A gente tem muitas coisas em comum. Mas ele ainda não me conhece.
Ele é Gonçalves, como eu. É jornalista, como eu. Escreve, como eu. Canta, como eu. O pai dele tem o nome do meu bisavô materno. Assim como ele. Chico era o apelido do meu bisavô. E ele é Chico. César.
Meu primeiro contato com a poesia deste compositor nascido em Catolé do Rocha na Paraíba foi na adolescência, estava prestes a completar 15 anos. Daniela Mercury fez um enorme sucesso ao emplacar o hit " À primeira Vista" na novela O Rei do Gado. Um dia ao tomar banho com o radinho de pilha ligado ouvi a canção na voz dele. Estranhei. Mas gostei. Não demorou muito para que meu pai levasse para casa um CD ao vivo, com ele de braços abertos na capa. Foi ali que me joguei em seus braços e em sua obra. Dancei muito "Mama África"; me emocionei com "Alma não tem cor" ,que já tinha ouvido com o Karnak do André Abujamra pelo videoclipe na MTV; me encantei pela "Prosa Impúrpura do Caicó" e me apaixonei por Templo. Depois, vendo que tinha uma companhia para apreciar Chico meu pai levou para casa Cuscuz Clã. Também ouvido e festejado.
Até que no ano de 1997 ele me laçou de vez com o álbum Beleza Mano, raptado e levado pra deitar comigo na rede para ser apreciado entre um balanço e outro . Logo de cara "Chaga" anunciava o fim da dor. Foi forte ouvir percussão e vocais cantando "chega da chaga da dor". Aí em "Sinal" ele pedia para que quando o grande amor passasse por ele, que desse um sinal, chamasse que ele iria. Ai eu fui junto para as faixas seguintes. Segui numa "Reprocissão"; dancei o ritmo do carimbó em "Neném"- afinal neném só queria ter um alguém pra brincar- cantava César. Aí me apaixonei por "Onde estará o meu amor", também sucesso na voz de Bethânia. Me identifiquei com "não saber nada sobre o amor, só da sombra do avião", como em "Sanfoninha"; e achei o máximo "Se você viajar", e até hoje, toda vez que atravesso a Rebouças em Sampa me lembro dessa música. E fui adiante...
Totalmente inovador.Tinha uma pérola, uma joia rara no meu discman me embalando na rede. "Paraíba" meu amor falava que um dia ele iria voltar, um lamento nordestino delicioso para quem amava um xote como eu. As "Últimas palavras do Anjo Diluidor" cantavam um grisalho que via as maldades do mundo e dizia ca...lho.
Um barato. Mas eu tinha pulado uma música e voltei. Uma proposta doida de misturar rap e música brasileira, canto popular e rock de nome "Espinha Dorsal do Mim - Repreciso". Participação de Thaíde e DJ Hum com uma guitarra que me incomodava, me coçava, eu conhecia aquilo de algum lugar. Parei a rede com meu pé e corri pra ficha técnica pousada no beiral da janela. Confirmado. A guitarra era do Luiz Maurício. Daí já era. Chico César me chamou e eu fui de vez. Esse álbum virou meu xodozinho, carregado para todos os cantos.
Chico César é um dos meus xodós. Poeta cheio de sensibilidade. Lançou há pouco tempo uma canção lindíssima em parceria com Ronaldo Bastos e cantando com Alice Caymmi. Mas hoje para celebrar seu dia e matar minha saudade quero dividir com vocês a minha favorita dele. Beleza Mano que tem uma letra linda. Linda como Chico César.
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