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Entrevista : Denise Oliveira vem aí!



                                Cantora Brasiliense Lança EP no dia 13 de maio                                 

Fazer do canto uma forma de superar a perda de um grande amor para a morte. Tornar a  música um caminho para aliviar a dor e homenagear o companheiro. Este é o tema de  "Para não esquecer um grande amor" que será lançado por Denise Oliveira, cantora brasiliense. A partir de 13 de maio o EP com  canções do compositor Eduardo Nascimento interpretado pela cantora estará disponível em todas as plataformas digitais.

Fazem parte do EP quatro sambas e uma ciranda com mensagens de amor interpretadas com muita ternura. Além da faixa-título “Para não esquecer um grande amor”, o álbum traz as faixas “Ciranda do amor distante”, “Mareia”, “Súplica” e “Bom dia”, todas de autoria de Eduardo. O trabalho minimalista teve base instrumental do violonista Kleyton Sodré, arranjos e piano da cantora e instrumentista Nayara Portela e participação do percussionista Hermano Silva  da Banda Jenipapo na faixa “Ciranda do Amor Distante”. 

Para Denise, o lançamento desse trabalho é uma grande realização pessoal e um sonho que se tornou real graças a ajuda de grandes amigos músicos como a cantora Nayara Portela e o violonista e compositor Luciano Portela, donos da gravadora independente Banana Música, responsável pela gravação, mixagem e finalização do EP.  Ela afirma que esse trabalho é um presente que vem de dentro do coração, “uma estreia corajosa que pretende alçar voos e encontrar abrigo no coração da plateia”, completa.

A cantora que também é jornalista e artista plástica contou nesta entrevista que abre a nossa semana sobre sua carreira, que começou em uma ONG chamada Radicais Livre S/A na cidade satélite de São Sebastião , na periferia de Brasília e de lá foi para os palcos do Clube da Bossa de Brasília onde foi classificada como uma das 10 cantoras revelações por votação do público.

Ouvi para " Esquecer um grande amor" e fã das cantoras da época de ouro da rádio que sou como Elizeth Cardoso,  Emilinha Borba, Ademilde Fonseca, Marlene e Dalva de Oliveira me encantei pelo belo trabalho que a artista tem a oferecer.

Convido vocês para que se inscrevam no canal de Denise Oliveira no You Tube e façam na página do Instagram o Pré-save do EP que promete emocionar.

De uma ONG da periferia para os palcos do Clube da Bossa de Brasília. E em breve para o mundo!

É Denise Oliveira quem dá o tom hoje no Blog.

(Tatiana Valente)


FSQuando e como você começou a cantar? O que ouvia na juventude?

Desde que me lembro por gente eu canto. Cantar faz parte das minhas minhas primeiras memórias. Meus pais ouviam muito rádio e eu estava sempre ao lado do aparelho memorizando e cantando as músicas. Um encantamento genuíno. Mas como era muito tímida, cantava sempre escondido. Na adolescência, quando tinha por volta de 13 anos, fiz amizades no colégio com colegas que tocavam e montar uma bandinha para tocar covers de pop rock nacional, como Kid Abelha, Pitty, Os Paralamas do Sucesso, dentre outras. Essa banda durou 2 anos, se chamava Estamira, e nos apresentávamos em saraus mensais na cidade satélite de São Sebastião, periferia de Brasília, o Sarau Radical. Eu já integrava a ONG Radicais Livres S/A, entidade de cultura que promovia eventos culturais e sociais na cidade, exposições, declamações de poesia, oficinas de teatro etc. Participei até os meus 18 anos dos saraus dos Radicais Livres também como expositora (também pinto quadros) e poeta. Na fase final da adolescência saí da banda para me dedicar aos estudos pré-universitários para passar na UnB para o curso de Comunicação Social. A música teve que ficar de lado e achei que a despedida das artes seria permanente. Felizmente não foi.
 
