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WME Awards Powered by Billboard 2023 : uma noite estrelada no céu da música brasileira




Constelação - noite marcada pelo brilho de mulheres que fazem do mercado da música brasileira um lugar de empoderamento e diversidade 
Fotos: Mariana Smania e Viviane Chaves






 Chiquinha Gonzaga não poderia imaginar nunca que cento e vinte e quatro anos após "abrir alas" para as mulheres na música brasileira, um prêmio seria inteiro dedicado só para elas. Há sete anos mulheres de todos os estilos musicais e de vários âmbitos no mundo da música são indicadas e premiadas no Women's  Music Event, idealizado por Fatima Pissarra (CEO da Music2Mynd e da Billboard Brasil), Monique Dardenne (gestora de carreiras e curadora musical) e pela jornalista e escritora Claudia Assef. O prêmio apresentado pela cantora, compositora, empresária e também diretora da Music2Mynd Preta Gil aconteceu nesta última quinta-feira, 14 de dezembro no belíssimo teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.

A calçada da rua Rui Barbosa, no bairro da Bela Vista se tornou passarela para mulheres, trabalhadoras do mercado musical que chegavam ao tapete vermelho. Nesta noite o teatro foi testemunha da invasão de uma constelação: Preta Gil, a apresentadora estava ali, comemorando sua vitória e a cura de um câncer, estrela que é, mesmo recém-operada esteve a frente do prêmio e ganhou a companhia de Larissa Luz, que mostrou que o nome condiz com sua performance: iluminada. 

As estrelas guias, ou as homenageadas do evento, Dona Onete e Rita Lee (representada pela neta Izabella) foram as grandes inspirações: desde o dress code até a seleção da trilha sonora, e das atrações musicais. Julia Mestre vestida de noiva, (tal qual Rita) "encantou"  com "Doce Vampiro". Paula Lima, com sua voz macia de diva da soul music, nos presenteou com "Mutante". Daniela Mercury vibrante e alto-astral levantou a plateia cantando com Dona Onete, que mesmo na cadeira de rodas aos 84 anos, e auxiliada por Aíla( cantora e compositora paraense), mostrou para as cantoras mais jovens o que é de fato amor pelo que se faz. Preta Gil e Larissa Luz conquistaram a plateia num improviso (como diria Fausto Silva, quem sabe faz ao vivo), entoando  "O Canto da Cidade". Todo mundo cantou junto. Ainda na mesma intensidade de  brilho passaram pelo palco: Carol Biazin, a "mamacita" Karol Conká, DJ Sophia, Fernanda Abreu, Mariah Nala, Vivi, Gabi Martins e Amanda Magalhães. No coro ali, na primeira fila contaram com grandes estrelas da MPB como Ana Cañas; Letícia Letrux e  Liniker, que se escaladas fossem dariam perfeitamente conta do recado.

Destaque para a banda formada exclusivamente por mulheres extremamente competentes que acompanharam as cantoras: Alana Martins (bateria); Lana Ferreira ( baixo); Michelle Cordeiro (guitarra); Silvanny Sivuca (percussão); Thais Andrade (teclado). Além das participações especiais de Dessa Brandão, Franci Óliver e Mayara Almeida. Nathalia Ferlin foi responsável pela técnica e assistente de direção musical, assinada por Monica Agena e Aíla. Ali eram abençoadas por uma estrela, primeira mulher a tocar guitarra no país: a Cilibrina do Éden Lucinha Turnbull, que assistia a tudo animada.

No total 17 categorias com cinco finalistas foram premiadas : o troféu em formato de seio e um anel, com a flor do jambu foram entregues para as grandes campeãs. Foi de extrema emoção o anúncio da profissional do ano, escolhida pelo júri técnico, formado por 500 embaixadoras, profissionais de diferentes áreas da música, coordenadas pela competentíssima jornalista e pesquisadora Letícia Schinestsck. A premiada foi Bia Wolf, engenheira de som, roadie que no momento da apresentação estava trabalhando, cuidando de todo o andamento dos shows que ali aconteciam. Sem o brilho das estrelas do backstage, não teria como ter uma constelação completa.  As outras premiadas podem ser conferidas no  Instagram https://www.instagram.com/womensmusicevent/  com seus discursos emocionantes, afinal para uma mulher estar a frente de um projeto musical é uma conquista histórica, pensando que no século passado, não tão distante, não podiam assinar as próprias composições.

Assim como foi emocionante acompanhar o momento do anúncio da última premiada. Liniker foi eleita por voto popular a cantora de 2023. Ao subir ao palco, lembrou de sua trajetória, de suas origens e do momento em que chegou em São Paulo atrás de um sonho, deixando sua cidade natal Araraquara. A  cantora brilha por si só. É estrela das grandes, no palco, na voz, nas composições e no trato com o público. É, de fato, o amor e a sensibilidade que canta. 

Uma noite inesquecível marcada pela diversidade. Exceto por algumas estrelas que por motivos pessoais, embora presenças confirmadas, não passaram por lá. Luísa Sonza, passou neste céu como um cometa. Abriu o evento cantando "Fruto Proibido" de Rita Lee. Ao ser anunciada para receber o prêmio na categoria  "música mainstream" com " Chico", não compareceu ao palco, deixando as apresentadoras Titi Müller e MariMoon num "vácuo", salvas pela luz de Larissa. Em suas redes sociais, Sonza alegou não ter ouvido o anúncio do prêmio e estar muito feliz, pois a música "é seu xodó".



Comentários

  1. Que lindo texto, minha amiga! Oxalá vc esteja no palco nas próximas edições!

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  2. Que texto incrivel. Quem diria, hein.. Chiquinha Gonzaga deve estar vibrando alto com essas mulheres de hoje. Adorei tua percepção daquela noite que foi linda e vai ficar sempre marcada na gente ❤️

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  3. Que lindeza ❤️❤️

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