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Entrevista: Carol Fincatti lança "Pessoa Inesperada", seu primeiro trabalho solo

 


 Estreia - A cantora e compositora Carol Fincatti comemora o lançamento do single "Pessoa Inesperada , seu primeiro trabalho solo 
foto : Márcio Alessandro


Na música, um clássico é sempre um clássico.

 Ter valentia de interpretar um, num programa de tevê de grande audiência e  com quatro dos artistas mais gabaritados do país é para poucos. Se esse esse clássico fez história no cinema, foi vencedor do Oscar de melhor canção original e de dois Grammys o desafio ganha maior proporção.  Tem de ter muita coragem.

Foi com o clássico " Moon River", composição de Henry Mancini e Johnny Mercer, imortalizado na voz de Holly Golightly, personagem de Audrey Hepburn em "Breakfast at Tiffany's", que a jovem paulistana Carol Fincatti fez o cantor e compositor Lulu Santos se derramar em lágrimas nas audições às cegas do "The Voice Brasil 2021". Mal sabia o técnico que ali na sua frente estava uma menina,  assim como ele, foi uma adolescente que um dia teve uma banda na qual era uma das vocalistas, embora extremamente tímida. Ela, na infância - por meio de seus pais -  tinha como referências para educar seus ouvidos um repertório eclético: de música clássica aos hits dos anos 80,  o rock de Elvis, música country  e seu maior ídolo, o rei do pop Michael Jackson.

  Menor ainda, acompanhada pelo irmão, teve seu primeiro contato com um instrumento musical, quando o avô  num ato que lembrava um ritual , com aquela magia cheia de amor que só os avôs têm, abriu com uma chave o piano para que a pequenina de cabelos cacheados e olhos azuis pudesse extrair das teclas brancas e pretas os primeiros sons. 

Embora de aparência delicada e angelical a intensidade da jovem de signo de escorpião é presente em sua tonalidade vocal e em tudo que faz . Porém, a influência do ascendente em gêmeos faz com que essa intensidade se multiplique e  se divide em cantar, tocar, produzir - esteve na produção do festival " The Town"- realizado em setembro deste ano. Quando menos se espera, se a gente pisca os olhos, a jovem de 28 anos está no mar surfando, nadando, andando de skate, pulando corda ou até mesmo jogando futebol, outra paixão de infância.

A instrumentista e compositora que começou carreira em uma banda com o irmão Rafael na adolescência, teve ainda com o músico e melhor amigo Gabriel Dellilo o duo "Avenoar". Nesta última sexta-feira lançou o single " Pessoa Inesperada". A canção, com letra de Patrick Alves, @euespirito, tem uma levada pop superalto-astral e ganhou um videoclipe, gravado em São Roque que é a cara da artista: leve e solar. Pode ser conferido no YouTube https://www.youtube.com/watch?v=R5iooUh0gbQ  e a música está disponível em todas as plataformas. E se preparem: para 2024, a cantora avisa que virão outros lançamentos.

E é nessa "vibe boa"  que apresento a entrevistada do Falando em Sol de hoje: Carol Fincatti.

F.S- Quais as suas primeiras lembranças com música? O que ouvia na infância?

Em casa sempre fomos rodeados de música, embora não tenha nenhum músico profissional. Na casa dos meus avós, tinha um piano (que hoje está com a gente) e ir pra lá era uma alegria porque meu avô fazia um momento mágico a questão de abrir o piano com chave e eu e meu irmão ficávamos brincando, o som é lindo (rs). Em paralelo, tínhamos Um violão de nylon, que meu pai tinha dado de presente pra minha mãe. Ela aprendeu uns poucos acordes e ensinou meu irmão (que é um pouco mais velho que eu). Aí ele foi aprendendo sozinho, vendo naquelas revistinhas de banca de jornal, e começou a me ensinar o básico. Ai meu irmão comprou uma guitarra e ele era super autodidata. Na escola, eu e ele fizemos aula de violão, mesmo já sabendo o básico, e formamos uma banda junto com uns amigos quando eu tinha uns 12 anos. Eu cantava e ele tocava guitarra. Mas eu era muuuito tímida, ficava meio escondida, e deixava a outra cantora "liderar"(rs). Sobre referências na infância minha mãe sempre ouviu de tudo, principalmente músicas dos anos 80. Meu pai é mais da música clássica, do country americano e ele ama um Elvis. Meu irmão pegou gosto pelo rock clássico, na nossa primeira banda tocávamos rock. Eu cantava Bon Jovi, Guns. Aí fui vendo que me encaixava mais no pop/rock, soul- amo! Minha maior influência na vida é o Michael Jackson, aliás.

F.S - Na época do colégio você já tocava ou escrevia? Quando começou a se apresentar em público e como foi?