FS- Qual foi a importância do coletivo cultural Sarau Radical para sua formação artística?
No Sarau Radical eu descobri um mundo maravilhoso e criativo, foi um momento de formação de uma identidade artística. Foi quando comecei a enfrentar os obstáculos da timidez e a me aceitar como artista. Estar em meio a tantos artistas produzindo artes de várias vertentes, me proporcionou uma vivência, um aprendizado enorme e bom desenvolvimento do senso estético, artístico e cultural. Crescer numa periferia com tanta escassez e dificuldades de acesso a bens culturais era um abismo. Esse abismo era amenizado por iniciativas incríveis de artistas populares e moradores que quebravam pouco a pouco esse muro tão duro. Muita gente daquela época que era adolescente e cresceu comigo compartilhando dessa jornada pôde levar a arte adiante, tornaram-se professores, agitadores culturais, pintores, escritores, jornalistas, e fico muito contente de saber que uma semente plantada semeou de forma tão linda. E que a arte continue e se torne mais acessível. que ela esteja por toda parte. Acesso a arte e a cultura é um direito. A arte muda vidas e mudou a minha.

F.S -Você também é artista plástica. A música e a pintura se complementam? 
Sim. Quando tinha 11 anos, minha mãe me colocou numas oficinas gratuitas de pintura de uma ong de São Sebastião, idealizada por um pintor chamado Chiquinho. A ONG se chamava Metamorfose e tinha o objetivo de ensinar técnicas de pintura para crianças carentes. Eu fui uma dessas alunas do Chiquinho ainda bem nova. Mas justamente em 2005, aos 13 anos, quando fui a primeira vez numa edição do sarau radical e vi a exposição de quadros de artistas de Radicais Livres e perguntei se poderia expor as minhas telas também. Daí por diante participei de várias exposições nas edições do Sarau, comecei a escrever poesia para declamar e a ensaiar com minha banda. Tudo aconteceu paralelamente. Tudo era mágico. um mundo novo e várias possibilidades de me expressar e me descobrir artisticamente.  



F.S - Você fez parte de um banda feminina chamada Estamira. Do pop/rock para o samba, como foi?
Da Estamira, do pop rock nacional, foram muitos intervalos e muitos acontecimentos. Como disse, fiquei na Estamira entre 2005 e 2007. Éramos muito garotas, muito novinhas. Bia na guitarra e Priscila no vocal comigo, eram amigas do colégio e filhas do idealizador do sarau radical. Eu ouvia muito rock, grunge, nirvana, pop rock nacional, aquele repertório enérgico que faz qualquer adolescente revoltado com as desigualdades sociais vibrar. Foi ai que descobri também o rock psicodélico dos anos 60, o DVD do Woodstock, a Janis Joplin, o Jim Morrison, o Led Zeppelin, dentre outros. Eu gostava de cantar, as garotas tocavam e a gente se reunia para ensaiar e se divertir. No Ensino Médio cantei em saraus do colégio já sozinha, repertório de MPB, Marisa Monte, Adriana Calcanhoto que eram as duas maiores influências. Dos 17 aos 21 tive uma longa pausa nas artes, fase em que tive que trabalhar muito, estagiar, estudar, fazer minha graduação. Mas aos 22 entrei num coral de 90 vozes femininas chamado Lux Animae, era mezzo-soprano. O Coral foi um retorno à música. Em 2015 participei de vários concertos no auditório do Colégio Carmen Salles, repertório de música erudita. Mas eu já ouvia de tudo, bossa-nova, samba, jazz, músicas dos anos 50, 40, chorinho, reggae, rock, de tudo mesmo. Depois comecei a cantar no Palco Aberto do Clube da Bossa Nova, espaço disponibilizado para novos cantores da cidade. Os encontros eram sempre aos sábados no Teatro do Sesc Silvio Barbato. Era só escolher uma música de bossa nova, criar coragem e subir no palco para cantar.

F.S - Entre suas influências musicais estão Elizeth Cardoso, Rosa Passos, Elis Regina, Joyce Moreno, Clara Nunes. Quais características delas você traz para sua música? Eu sempre fui apaixonada pelas grandes cantoras da música brasileira como Elis Regina, Wanda Sá, Leny Andrade, Joyce, Leila Pinheiro, Astrud Gilberto, Mônica Salmaso, Rosa Passos, Elizeth Cardoso, Clara Nunes, dentre tantas outras. Cada uma com sua particularidade, sua grandeza e seu jeito maravilhoso de cantar. Eu me inspiro em todas elas como mulheres, como artistas, como intérpretes, como vozes que tocam a alma e o coração incomparavelmente. Como uma pessoa que ama cantar e se emociona ouvindo essas artistas, eu só espero poder sensibilizar as pessoas com meu canto também e com a verdade da minha voz. Eu busco sempre me aperfeiçoar como cantora, levo muito a sério o ofício e tenho muito respeito pela música brasileira. Gosto de cantar com suavidade, ternura, mas me inspiro na força dessas mulheres. 
 




