Pular para o conteúdo principal

Zeferina e Mateus Aleluia celebram Dia da Consciência Negra com “Xangô Alapalá”

 



Luta - Single lançado ontem junto de um videoclipe é uma oferenda, um convite para compreender a arte como um caminho para a justiça
Fotos: Daniel Fagundes


      Há canções que nascem da terra e existem outras que descendem do céu - Xangô Alapalá é das que atravessam o fogo. Marcando o encontro entre Zeferina, artista da nova música preta brasileira, e Mateus Aleluia, um dos maiores griôs da cultura afro-brasileira, a faixa inédita chega acompanhada por videoclipe ontem, 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, data símbolo da memória e da luta do povo preto brasileiro, pelo selo YB Music.

Na canção, Zeferina e Aleluia reverenciam Xangô, orixá do fogo e do trovão, símbolo da sabedoria, da verdade e da justiça. “Xangô Alapalá” é também uma canção sobre comunhão, entre tempos, corpos e mundos. É o encontro de Zeferina com Mateus, mensageiro de Xangô. É sobre cantar para curar, para continuar, para fazer da arte um território de justiça.

“Esta música é uma oferenda, um chamado para que o olho da justiça ancestral esteja sempre aberto. Xangô não é cego: ele vê, sente e corrige o mundo. É a força que atravessa gerações e continua a nos guiar hoje”, afirma Zeferina.

O caminho até essa gravação foi, ele próprio, um chamado ancestral. Zeferina conta que a música nasceu de um impulso espiritual, atravessada por perdas, sinais e encontros: o luto por um amigo querido, a presença sensível de pessoas que partiram, e a energia viva da ancestralidade orientando cada passo. 

“Era como se eu recebesse um presente. A energia me dizia: grava essa música”, relembra

Durante esse percurso, Zeferina conheceu Mateus Aleluia Filho, que gravou os sopros em Cachoeira, Bahia, e foi quem abriu as portas do reencontro com o pai. Quando a canção chegou aos ouvidos de Mateus Aleluia, ele respondeu com uma frase que selou o destino da obra: “Essa música é o próprio orixá.

O registro, enfim, tornou-se realidade sob a direção de Malka Julieta, produtora musical e multi-instrumentista responsável pelos arranjos, pianos, guitarras, teclados e batidas eletrônicas. Sua presença imprime à faixa uma escuta contemporânea e libertadora, unindo o sagrado afro-brasileiro à fluidez e coragem da arte trans. A percussão de Rômulo Nardes traz o corpo para o terreiro, e os sopros de Mateus Aleluia Filho sopram o ar da ancestralidade.

O clipe, dirigido por Daniel Fagundes roteirizado por Daniel e Zeferina, amplia essa dimensão ancestral, trazendo referências aos ciclos da vida e à presença de quem já partiu — uma homenagem visual guiada pela fé, pela memória e pela liberdade. Transitando entre espaços urbanos e simbólicos, traduz a presença do orixá na vida cotidiana. O lançamento, marcado para o Dia da Consciência Negra e de Zumbi dos Palmares, reafirma a canção como um cântico de resistência e celebração da negritude viva.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Centenário Inezita Barroso

  Centenário - pesquisadora de nossa cultura popular, Inezita reunia gerações em seu programa exibido todos os domingos pela TV Cultura Foto: Reprodução Itaú Cultural Ontem, dia 4 de março, foi celebrado o centenário de uma mulher, que enquanto esteve aqui, neste plano, viveu por e para a música brasileira: Inezita Barroso. Conhecida como  a "D ama da Música Caipira", por trinta anos  abriu as portas de seu programa Viola, Minha Viola, exibido pela TV Cultura, para receber artistas da velha e nova geração.  Nascida Ignez Madalena Aranha de Lima no ano de 1925 na cidade de São Paulo adotou o sobrenome Barroso do marido. Foi atriz, bibliotecária, cantora, folclorista, apresentadora de rádio e TV.  Segundo a neta, Paula Maia publicou em seu Instagram, foi uma das primeiras mulheres a tirar carteira de habilitação e viajou por todo país para registrar músicas do folclore brasileiro.  Recebeu da Universidade de Lisboa o título de honoris causa em folclore e art...

Bituca é Nosso!

Cara Academia do Grammy. Fica aqui nossa indignação pela forma como nosso Milton Nascimento foi recebido no evento de ontem. Sem mais, Tatiana Valente, editora responsável pelo Falando Em Sol.  

Djavan e Eles

Pétala - dia de celebrar o cantor e compositor muso deste blog e de muitos outros poetas e escritores Foto: Tati Valente Dia de Djavanear o que há de bom. Os leitores do Falando em Sol já estão cansados de saber o apreço que tenho pela obra do alagoano Djavan Caetano Vianna, e que todo ano, esta data aqui é celebrada em forma de palavras. O que posso fazer, se Djavan "invade e fim"? Para comemorar seu 76º aniversário, selecionei cinco momentos em que ele dividiu cena com outros nomes da música popular brasileira. O resultado: um oceano de beleza. Tudo começou aqui. Este foi o meu primeiro contato com Djavan e tenho a certeza que de toda uma geração que nasceu nos anos 1980. Ele é Superfantástico! Edgard Poças...obrigada por isso... Azul é linda, amo ouvir e cantar até cansar...  Com Gal e Djavan então...o céu não perde o azul nunca... Esse vídeo foi em um Som Brasil, no ano de 1994. Desculpem, posso até parecer monotemática, mas Amor de Índio é linda. Mais linda ainda com est...