Hitmaker - o escritor, jornalista, compositor aniversariante e responsável por grandes sucessos da nossa música. Abaixo um click de minha tv num momento em que Nelson tirou o público para dançar no Festival Doce Maravilha este ano
Fotos: Tatiana Valente
Dia desses viralizou o vídeo de uma senhora cantando Caetano Veloso. O próprio compartilhou um post emocionado com a belíssima voz da comerciante que virou celebridade nas redes. "Força Estranha" ganhou mais força ainda na bela voz de uma mulher do povo. Aliás cá entre nós aqui, era isso que eu queria ver no "Tiny Desk Brasil". Nomes que estão aí lutando por um lugar ao sol. Esta não é a primeira vez que um vídeo assim me encanta no Instagram . Há algum tempo o G1 publicou o registro um morador de rua tocando piano em um shopping, sendo acompanhado pela belíssima voz da senhora da limpeza. A música interpretada por eles era "Bem que se Quis", uma versão de Nelson Motta para "E Po' Che Fá' " de Pino Daniele, lançada em 1989 pela sereia Marisa Monte no seu álbum de estreia MM.
Creio que quando viram o vídeo da dupla, tanto o compositor como a intérprete devem ter tido a sensação de missão cumprida: na voz do povo, que ouviu, abraçou e tomou como trilha de suas vidas.
Esta canção, tema da personagem de Lúcia Veríssimo na novela O Salvador da Pátria - impossível não lembrar das cenas dela com Francisco Cuoco embalados da voz de Marisa - também faz parte da minha trilha.
Como sabem sempre gostei de cantar, desde criança. No colegial descobri colegas que eram músicos, tinham suas bandas de garagem. Dentre eles, um menino muito tímido, inteligente - nerd diziam - e que tocava piano como ninguém. No colégio onde estudávamos, tinha o tal salão nobre. Dentro dele um piano, que estava ali para que pudéssemos, com todo cuidado, tocar. Era uma das preocupações da diretora, que a arte fosse presente naquela instituição de ensino. Um dia Zé tocou a música famosa na voz de Marisa Monte e eu sem vergonha nenhuma abri o bico a cantar. Pronto. Virou costume dos meus colegas me pedirem pra cantar essa todas as trocas de aula. Ou quando juntávamos as salas, nos intervalos o professor me pedia pra cantar, enquanto Zé, ou Danilo (um exímio tecladista) tocavam a versão de Motta. A profundidade da letra que narrava alguém que depois de passar por muitas coisas na vida, se apaixonava e apesar dos pesares ainda era feliz me fascinava. Era menina, mas já leitora de Nelson Motta, e também seduzida pelo canto da Sereia Monte.
Já nos ensaios do coral da faculdade encostava no piano e brincava com o Luiz de Godoy, nosso querido pianista, dizendo toca aquela : me sentia a própria sereia assim que terminava a introdução. Ele, meu amigo, me chamava de diva.
Atualmente Luiz é maestro conhecidíssimo por seu compromisso com luta antirracista na música clássica, professor de regência orquestral do Departamento de Música Sacra da Escola Superior de Música e Teatro de Hamburgo. Que orgulho tenho desse homem que conheço desde menino!
Por isso, minha saudade vai dividir com vocês "Bem Que Se Quis", no piano de Luiz de Godoy, regência de Alex Sandra Grossi nas vozes do Coral da Universidade de Mogi das Cruzes, no ano de 2004. Estou ali, do lado do pianista, de roupa preta, cabelos cacheados e dançando, claro.
Ah e vocês, leitores do Falando em Sol devem ter estranhado a quarta da saudade. É que hoje é 29 de outubro, dia de celebrar o escorpião Nelson Motta. Quem me conhece sabe que não sei esperar pra entregar presente. E pra matar saudade, o dia é a gente que escolhe.
Né não Nelsinho? Taí a prova de que sempre fui uma aspirante a Sereia.
Viva você!
P.S: Após escrever esse texto resolvi cantar a música 21 anos depois do vídeo acima. E é fato: "oque é que a gente não faz por amor?"
Faz até um blog sobre música... risos...


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