Entrevista: A Dança existencial de Sterce

 

Fusão - Misturando Indie, Synth Pop e Alternative, cantora paulistana celebra o lançamento de seu terceiro single

Foto: Divulgação

A cidade de São Paulo ao anoitecer é um espetáculo para quem gosta de observá-la. Uma mistura de ritmos e luzes, com os sons dos carros e as iluminações dos prédios. E é da capital que nasceu Isabella Sterce, cantora e compositora que adotou o sobrenome como nome artístico.

A artista de 21 anos busca por meio de sua música toda inquietação da juventude, trazendo à tona temáticas como sonhos, brevidade da vida e emoções diversas, abordando tudo o que não se vê mas se sente, misturando sonoridades e letras vezes melancólicas, vezes nostálgicas.

Hoje a cantora lança "A Dança" seu terceiro single em todos os streamings, uma música que fala sobre a vulnerabilidade de existir em meio ao caos e sobre encarar a jornada da vida como se esta fosse uma coreografia a ser desenvolvida. Além do single entra no ar o videoclipe que pode ser conferido no canal  YouTube Sterce.

Artista independente, Sterce contou ao Falando em Sol sobre sua história e os desafios encontrados ao longo de sua carreira.

(Tatiana Valente)

F.S- Como surgiu seu interesse pela música?

Foi um processo muito natural, eu acho. Desde mais nova, meu pai me colocou em contato com músicas que ele escutava quando era jovem - talvez isso tenha peso significativo no rumo que tomei. Depois, já pré-adolescente, comecei a ter curiosidade em explorar diferentes gêneros e artistas; foi quando comecei a me interessar por composições e passei a escrever letras de música; o que foi provavelmente meu primeiro passo nesse universo. Nessa época, ganhei um ukulele e o teclado que era do meu pai desde os anos 90, e comecei a tocar um pouco. Fora isso, estava em um círculo de amizade onde muitos amigos tocavam instrumentos, e eles acabaram me influenciando a querer me aprofundar na música também. Foi tudo um conjunto muito bem amarrado que me fez ir começando a criar, e em 2020, no período de pandemia, comecei a compor melodias e decidi levar tudo isso mais a sério.

F.S-  Quais suas referências?

Acho que o mais importante pra mim, é consumir vários gêneros e criar um bom repertório. Mesmo que você não crie uma música em um gênero específico, pode usar elementos dele pra compor sua própria estética, e é o que quero explorar cada vez mais nas minhas faixas. No geral, gosto muito de post-punk, synthwave, dreampop, indie, rock….Mas também bossa-nova, MPB, jazz, e por aí vai (risos).

F.S- Como nasceu "A Dança”?

Quase sempre, começo uma música pela letra, e depois vem a melodia, e em ‘A Dança’ não foi diferente. A letra dela veio em um momento onde comecei a questionar a instabilidade, das pessoas, das coisas, a minha própria. Queria mostrar, de algum jeito, um contraste entre emoções internas e o externo que nos cerca. Então, veio a ideia dos pés descalços, da vulnerabilidade, e de uma dança pra representar todas essas relações. E depois procurei criar um instrumental forte, que contrapusesse a melodia mais tranquila da voz, entrelaçando mais uma vez a temática que queria trazer de contrastes, variações. Daí passei uma guia da faixa pro meu amigo e produtor, e ele materializou essa pulsão de forma ainda mais potente.

F.S - O que é dançar pra você?

R.: Embora eu não entenda muito sobre termos técnicos risos, pra mim a dança é um meio de expressão em seu viés mais puro. Não tem nada mais honesto do que mover todas as partes de você em prol de um sentido maior, onde você não tem outra opção a não ser dar espaço para sua própria vulnerabilidade em frente aos outros e a si mesmo. É preciso sinceridade e coragem, já que se expor pode ser extremamente desafiador. As vezes as pessoas têm vergonha também.

Englobando tudo isso, existe também a coreografia, que na letra, por exemplo, representa ambos os lados de uma dança; aquilo que te guia, mas também aquilo que te cerca. Resta pra cada um executar seus passos dentro de suas limitâncias e liberdades.

F.S - Quais os desafios de ser uma artista independente?

 Além de desafios logísticos, como verba e distribuição/promoção, acho que também precisa ter uma extra-força-de-vontade, que pode ser difícil manter frente ao fato de que basicamente tudo depende de você para se encaminhar ou não. Desde a concepção das músicas, indo então pra direção de arte, fotos, e a divulgação em si (pra mim, talvez a fase mais desafiadora)… São muitas etapas, e é natural ter idas e vindas em um processo como esse. Acho que por isso a rede de apoio na cena independente se torna tão importante. Fico muito grata porque sempre tive incentivo e ajuda de amigos, colegas e outros artistas, que compraram esse projeto comigo e me ajudaram a dar passos mesmo quando eu tendia a postergar; isso foi essencial pra mim durante o processo.

F.S- Como foi a gravação do videoclipe?

Eu amei do começo ao fim! Foram dois dias, e envolveu bem mais pessoas do que imaginei que conseguiria alcançar nesse projeto. Foram todos essenciais para trazer toda a ambiência que eu e o produtor estávamos buscando, desde a iluminação, styling, etc. Convidei uma amiga minha para participar como a bailarina que iria representar toda a temática da música, e ela foi perfeita pro papel. Pra mim, o começo foi um pouco difícil, nunca tinha ficado em frente a uma câmera e equipe daquele jeito, então tava um pouco travada (risos) mas com o passar do tempo, fui me acostumando e entrando mais na interpretação. Obviamente ainda tenho muito a melhorar, e fico ansiosa demais pra essas outras oportunidades. Super corrido, desafiador, e divertido.