O tempo foi passando e eu mesclava a paixão pelo esporte (jogava futebol nessa época e achava que faria isso da vida, com a música. No colégio eu participava dos eventos de música tocando e cantando, aí no ensino médio virei diretora cultural do Grêmio estudantil e ajudei a criar um show de talentos. Na época, o pessoal organizava muitos saraus na escola depois da aula e eu sempre estava ali.

 Nessa época eu comecei a fazer aula de canto em uma escola perto da minha casa, e era uma escola super completa, com muitos professores renomados e tal. Ali comecei a ter mais contato com bares, pubs e eventos, porque os eventos de final de semestre eram sempre em bares, mesmo sem cachê, porque era algo mais da escola mesmo. E aí fui estudando, comecei a estudar piano em casa, mas tudo pra acompanhar a voz. E aí comecei os primeiros shows em restaurantes, bares e eventos ganhando cachê mesmo.


Foto: Reprodução "Twitter The Voice Brasil"


F.S-  No "The Voice Brasil " você fez o Lulu Santos "cair no choro". Como foi cantar para ele que estava visivelmente emocionado?

Ahhhh... essa cena nunca vai sair da minha cabeça! Eu estava nervosa até antes de subir no palco, e quando ele virou, me deu uma sensação de alívio misturada com felicidade e um "é serio isso? Ele virou mesmo??" (rs).  Pra falar a verdade na hora nem percebi que ele e o Carlinhos estavam emocionados, só na hora que acabei a música. Mas foi emocionante demais, na hora que sai do palco eu não parava de pular e sorrir (rs), fui mandando vídeos pra minha família e poucos amigos próximos que sabiam da minha participação. O Lulu e a Iza foram uns fofos na Blind do "The Voice"!

F.S - Além do "The Voice" você participou do " The Four BR 2019". Qual foi a importância de participar dos realities? Qual foi a maior lição que você tirou deles?

Antes de participar, eu me questionei muito se queria mesmo, porque acho que arte não se compara. Mas a melhor decisão foi ter ido, ter tido coragem e dado a cara a tapa! Os dois programas me trouxeram coisas maravilhosas, principalmente no sentido das experiências (preparação, palco, luz, público, som, estrutura fenomenais), eu nunca tinha vivido algo daquelas dimensões. Além disso, eu percebi que simplesmente amo essa questão de estar nas câmeras, de me doar ao público. Me faz sentir inteira e cometa. E eu sinto falta até do nervosismo (rs) ! Claro que fui bem com o pé no chão nos processos até rolarem os programas, mas no fim deu tudo certo.


Foto : Márcio Alessandro


F.S- E a compositora Carol Fincatti? Suas canções são autobiográficas? Como nasceu "Pessoa Inesperada"?

Isso eu acho que eu devia ter começado mais cedo. Se pudesse dar um conselho pra mim mesma mais nova, diria pra começar a compor antes. Eu sempre interpretei muita coisa internacional, e tanto as músicas brasileiras quanto as composições, vieram meio tarde. No Avenoar foi que as composições começaram a vir, de fato. Como era tudo em português e eu interpretava muito em inglês, no começo achava tudo meio brega e clichê. O Gabriel escreve muito bem, meio poeta mesmo, e eu comecei a musicar as poesias dele. Aí isso me deu um gás pra começar minhas composições do 0, letra e música. Ainda estou em processo, mas já consigo gostar de músicas que fiz, como "Imprevisível" e "Onde Você Costumava Estar". E as próximas, claro (rs) Sobre isso ainda : depende da música. Existem músicas que saíram sozinhas, enquanto eu tocava violão a música ia se escrevendo... eu só peguei o celular e gravei, e assim ficou, tipo a "Onde Você Costumava Estar". Não veio com um significado prévio, mas é uma experiência interessante dar um sentido depois que a música já tá pronta. Mas têm outras que sim, têm motivos, como a própria "Imprevisível". Me inspiro em coisas do cotidiano, paixões, desilusões, nas observações sobre vida e sociedade... é muito amplo, mas é isso, também gosto de músicas poesias de outras pessoas, como algumas que o Gabriel escrevia. "Pessoa Inesperada" nasceu de um poema do meu amigo Patrick Alves, postado na página @euespirito, no Instagram. Eu e minha mãe seguimos a página dele, e quando ele postou, eu e ela tivemos a mesma ideia: que eu musicasse aquela poesia linda. Eu estava trabalhando da praia por conta da pandemia, e acho que era fim de semana, então estava com o violão no colo e a poesia aberta no celular. Simplesmente fui tocando uns acordes de cabeça e colocando uma melodia naquelas palavras. No fim das contas, a música saiu pronta em cerca de 10 minutos, e eu só mudei algumas palavras pra encaixar melhor na métrica. Logo na sequência, mandei um áudio pro Patrick e ele super aprovou a música. Naquela época de pandemia, eu estava fazendo muitas lives no Instagram e toquei essa faixa diversas vezes, e todo mundo sempre dizia que adorava. Agora chegou o momento de lançá-la assim, produzida e linda! Contei com Milton Guedes na produção musical, arranjos, teclados e efeitos; Gustavo Martins nos violões e guitarra; Kayan Guter no baixo e Fabio Augusto na mix e master. Além disso, a música vai sair com um vídeo que eu mesma editei, mas que foi gravado em São Roque pelo meu amigo Márcio Alessandro. Fomos apenas captando imagens pela cidade, sem muito roteiro, e esse é o resultado que eu queria .