F.S - Você já foi classificada por votação pública como uma das 10 revelações do ano no Clube da Bossa Nova. Como tem sido ficar longe do público nesse tempo de pandemia? 

Participei do Clube da Bossa por 3 anos como cantora aprendiz nas edições do Palco Aberto. Era um desafio e uma grande emoção sentir o retorno e a energia dos público. Sempre aos finais do ano, 10 cantores eram escolhidos pelo público para um show especial de Revelações do palco aberto. Foram momentos muito felizes que me permitiram ver que a música faz parte de mim e que esse sonho precisa continuar. Sinto muita falta. Vejo que muitos artistas estão driblando esse obstáculo em shows online e lives. Ainda não fiz uma live musical, mas no ano passado criei o Ateliê da Denny - Bate-papo sobre Arte e Cultura no Instagram e foi uma experiência incrível. Tive a oportunidade de conhecer o trabalho de grandes artistas da cena musical de Brasília. Espero fazer uma apresentação" inloco" das músicas do EP assim que a pandemia acabar e sentir de perto o retorno do público. Compartilhar essa novidade com tanta gente será uma alegria imensa.
           


F.S- " Para Não esquecer um grande amor " é uma homenagem para seu companheiro. Como nasceu essa ideia? Cantar para você é uma forma de perpetuar seu amor? 

Em julho de 2016, eu perdi um grande amor. Meu companheiro Valter Renato Nobre, faleceu após uma parada cardiorrespiratória repentina. Foi muito difícil encarar tamanha dor aos 23 anos de idade. Estávamos juntos há pouco tempo. Foram 3 anos e meio de relacionamento no total. Vivemos casados por um ano e meio, dividindo alegrias, conhecimentos musicais e artísticos. Valter me dava muito apoio e ia sempre comigo para canjas musicais em barzinhos, me acompanhava no clube da bossa nova e era meu principal ouvinte, aguentava as cantorias diárias em casa. Era um homem de grande sensibilidade, artista, cineasta, roteirista, que me apresentou o jazz, Frank Sinatra, Tommy Dorsey, Doris Day, Sarah Vaughan, Billie Holliday e tantos outros ícones da música internacional. Ele me incentivava muito. Quando ele morreu, só me restava cantar. Só me sentia bem cantando, só me sentia alegre se estivesse cantando. Foi nesse auge da dor que me joguei na música. Ia para o pátio do Clube do Choro dar canja com os músicos, ia nas rodas de samba dar canja, nos karaokês, vivia cantando por aí, até que o grupo Chorando Baixinho me chamou para fazer parte do grupo e começamos a nos apresentar em barzinhos. Conheci também o compositor Eduardo Nascimento de Souza que compunha sambas lindos, dentre eles o samba "Para não esquecer um grande amor", dos primeiros sambas inéditos que comecei a cantar nas apresentações com o Chorando Baixinho. É uma letra tocante que conta a história de alguém que perdeu um grande amor. Logo me identifiquei com a música e se tornou faixa-título do EP de estreia que dedico ao Valter como agradecimento a todo o amor que recebi.

                                            


F.S O que pode esperar quem ouvir seu EP agora dia 13 de maio?
Acho que as pessoas podem esperar um EP cheio de carinho permeado de histórias de amor, uma sonoridade mais leve, mais doce, sambinhas envolventes com as letras românticas e muito bem trabalhadas interpretadas com doçura. É como um abraço bem apertado enviado por ondas sonoras! São cinco músicas produzidas de forma independente, mas com muito cuidado e verdade!!! É a minha voz delicada somada ao romantismo e a herança do samba antigo criados pelo compositor que assina todo o álbum! Espero que as pessoas gostem!!!

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