boa em cena, com liberdade para improvisos. Fazemos um show bem dançante”, afirma Danilo Bonato Andrade, baterista e fundador. O grupo também lança oficialmente, no dia 07, o clipe de “Skaleta” no YouTube –um ska instrumental.
Para acompanhar este time na fundamental viola caipira, aqui tocada com muita personalidade, o experiente músico Moreno Overá se desloca de São Luiz do Paraitinga para a agenda do projeto. “O repertório de Quintino é vasto; tem o regional na veia, mas é mais dimensional, passando por rock, reggae… Minha viola traz com força o caipira para as gravações, mas para o palco ficaria fraquinha entre os instrumentos da banda. Por isso, busquei novidades”, introduz.
Quem for ao show de lançamento do disco, domingo, poderá conferir de perto, portanto, a inovação: um instrumento maciço como uma guitarra, com captação acústica e ressonador de metal, mas ainda… Uma viola! “Fui atrás de um luthier especializado para desenvolver este modelo, chamado viola eletrodinâmica, sob medida. Ela me permite elevar o volume acima da bateria ou do baixo, ou colocar efeitos de guitarra que deixam o público curioso, porque é um instrumento pouquíssimo usado”, explica Overá.
Para ficar ainda mais específico, o músico usa afinação diferenciada. “É a chamada rio abaixo, feita em sol. Isso quer dizer que a tônica é mais grave e com tensão de cordas mais solta, conferindo peso, mas também certa tranquilidade ao som”, esclarece. “Não há outro que a use, hoje, nas raras violas eletrodinâmicas do país. Por esta excentricidade toda, unida ao Skaya, é que o Quintino diz que este trabalho virou uma música caipira planetária”, diverte-se.
ENTRE MESTRES
Mestre Quintino, que já tem o EP “Rock do Brejo” (2022), herdou vocação para música e cultura do avô, que em 1917 formou a tradicional Banda do Quintino, de Tremembé. Com ele, começou tocando caixa em cortejos e eventos dos mais inusitados, como leilões e enterros, até se render, aos 19 anos, às cordas e à bateria do rock. Ao final dos anos 1990, conheceu Mestre Lumumba, com quem aprendeu a arte dos tambores e passou a se apresentar em shows e gravações.
Tornou-se construtor deste instrumento, principalmente na estética africana (ON’Ilu), e hoje instrui outras pessoas a fabricá-lo por meio de projetos como as oficinas “100 Tambores pelo Mundo”. “Refletindo sobre a continuidade de ação pedida pelo mestre Lumumba antes de partir, questionei o que seria do mundo com 100 tambores a mais construídos com a troca deste saber! Recebi 137 inscrições. Temos 6 prontos e quase 40 finalizando”, celebra o artista.
Quintino acumula hoje os títulos de criador da Orquestra do Erê e da Primeira Escola de Congo de São Benedito do Erê, onde também é capitão de congada, e de alabê do Ylê Asé Omo Ayiê (casa de candomblé fundada por Lumumba em São Luiz do Paraitinga). “Estou em movimento! E com ‘Música Caipira Planetária’ honro meu mestre e espalho mensagem de amor e consciência ambiental com respeito à ancestralidade sem perder sotaque e visão de futuro”, finaliza.
SERVIÇOS
“MÚSICA CAIPIRA PLANETÁRIA”
Tremembé
Quando 06/07 (dom.), às 20h,
Onde : Casa de Cultura Prof Quintino Jr - Rua Wilson Solano da Cunha, 60, Centro
Com venda de camisetas, souvenirs e adesivos do projeto. Serviços de comida e bebida no local: água gratuita e venda de cervejas, refrigerantes e caldinhos (com opção vegana). Salão coberto, com opção de assento a quem necessitar. Permitido entrar com a própria bebida. Cartaz com QR Code a deficientes visuais. Livre.
Entrada Franca
Show Online (audiovisual)
Lançamento dia 07/07 no YouTube (@mestrequintino), com participações especiais dos artistas Fátima Ortiz (voz em “Lua Congadeira”) e Zé Orlando (voz em “Love”). Banda formada pelo grupo Skaya e o violeiro Moreno Overá, em show que deu origem ao EP “Música Caipira Planetária”, já no Spotify.
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