F.S-  Como foi poder contar com a experiência do Milton na produção novamente?

Poxa, o Milton se tornou um amigo e conselheiro, principalmente neste sentido da música. Ele sempre me dá a maior força, me dá dicas e é o primeiro a dizer que preciso focar no projeto "Carol cantora" (rs) ele me deu a maior força na época do "The Voice", e depois, quando gravamos com Avenoar, fizemos à distância por conta dele ser do RJ, mas não mudamos nada do que ele mandou no Sax pra gente. Nem teria como.

F.S - Como você analisa o mercado da música independente? Grandes artistas estão saindo de suas gravadoras para buscar por uma "independência artística". Os desafios para o músico independente é maior?

Tendo trabalhado 6 anos em uma empresa que começou como referência no mercado de música independente, eu vi na prática o quão importante é os artistas terem controle sobre suas carreiras. Eu não vivi muito a época das grandes gravadoras, mas estudei muito a carreira do MJ e aprendi muito com meus antigos chefes. Sempre rolava uma comparação, e o mais importante, pra mim, é os artistas entenderem o que está rolando, terem um controle maior do que era antigamente e poderem ter mais poder de decisão. A questão de pulverização da informação também é importante - podemos escolher o que queremos ouvir, não acredito nesse papo de que ainda nos fazem engolir o que querem. Claro que a mídia de massa ainda é muito forte, além disso somos impactados pelo que é mais "mainstream" ou o que tem mais lucro, porém acredito temos mais escolhas do que antes. Eu gosto muito de abrir uma plataforma de música e ouvir o que há de novo, mesmo aquelas bandas do underground que quase ninguém conhece. Mas tb adoro saber o que está em alta, acompanhar o mercado. Sobre artistas saindo de gravadoras, eu ouvi da equipe de um grande artista do rock nacional que ele não queria voltar pro modelo antigo. Mas na forma independente, ele abriu a empresa dele, contratou os executivos de confiança, delegou funções, e mesmo com menos equipe, a porcentagem dele é muito maior. Claaaaro que tem um contraponto, que é: todos os artistas precisam ter mais investimento pra poder construir essas equipes. Mas será que antes isso era ao menos uma possibilidade?

Foto: Reprodução Instagram Carol Fincatti


F.S- Da menina produtora cultural do colégio para a mulher produtora do "The Town", qual sonho ainda falta realizar? Como foi se apresentar no festival que parou São Paulo?

Ahhh, muitos! Eu quero dar mais espaço para a Carol cantora, por mais que eu trabalhe com música e entretenimento, muitas vezes o tempo fica corrido pra estudar canto, gravar conteúdos pras redes sociais, planejar melhor os shows, lançamentos, carreira no geral... sinto que eu planejo o dos outros e deixo o meu meu segundo plano, mas tudo tem seu tempo... Um sonho que eu tenho é cantar fora do Brasil. Ainda mais se incluir alguma autoral, uau!! Mas antes, quero muito começar a cantar por outras cidades, estados, viajar por conta da música. E gravar tudo isso!  Cantei no "The Town Learning Journey", um dia de palestras especial para pessoas do mercado da música e entretenimento, que contou com palestras do Roberto Medina, Serginho Groisman e muito mais! Mesmo não sendo em um dos dias de festival aberto ao público, foi sensacional! Toquei no que foi a área VIP do evento, fechando este dia especial de conteúdo. Então foi realmente enriquecedor estar lá apresentando nosso som para essa galera tão renomada do mercado. Fizemos um show mais sofisticado, somente com versões Soul/Jazz/Pop, e foi com a minha banda que faz o show "Carpenters e Outros Clássicos" junto comigo: Everton Silva, MV Silva e Victor Kutlak. Nós arranjamos este show juntos, e tocar no TTLJ foi uma super experiência! Acho que é uma ótima abertura para focarmos nos shows corporativos. Mas depois disso ainda demos Sold Out em um show na casa Fino da Bossa, em Pinheiros, com o mesmo repertório. Estamos vendo um show pra fechar 2023 e outro pra abrir 2024!


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